Moscou, 12 jun (EFE).- Cerca de 100 mil pessoas abarrotaram a central Avenida Sájarov de Moscou nesta terça-feira em um protesto contra o regime do presidente russo Vladimir Putin, segundo pôde comprovar a Agência Efe.
No entanto, segundo o Ministério do Interior russo, a chamada Marcha dos Milhões reuniu aproximadamente 18 mil manifestantes.
Os opositores reunidos formavam uma faixa de pelo menos um quilômetro de extensão pela ampla avenida, que era rodeada por um grande contingente policial e por equipes de emergência.
Para chegar ao lugar do comício, no mesmo local onde ocorreu a grande manifestação para denunciar as fraudes nas eleições parlamentares em dezembro, os manifestantes precisavam atravessar cinco cordões policiais, incluindo detectores de metais.
O líder opositor Sergei Udaltsov, que liderou a manifestação e deveria ter comparecido ao Comitê de Instrução (CI) russo nesta terça para dar declarações sobre a violenta manifestação do último dia 6 de maio, foi um dos primeiros a discursar no comício.
Coordenador do movimento Frente de Esquerda, Udaltsov sugeriu a realização de outro grande protesto no próximo dia 7 de outubro, além de ‘reuniões populares indefinidas’ para exigir a libertação das 13 pessoas que foram detidas após a manifestação do último mês.
O deputado da social-democrata Rússia Justa (RJ), Ilya Ponomariov, propôs a formação de um órgão único de direção para articular as exigências e as ações da oposição.
‘Temos que votar todos juntos pela criação de um órgão único de direção (…) capaz de levar adiante um programa para todo o país’, manifestou Ponomariov.
Já o também social-democrata Gennady Gudkov exigiu a renúncia da Comissão Eleitoral Central (CEC) e a convocação de novas eleições, parlamentares e presidenciais.
‘Seguiremos saindo às ruas até que estas exigências sejam cumpridas. Se nos tirarmos da rua, com prisões e multas, iniciaremos ações de desobediência civil por todo o país’, advertiu Gudkov.
Outros líderes da oposição não parlamentar, como Ilya Yashin, Kseniya Sobchak e Alexei Navalni, não discursaram no comício porque tiveram que comparecer ao CI para também prestar declarações sobre a manifestação realizada no início de maio.
Ontem, as autoridades compareceram as residências de Udaltsov, Sobchak, Yáshin e Navalni e confiscaram dinheiro (mais de um milhão de euros, segundo as autoridades), computadores e suportes com informação, entre outras coisas.
Os opositores foram às ruas nesta terça sem temer a polêmica lei de comícios, que, por sua vez, entrou em vigor no último domingo. Essa nova lei endurece as sanções para os que descumprirem as normas que regem a realização de atos públicos na capital russa.
O social-democrata Gennady Gudkov aproveitou a ocasião para criticar esta norma diante de todos os manifestantes.
‘Temos direito de nos reunir livremente e dizer às autoridades aquilo que consideramos necessário’, proclamou.
O comício deverá ser encerrado às 11h (horário de Brasília), enquanto a nova lei estipula, sob pena de multa, que o número de manifestantes não deve superar os 50 mil. EFE