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Por razões que não gostaria, Espanha é uma das protagonistas da cúpula do G20

Por Da Redação
15 jun 2012, 21h02

Paco G. Paz.

Madri, 15 jun (EFE).- A Espanha participará da próxima cúpula do G20 novamente como convidada privilegiada, mas desta vez seu papel de protagonista se deve a motivos menos desejáveis: a recessão econômica vivida pelo país e a grave crise de seus bancos.

O governo espanhol irá à reunião do influente clube do G20, em Los Cabos (México), com uma porta aberta para a esperança, graças à promessa da Europa de fazer uma injeção de capital em massa, de até 100 bilhões de euros, nas instituições financeiras mais abaladas.

Segundo dados do FMI, o déficit de capital dos bancos – devido em grande parte à sua excessiva exposição no setor imobiliário – pode ser de 40 bilhões de euros a 80 bilhões de euros. Somente para o resgate de uma entidade, o Bankia, será preciso investir uma quantia equivalente a 2% do PIB. Agora, graças à ajuda europeia, o dinheiro não sairá dos cofres do Estado, mas de fundos europeus.

A proximidade da cúpula, que começará na próxima segunda-feira, deixa pouco espaço para analisar o impacto desta linha de crédito aprovada no sábado pelo Eurogrupo, embora a falta de detalhes concretos tenha provocado um frio recebimento por parte dos mercados.

Os membros do G20 – grupo formado pelos países industrializados do G7, mais 12 nações emergentes e a União Europeia – são cientes de que a recessão que a Espanha vive, como a da Itália, são apenas elos da grave crise de dívida soberana que afeta a Europa, e que tem epicentro na Grécia.

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Alguns analistas pensam, além disso, que parte da culpa é da Alemanha e sua obsessão pela austeridade fiscal, que levou a chanceler Angela Merkel a sofrer um ‘isolamento político sem precedentes’ entre as nações desenvolvidas, como opina Domenico Lombardi, analista de Economia Internacional da Brookings Institution, em Washington.

Esta política fez com que os governos da zona do euro aplicassem cortes nas despesas ‘sem levar em conta as necessidades de seus países, e o que é pior, sem nenhum resultado’, explicou Lombardi em artigo publicado nesta semana.

Como argumento, ele alega que o peso da dívida no PIB europeu aumentará em 3 pontos percentuais entre 2011 e 2013 pelo simples motivo de que não há crescimento econômico.

A Espanha, como a Itália, é um claro exemplo deste circulo vicioso, com uma contração da economia que será de mais de 2% em ambos os casos, segundo o Fundo Monetário Internacional. O país foi um dos mais aplicados na austeridade fiscal, devido ao compromisso do governo de encerrar o ano com um déficit de 5,8% e chegar a 2013 com a improvável meta de 3%.

No entanto, as perspectivas de crescimento econômico e emprego não ajudam. Para este ano, o governo prevê uma contração econômica de 1,7%, e a taxa de desemprego superou no primeiro trimestre a casa de 24%, com um total de 5,6 milhões de desempregados.

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Com este cenário de sua economia e com um setor financeiro em terapia intensiva, o governo de Mariano Rajoy chega ao G20 com a esperança não admitida, segundo analistas, de que a comunidade internacional convencerá a Alemanha a aliviar o peso das despesas. Esta é, pelo menos, a postura que os Estados Unidos e muitos países emergentes deverão apresentar.

‘Quando os líderes do G20 se reunirem em Los Cabos, devem aumentar a pressão sobre a Alemanha para que a Europa possa responder de maneira coordenada à ameaça de desaparecimento da moeda única’, afirmou Lombardi.

A pressão não é gratuita, opinam outros analistas, já que as economias de muitos países emergentes dependem que haja crescimento na Europa, entre eles o México, anfitrião da cúpula.

Ninguém espera que a Espanha veja resolvidos seus problemas na cúpula, mas sim que a Alemanha se veja forçada a mudar sua postura em assuntos-chave, o que ajudaria os países periféricos a sair da crise. Assim, o G20 pode fazer uma recomendação para que a Europa chegue a um acordo para a emissão de eurobônus, tendo em vista o avanço rumo a uma união fiscal e bancária, com um único fundo de garantia de depósitos, e para que novamente sejam adotadas medidas de estímulo ao crescimento. EFE

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