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Irmandade Muçulmana contra símbolo da era Mubarak no 2º turno egípcio

Por Por Céline Cornu e Inès Bel Aiba
25 Maio 2012, 18h18

O segundo turno da eleição presidencial egípcia deverá opor o candidato da Irmandade Muçulmana, Mohammed Morsi, ao símbolo do regime do presidente deposto Hosni Mubarak, Ahmad Shafiq, segundo os resultados anunciados nesta sexta-feira pela poderosa irmandade.

A Irmandade indicou nesta sexta-feira à noite que havia tido acesso a “números completos” do primeiro turno, e que está “absolutamente claro” que os dois disputarão o segundo, que será realizado nos dias 16 e 17 de junho.

A informação não foi confirmada pela Comissão Eleitoral, que deve anunciar os resultados oficiais a partir de domingo.

Essam el-Erian, membro da Irmandade Muçulmana, atacou Shafiq nesta sexta à noite, afirmando que sua eleição colocará “a nação em perigo”.

Ele pediu aos candidatos derrotados no primeiro turno que dialoguem com a Irmandade para “salvar a revolução”, referindo-se à queda do governo de Mubarak em fevereiro de 2011.

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Os sites de vários jornais também davam no início da noite Morsi e Shafiq na frente no primeiro turno em uma disputa apertada .

O jornal independente Al-Masry al-Yom atribuía a ambos respectivamente 24,9% e 24,5% dos votos, seguidos do candidato nacionalista árabe Hamdeen Sabbahi, com 21,1%, com base em resultados quase definitivos obtidos nos centros de votação.

Dois candidatos que estavam entre os favoritos, o ex-chefe da Liga Árabe Amr Mussa, e o islamita moderado Abdel Moneim Abul Futuh, reconheceram a derrota no primeiro turno. Abul Futuh manifestou a sua oposição a Shafiq.

Considerado “o candidato substituto” da Irmandade Muçulmana, após o veto pela comissão eleitoral de sua primeira opção, Khairat al-Chater, Morsi tem se beneficiado da máquina eleitoral e da base militante da poderosa irmandade.

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A Irmandade, oficialmente proibida há mais de 50 anos no Egito e pesadelo do regime de Mubarak, já havia vencido as eleições legislativas de janeiro.

Ahmad Shafiq, por sua vez, centrou a campanha na segurança e estabilidade, com o objetivo de reunir os egípcios frustrados com a agitação política e a deterioração da situação econômica desde o levante popular que derrubou Mubarak, em plena Primavera Árabe.

Morsi e Shafiq são os candidatos menos consensuais entre as 12 personalidades que disputam à presidência do país mais populoso do mundo árabe.

O ex-primeiro-ministro é odiado pelos partidários da “revolução”, para quem sua eventual vitória significaria a morte de seus ideais.

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O ex-comandante do Estado-Maior da Força Aérea é considerado por muitos como o candidato do antigo regime e dos militares, no poder desde a queda do “rais”.

Os críticos de Morsi o consideram como um fantoche da Irmandade, além de possuir uma visão islâmica muito conservadora em detrimento dos interesses nacionais.

Depois de décadas de eleições forjadas, esta é a primeira vez que os egípcios escolhem livremente o seu chefe de Estado.

“É um sentimento de alegria e orgulho. Independente do resultado, os egípcios estão muito orgulhosos por terem realizado suas primeiras eleições livres e justas”, disse Ahmed Helmy, pediatra, nesta sexta-feira no Cairo.

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“O Egito prende a respiração”, afirma a manchete do jornal do partido liberal Al-Wafd, refletindo o sentimento geral.

Quinta-feira à noite, horas antes do fechamento das urnas, o presidente da Comissão Eleitoral, Faruk Sultan, estimou o comparecimento em 50%, indicando que a eleição foi realizada de forma “calma e organizada”.

Os Estados Unidos felicitaram o Egito por esta eleição, descrita como “histórica”, e dizendo estar prontos a cooperar com qualquer governo “eleito democraticamente”.

A eleição deve acabar com um período de transição marcado por protestos e violência. O Conselho Militar, acusado pelos ativistas pró-democracia de continuar com política de repressão do antigo regime, prometeu entregar o poder antes do final de junho.

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Os poderes do futuro presidente, no entanto, permanecem pouco claros, a Constituição vigente durante o regime Mubarak foi suspensa e a elaboração da futura lei fundamental ainda não começou.

O chefe de Estado terá de enfrentar uma grave crise econômica, que combina as extremas desigualdades sociais herdadas a desaceleração acentuada da atividade, particularmente no setor do turismo.

Aos 84 anos, Mubarak, que governou por quase 30 anos, foi hospitalizado perto de Cairo. Julgado pela morte de manifestantes durante a revolta e acusado de corrupção, ele vai saber o seu destino em 2 de junho. A promotoria pediu a pena de morte.

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