Lech Walesa, herói da luta contra o comunismo, é acusado de ter sido informante do regime que combatia
Citando documentos guardados por antigo ministro comunista, chefe do Instituto da Memória Nacional da Polônia diz que ex-presidente colaborou com o serviço secreto entre 1970 e 1976 em troca de dinheiro. Walesa nega
O ex-presidente polonês Lech Walesa foi espião da polícia nos anos 70, afirmou nesta quinta-feira o diretor do Instituto da Memória Nacional da Polônia, Lukasz Kaminski, citando documentos apreendidos com a família do último ministro de Interior do regime comunista, Czeslaw Kiszczak. Walesa, prêmio Nobel da Paz de 1983, desmentiu a acusação em seu blog e disse que vai provar sua versão na Justiça.
Kaminski afirmou que os relatórios em poder de Kiszczak são autênticos e mostram que o ex-presidente foi informante dos serviços secretos poloneses entre 1970 e 1976 sob o pseudônimo de “Bolek”, em troca de dinheiro. O diretor do Instituto da Memória Nacional, uma instituição pública encarregada de investigar os crimes cometidos durante o período de ocupação nazista e no regime comunista, disse que um dos documentos contém a assinatura de Lech Walesa, além da confirmação de um pagamento.
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Walesa, herói da luta contra o comunismo na Polônia, admitiu no passado que assinou, segundo ele sob pressão, um compromisso para se transformar em informante dos serviços secretos, mas insistiu que nunca atuou como tal nem recebeu dinheiro. Os arquivos divulgados, relatórios dos serviços secretos elaborados nos anos 70, foram oferecidos ao Instituto da Memória Nacional pela viúva de Kiszczak.
A primeira vez que Walesa, líder do lendário sindicato Solidariedade, enfrentou acusações públicas de espionagem para o regime comunista foi em 1992, quando Antoni Macierewicz, então ministro do Interior e atual ministro da Defesa, divulgou uma lista de 66 oficiais do alto escalão que teriam colaborado com o serviço secreto comunista, entre eles Lech Walesa, então presidente da Polônia. Em 2000, Walesa foi inocentado das acusações. À época, Walesa alegou que os documentos que levaram à sua acusação foram falsificados em uma tentativa de arruinar sua reputação.
Lech Walesa, que tem 72 anos, desmentiu rapidamente a nova acusação em seu blog: “Não pode haver documentos implicando a mim, vou demonstrar isso perante a Justiça”. O ex-presidente havia aberto um processo por difamação contra os que o acusavam de colaboração com os serviços comunistas, particularmente em 2009 contra o presidente Lech Kaczynski, falecido em um acidente de avião em abril de 2010. Após a morte do presidente, Walesa retirou o processo.
(Da redação)