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Israel transforma colheita da azeitona palestina em sofrimento

Por Da Redação
14 nov 2011, 09h04

Ana Cárdenes.

Bilin (Cisjordânia), 14 nov (EFE).- Há tempos a colheita da azeitona deixou de ser uma época alegre nos territórios palestinos: o muro que impede os agricultores de terem acesso a suas terras, os ataques de colonos judeus e a destruição de oliveiras transformam a coleta em um momento de tristeza a cada ano.

A oliveira para os palestinos é muito mais do que uma fonte de renda, é um símbolo de sua ligação com a terra e uma parte fundamental de sua cultura, já que o azeite de oliva nunca falta na mesa.

Quase metade do território palestino cultivado é ocupado por oliveiras, de cujos frutos vivem cerca de cem mil famílias, que enfrentam uma verdadeira corrida de obstáculos para realizar a colheita.

O muro construído por Israel na Cisjordânia impede a passagem de centenas de palestinos a suas terras e os deixa à mercê dos colonos judeus que arrancaram, cortaram e queimaram 7.500 oliveiras entre janeiro e setembro de 2011, segundo dados das Nações Unidas. Em 91% dos casos denunciados, ninguém foi acusado.

O Exército israelense nega a milhares de palestinos a permissão para entrar em suas terras por ‘motivos de segurança’, e os impede de regar, cuidar e podar suas árvores. Os que têm mais sorte nestas datas conseguem colher as azeitonas por alguns poucos dias.

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É o caso de Omar Khatib, da localidade de Bilin, próxima ao assentamento ultraortodoxo de Modiin Illit, que há poucos dias esperou mais de cinco horas para que um soldado abrisse a porta do muro que o separa de suas terras.

‘A terra era do meu pai. Temos centenas de oliveiras e somos 16 herdeiros, cada um com cerca de dez filhos. Somos mais de 200 pessoas para cultivar, mas só nos deixaram entrar em grupos de três ou quatros e apenas durante algumas horas’, detalhou à Agência Efe.

Segundo o Ministério da Economia palestino, desde que começou a ocupação em 1967, Israel destruiu mais de 800 mil oliveiras, o que implica uma perda anual de US$ 55 milhões.

‘Queimar uma oliveira é como queimar a conta bancária de um agricultor’, afirmou Jeremy Hobbs, diretor da organização não governamental Oxfam, que calcula que a destruição de árvores diminuirá neste ano a renda dos palestinos em US$ 500 mil.

Uma vez cultivada a azeitona, os agricultores enfrentam outro problema: fazer o azeite chegar às lojas, para o que precisam superar vários dos mais de 500 postos de controle militares na Cisjordânia.

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Na Faixa de Gaza, os agricultores palestinos não podem retirar o produto do território nem cultivar nas regiões situadas a menos de um quilômetro e meio da fronteira com Israel.

Todos os anos, a ONG Rabinos pelos Direitos Humanos organiza brigadas de voluntários israelenses e estrangeiros que ajudam os palestinos no cultivo das azeitonas.

‘Viemos, além da ajuda, por outros dois motivos: como símbolo de nossa identificação com os agricultores e para que saibam que os apoiamos, que nem todos os israelenses são iguais’, declarou do outro lado do muro Kobi Weiss, rabino ortodoxo, acompanhado de alguns voluntários.

Weiss apontou as oliveiras situadas entre o muro e o assentamento, em território controlado ilegalmente por Israel e alertou com tristeza que ‘no próximo ano talvez não haja aqui nenhuma árvore’.

Procurado pela Efe, o Escritório de Coordenação Civil do Exército israelense respondeu que ‘a colheita da azeitona foi mais curta neste ano por muitas razões, como para garantir a segurança dos agricultores e reduzir os pontos e ocasiões de conflitos’. EFE

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