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Obama deveria pedir desculpas pela bomba de Hiroshima?

Lançar uma bomba contra uma cidade é um ato altamente condenável, mas um julgamento do que aconteceu não pode ignorar o momento histórico

Por Paula Pauli
26 Maio 2016, 18h16

Barack Obama se tornará o primeiro presidente americano em exercício a visitar a cidade de Hiroshima nesta sexta-feira, 27.

A ocasião histórica trouxe à tona a discussão sobre se Obama deve ou não formalizar um pedido desculpas ao Japão pela bomba atômica que os Estados Unidos lançaram contra o país em 1945, que matou 100 000 pessoas.

A questão, porém, apareceu principalmente na imprensa ocidental. Dentro do país nipônico, a controvérsia é ínfima. “Tóquio não espera e nem quer uma retratação de Obama. Se isso acontecer, é provável que eles ficassem surpresos”, diz a economista Yuki Tatsumi, especialista em Ásia do instituto de pesquisas Stimson, em Washington.

Ainda que lançar uma bomba, qualquer que seja ela, contra civis seja um ato condenável, uma análise do que aconteceu não pode ignorar os motivos históricos que levaram a isso.

A decisão partiu do presidente americano à época, Harry Truman. Seu principal objetivo era encerrar a II Guerra Mundial. Mesmo três meses após a capitulação da Alemanha nazista, o Japão, governado pelo imperador Hiroito, não pensava em se render.

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Tóquio e outras cidades já estavam sendo bombardeadas e mais de 300 000 já tinham morrido. Em uma ação contra a cidade, mais de 100 000 perderam a vida com as explosões e o incêndio que se seguiu. Ainda assim, o imperador persistia com a guerra.

O presidente americano também queria evitar uma invasão a qualquer custo. No plano para invadir a ilha do Japão, a Operação Down­fall (“Derrocada”, em inglês), calculava-se que as perdas americanas em uma invasão poderiam chegar a 1 milhão de vítimas. Truman imaginava que seriam meio milhão.

De Tóquio, as autoridades ameaçavam matar todos os prisioneiros americanos no caso de serem invadidos.

“Truman foi pragmático. Se ele tivesse invadido o Japão, o resultado teria sido pior. A guerra continuaria e haveria mais perdas, tanto do lado japonês, quanto do americano”, diz Marvin Ott, professor de estudos internacionais da Universidade Johns Hopkins, em Washington.

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A resistência do Japão em declarar a capitulação era tanta que só depois de uma segunda explosão, em Nagasaki, o imperador Hiroito mudou de ideia.

Quando ele finalmente decidiu se render, seus ministros e líderes militares começaram a chorar. Na noite de 14 de agosto, oito dias depois da primeira bomba atômica, alguns generais tentaram dar um golpe e impedir que ele falasse pelo rádio.

Quando sua voz foi transmitida pelo rádio, muitos japoneses choraram por ouvi-lo pela primeira vez. “O inimigo começou a usar uma nova e cruel bomba, com um poder de destruição ainda incalculável e capacidade de ceifar muitas vidas inocentes”, disse o imperador.

A II Guerra então chegava ao seu fim.

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