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‘O mundo precisa fazer alguma coisa’, diz vítima do Boko Haram

Jovem escapou do grupo extremista pulando de um caminhão em movimento após o sequestro de 276 garotas de uma escola de Chibok, na Nigéria, em 2014

Por Meire Kusumoto, de Dubai
18 mar 2017, 12h42

Em abril de 2014, 276 garotas foram sequestradas de uma escola em Chibok, na Nigéria, pelo Boko Haram. Neste sábado, uma das mais de cinquenta jovens que conseguiram escapar do grupo extremista logo após o sequestro fez um apelo à comunidade internacional, lembrando que quase 200 meninas ainda estão desaparecidas. “Como vocês se sentiriam se sua esposa ou sua filha tivessem sumido? É doloroso, sinto muita falta delas. O mundo precisa fazer alguma coisa. Uma ou duas pessoas não são capazes de mudar nada. Precisamos do mundo unido para trazê-las de volta”, disse Sa’a, cujo nome verdadeiro não foi divulgado para sua segurança, no Global Education & Skills Forum, conferência sobre educação que acontece em Dubai neste fim de semana.

Sa’a relembrou o sequestro, afirmando que ela e as colegas estavam fazendo suas últimas provas na escola. “Liguei para o meu pai do meu celular e ele me disse para rezar e esperar um dos professores dar orientações”, disse. “Os homens estavam com roupas de militares, então não pensamos que eram do Boko Haram. Mas logo eles começaram a atirar. Achei que ia morrer.”

Enquanto era levada pelo grupo junto com várias meninas, Sa’a conseguiu escapar, pulando de um caminhão em movimento no meio da mata. Ela fugiu junto com uma amiga, que quebrou a perna e não conseguia se locomover. “Esperamos o dia nascer para procurar ajuda. A minha amiga chorou a noite inteira”, contou. Ela afirma que, depois de voltar, ficou sem sair de casa, com medo do que poderia lhe acontecer.

Em outubro de 2016, 21 garotas foram libertadas após negociações com o Boko Haram facilitadas pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha e pelo governo da Suíça. “Fiquei feliz por elas, mas, ao mesmo tempo, triste porque foram apenas 21”, disse Sa’a. “Elas estavam diferentes, algumas voltaram com bebês. Fiquei pensando: ‘E se eu não tivesse conseguido escapar?’.”

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Sa’a, que participou do evento usando óculos escuros para não ser facilmente identificada, começou a fazer faculdade neste ano nos Estados Unidos, amparada por um projeto chamado Education Must Continue. A jovem contou que quer seguir a carreira de médica. “Quero ser uma inspiração e ajudar outras meninas. Toda criança precisa ser educada, merece ir para a escola.”

A conferência também recebeu outra garota que foi afetada pela ação do Boko Haram na Nigéria, que se apresentou com o nome de Rachel. Ela contou que seu pai e seus três irmãos mais novos foram mortos pelo grupo extremista. “Fico muito desconfortável com tudo o que vivi, ter visto corpos, pessoas machucadas”, disse. “Por um tempo, não tinha para quem contar a minha história. Eu queria contar ao mundo sobre a minha experiência.”

 

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