Julgamento de Mubarak será retomado no dia 17 de janeiro
Na última audiência, a promotoria egípcia pediu a pena de morte para o ditador
O juiz encarregado do processo contra o ditador egípcio Hosni Mubarak adiou nesta terça-feira o julgamento do dia 9 para o próximo dia 17 de janeiro. Na última sessão, os advogados de acusação pediram a pena de morte para os processados, sustentando que o assassinato de manifestantes foi premeditado. Mubarak, de 83 anos, está sendo processado junto com o ex-ministro do Interior Habib Al Adli e seis de seus assessores por seu suposto envolvimento na morte de centenas de manifestantes que saíram às ruas para pedir sua renúncia, que ocorreu em 11 de fevereiro.
Entenda o caso
- • Na onda da Primavera Árabe, que teve início na Tunísia, egípcios iniciaram, em janeiro, sua série de protestos exigindo a saída do então presidente Hosni Mubarak.
- • Durante as manifestações, mais de 800 rebeldes morreram em choques com as forças de segurança de Mubarak que, junto a seus filhos, é acusado de abuso de poder e de premeditar essas mortes.
- • Após 18 dias de levante popular, em 11 de fevereiro, o ditador cede à pressão e renuncia ao cargo, deixando Cairo.
- • No lugar dele, assumiu a Junta Militar que segue governando o Egito até o fim do processo eleitoral.
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Um dos advogados das vítimas, Ashraf Atwa, explica que foi argumentado que Mubarak estava ciente dos crimes cometidos nas praças do Egito e não adotou nenhuma medida para freá-lo. Neste sentido, os representantes das vítimas argumentaram que todos sabiam onde os manifestantes se reuniam e seus motivos, razão pela qual os crimes perpetrados contra eles não foram uma casualidade, mas premeditados, segundo relatou Atwa. Os advogados também mencionaram o depoimento do ex-ministro do Interior Mansour al-Esawi, nomeado após a revolução de 25 de janeiro de 2011, que afirmou que a ordem de disparar contra os manifestantes tinha que ser tomada pelo presidente do país e supervisionada pelo titular desse ministério.
Repressão – Na audiência, a última dedicada aos advogados das vítimas, também foi denunciado que foram entregues aos policiais armas de fogo para atacar os manifestantes e franco-atiradores foram posicionados nos telhados dos edifícios próximos a praças como Tahrir. As forças de segurança dispararam contra os manifestantes em áreas vitais do corpo com a intenção de causar sua morte e, além disso, alguns agentes à paisana se infiltraram entre os participantes dos protestos para agredi-los, de acordo com o depoimento dos defensores. Tudo isso implica Mubarak e Al Adli e, segundo Atwa, torna necessária a aplicação da pena de morte aos acusados, como já pediu a Procuradoria egípcia na semana passada.
Além deste caso, o ex-presidente é julgado por crime de corrupção, pelo qual também estão sendo processados seus filhos, Gamal e Alaa, e o empresário egípcio Hussein Salem, detido na Espanha. Quanto a Gamal, os advogados das vítimas solicitaram que seja incluído no processo pelo assassinato de manifestantes e exigiram a recuperação de aproximadamente 75 toneladas de ouro que o filho mais novo de Mubarak enviou ao exterior. Neste julgamento, batizado no Egito como o “processo do século”, está previsto que até 16 de fevereiro sejam escutados os advogados da defesa, antes de a sentença ser ditada.
(Com agência EFE)