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O que os britânicos esperam da eleição?

Nem só de Brexit é feita a escolha dos eleitores no Reino Unido

Por Verônica Sesti, de Londres
Atualizado em 7 jun 2017, 21h25 - Publicado em 7 jun 2017, 20h57

As negociações do Brexit , a saída do Reino Unido da União Europeia, motivaram a antecipação das eleições britânicas, que acontecem nesta quinta-feira. Mas, com muitos eleitores cansados do assunto e preocupados com a frequência alarmante de ataques terroristas na Inglaterra, os britânicos se veem diante de uma grande variedade de tópicos nos quais deverão basear seu voto. Segurança, saúde publica, economia e os planos para redução do déficit público são alguns dos temas que estão no topo das preocupações dos eleitores. Outros assuntos como a nacionalização do sistema ferroviário, aposentadoria, custo da educação superior e a necessidade contratação de mais policiais também apareceram nos debates e discursos dos principais candidatos, a atual premiê Theresa May e o trabalhista Jeremy Corbyn.

Conheça o posicionamento e propostas políticas das duas grandes legendas quanto aos tópicos que mais influenciarão o voto dos britânicos:

Segurança e terrorismo

Após o terceiro atentado no Reino Unido este ano,  Theresa May foi acusada de comprometer a segurança do país por ter sido responsável por cortes  na policia nos últimos anos quando foi ministra do Interior. Opositores afirmam que a medida dificultou o trabalho da inteligência que, apesar de ter conhecimento prévio sobre a existência de ameaças em potencial,  não conseguiu detê-los.

No domingo, 4, May anunciou seus planos de contenção ao terrorismo. Implementando tolerância zero contra  qualquer tipo de ofensa relacionada ao extremismo, a primeira ministra disse que dará mais poder às autoridades envolvidas no combate ao terrorismo e que criará uma nova comissão com o objetivo de identificar e expor o extremismo. Ela também convocou esforços internacionais para regularizar o espaço cibernético, onde ocorre a propagação destes ideais de ódio. O manifesto conservador promete manter o país na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), onde  May almeja assumir um papel de maior liderança.

Jeremy Corbyn, por sua vez, gastou grande parte de sua campanha respondendo e negando acusações sobre sua suposta tolerância ao terrorismo. O trabalhista é acusado de ter mantido relações amistosas no passado com o grupo terrorista irlandês IRA, responsável por ataques na década de 1980. Historicamente, ele se opôs a diversas práticas da guerra ao terror – como intervenções militares e ações contra indivíduos suspeitos quando não há provas suficientes para processá-los. Ele relaciona a ação militar britânica em países como o Afeganistão, o Iraque e a Líbia aos ataques terroristas no Reino Unido.

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Corbyn planeja recrutar mais 1.000 funcionários para as agências de inteligência, 500 guardas de fronteira e 10.000 policiais, mas afirmou que o uso de poderes de investigação deverá ser supervisionado pela Justiça.

Imigração

Enquanto os conservadores deixaram claro que diminuir e limitar a imigração é uma de suas grandes prioridades, os trabalhistas estão divididos. A base eleitoral de Corbyn é contrastante: de um lado estão seus apoiadores das grandes cidades, que gostariam de permanecer na União Europeia e que não veem a imigração como um problema. De outro, o eleitorado das pequenas cidades, trabalhadores mais simples nas fábricas e no campo, que acusam os estrangeiros de roubarem seu espaço e empregos.

May pretende sair do acordo de livre circulação de pessoas, dar asilo para um número menor de refugiados e diminuir a imigração anual no país de centenas de milhares para dezenas de milhares. Os trabalhadores estão comprometidos com a manutenção do manter o espirito de obrigação moral e esperam admitir um número considerável de refugiados no futuro.

Economia

O governo eleito na quinta-feira planejará acordos com outras nações e o futuro da economia britânica fora da União Europeia. Os conservadores propõem a saída do mercado comum. Eles darão prioridade para negócios com os Estados Unidos e também procurarão relações especiais com suas demais ex-colônias como a Índia, a Austrália e o Canadá. Em seu manifesto, May promete ainda restaurar as finanças públicas e equilibrar o orçamento até o meio da próxima década. Por último, quer lançar um novo fundo de investimento nacional de 23 bilhões de libras.

Durante a campanha, não ficou claro como os trabalhistas pretendem negociar o comércio com o bloco europeu. Oficialmente, porém, Corbyn se compromete a eliminar o déficit do governo dentro de cinco anos, criar um novo banco de investimento nacional para preencher as lacunas existentes nos empréstimos concedidos por bancos privados e balancear os gastos do governo com a arrecadação de impostos. Entre suas propostas mais polêmicas e impopulares está a estatização das empresas ferroviárias, vista como uma medida extremamente antiga pelos europeus, que temem uma reação ruim do mercado.

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Saúde

Desde sua criação, em 1948, o Serviço Nacional de Saúde (NHS) é um dos principais motivos de orgulho do Reino Unido. Considerado um dos melhores sistemas de saúde publica do mundo, ele passa por maus bocados devido aos cortes de investimento e, supostamente, ao grande número de pacientes nacionais e internacionais que recebem tratamento gratuitamente no país.

Se reeleita, May promete criar mais clinicas e hospitais especializados em tratamentos de saúde mental e cobrar o tratamento de pessoas que residem no exterior, além de investir ao menos 8 bilhões de libras no sistema ao longo dos próximos cinco anos.  A proposta é humilde comparada aos 30 bilhões de libras em investimentos na área que seu adversário propõe. O trabalhista pretende tirar 1 milhão de pessoas das lista de espera do NHS em apenas 18 semanas.  Não está claro de onde Corbyn conseguiria tanto dinheiro.

Educação

Como parte da estratégia para atrair um maior número de eleitores jovens, Corbyn focou principalmente em sua proposta de tornar a educação universitária gratuita no país. O trabalhista planeja também dar mais benefícios e apoio financeiro para estudantes com baixa fonte de renda e oferecer refeições gratuitas para todos os estudantes de escolas públicas.

Já os conservadores prometem construir 100 novas escolas por ano, convidar instituições privadas de ensino para administras escolas públicas e propõe um investimento de apenas 4 bilhões de libras em educação até  2022. Uma da suas medidas mais impopulares foi substituir o almoço gratuito nas escolas primárias por café da manhã.

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