Santo Domingo, 10 jan (EFE).- O Haiti culpa o lento processo de reconstrução após o brutal terremoto que há dois anos desolou o país, onde mais de 500 mil pessoas permanecem em casas improvisadas, ao atraso da comunidade internacional que só entregou 43% dos US$ 4,6 bilhões prometidos em doações.
A organização internacional Oxfam denunciou, em relatório apresentado nesta terça-feira, que a população continua enfrentando ‘problemas graves’ para ter acesso aos serviços básicos, e lamentou o fato de as promessas não estarem sendo cumpridas.
‘O aniversário de dois anos do terremoto deve ser um chamado a ação. Apesar da aparente lentidão da reconstrução, esta é uma oportunidade para que a elite política e econômica do Haiti faça frente à pobreza crônica e a desigualdade que assolou o país durante décadas’, diz a porta-voz da Oxfam, Lourdes Benavides em seu relatório.
A organização pediu ao Governo haitiano realocar os mais de 500 mil refugiados e considerou essencial que os doadores cumpram sua parte.
Com 70% do orçamento do Governo do país dependendo da ajuda extra, ‘o apoio dos doadores é vital para que o novo executivo cumpra sua promessa de abordar os problemas mais urgentes’, afirmou a Oxfam em seu relatório ‘Haiti: O lento caminho rumo à reconstrução. Dois anos depois do terremoto’.
A Oxfam solicitou às autoridades haitianas que assumam um ‘forte papel’ de liderança e elaborem uma política global de reassentamento para os desabrigados com calendário claro e pediu maior cooperação com a sociedade civil no planejamento e gestão neste processo para garantir que suas necessidades prioritárias sejam cumpridas.
‘O Haiti deve andar para frente e não para trás’, disse Benavides ao reconhecer que nos últimos 24 meses houve alguns avanços na reconstrução, entre os quais citou a retirada de 5 milhões de metros cúbicos de escombros e a construção e reabilitação de mais de 430 quilômetros de estradas, infraestrutura vital para a recuperação econômica.
‘Apesar disso, a maioria da população continua sem água corrente, saneamento e acesso a um médico’, lamentou.
O documento também contempla o fato de que milhares de pessoas morreram devido à epidemia de cólera que afeta o país desde outubro de 2010 e que mais de 70% da mão-de-obra está desempregada ou terceirizada.
A organização concluiu, nesse sentido, que a Comissão Interina para a Reconstrução do Haiti conseguiu alguns progressos na coordenação de seus trabalhos, mas ainda foram poucas as conquistas orientadas para reforçar a capacidade do Governo em tomar decisões no longo prazo.
Em 12 de janeiro de 2010, um terremoto assolou a capital do Haiti, Porto Príncipe, e seus arredores, matando mais de 300 mil pessoas e deixando o mesmo número de feridos, cerca de 1,5 milhão de pessoas ficaram sem casa, segundo os números oficiais.
Depois do terremoto, um surto de cólera e o furacão ‘Tomás’ pioraram as já graves condições do país mais pobre do Ocidente. EFE