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O futuro do Brexit

Sem maioria absoluta no Parlamento, Theresa May perde força para negociar uma saída dura do bloco europeu e terá de fazer concessões

Por Verônica Sesti, de Londres
9 jun 2017, 17h07

A 10 dias do inicio das negociações com os sócios europeus, a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, se vê cada vez mais distante do Brexit de seus sonhos. Com um governo dividido e a estabilidade política em jogo, a premiê precisa apressar sua aproximação com o Partido Unionista Democrático (DUP, na sigla em inglês) da Irlanda do Norte, e estabelecer o quanto antes alianças de apoio em seu governo.

Nas eleições desta quinta-feira, a legenda de May conquistou 318 assentos no Parlamento, aquém da maioria de 326 necessária para garantir a governabilidade. Os conservadores apostam sua única e última esperança no DUP,  partido que tem visões próximas quanto à saída do bloco europeu. Com as 10 cadeiras conquistadas pelo partido irlandês, uma aliança seria a chave para a aprovação de qualquer medida dos conservadores, tanto no divórcio com a Europa, quanto na implementação de políticas domésticas.

Apesar de seu posicionamento pró-Brexit, no entanto, o DUP se opõe ao fechamento de fronteiras com sua vizinha, República da Irlanda e promete manter aberta a movimentação dentro do país. Tais medidas vão contra uma das principais propostas do Brexit dos conservadores, que pretendiam dar fim a livre circulação de pessoas na Europa. Assim, May e seu partido terão de dar o braço a torcer desde cedo em troca de apoio. Os conservadores estão nas mãos dos irlandeses e isso ainda há de custar caro para a premiê.

“Há um mês, os conservadores tinham maioria absoluta no parlamento, mas para May isso não foi o bastante. Os conservadores não têm mais a menor chance de prosseguir com seus planos do Brexit em seus próprios termos, terão de negociar com a DUP primeiro e há enormes chances de um bloqueio da oposição”,  afirma o britânico John-Paul Salter, professor na King’s College London.

Troca de comando

Especulações apontam inclusive para uma possível substituição na liderança do partido em um futuro breve. “Os Tories devem estar furiosos com May, afinal foi uma escolha dela adiantar estas eleições”, diz Salter. Na manhã desta sexta-feira, adversários e ex-colegas pediram a renúncia da primeira-ministra, enquanto diversos especialistas anunciaram a possibilidade de novas eleições antes do final do ano.

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“Eu não vejo esse governo indo muito adiante. Se May não renunciar ela permanecerá no cargo sem eficácia nenhuma. Não há como um governo se manter com uma maioria tão pequena. Acredito que até o final do ano teremos novas eleições, e duvido muito que May continue na liderança dos conservadores até lá”, disse o cientista politico britânico Adrian Pabst, professor da Universidade de Kent.

Repercussão

Os impasses sobre o novo governo geraram dúvidas sobre as negociações do Brexit. Além da possibilidade de um acordo menos rígido, a manutenção da data marcada para o início das negociações provocou questionamentos. Entretanto, membros da União Europeia afirmaram que não permitirão atraso na saída do bloco, prevista para 2019. No Twitter, diversas personalidades políticas comentaram o episódio.

“Nós não sabemos quando as negociações do Brexit vão começar, mas sabemos quando elas devem terminar. Façam o possível para evitar uma negociação ‘sem acordo’ como resultado de negociações que simplesmente não ocorreram”, escreveu Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, em seu perfil no Twitter.

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Guy Verhofstadt, representante do parlamento europeu no Brexit, afirmou a necessidade de um governo estável nos diálogos que estão por vir e afirmou esperar “que o Reino Unido consiga logo um governo estável para que as negociações sejam iniciadas – não somente pelo futuro do país, mas de toda a Europa”.

“Precisamos de um governo que consiga agir. Com um parceiro fraco nas negociações, há um grande perigo de resultados ruins para ambas as partes”, disse Günther Oettinger, da Comissão Europeia.

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