Integrantes do ETA dizem ter sido treinados na Venezuela
A justiça espanhola suspeita que o país sirva de esconderijo para o grupo
Dois supostos membros do grupo separatista basco ETA disseram ter sido treinados na Venezuela em 2008, informou nesta segunda-feira a justiça espanhola. Eles foram detidos na última quarta-feira, no País Basco. O governo venezuelano, que já foi acusado de acobertar outro grupo armado – as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) – nega qualquer envolvimento no caso do ETA. Autoridades espanholas, contudo, investigam as possíveis ligações do país com os terroristas há meses.
Os militantes Juan Carlos Besance Zugasti e Xavier Atristain Gorosabel disseram, durante um interrogatório ante a Guarda Civil espanhola, que fizeram uma espécie de “cursinho de formação” em julho e agosto de 2008 na Venezuela.
Os dois homens – que pertenceriam ao comando “Imanol” do ETA, criado em 2005 – passaram antes por um treinamento com o chefe do ETA, Mikel Karrera Sarobe, ou “Ata” (detido em maio de 2010 ), em Luz-Saint-Sauveur, sudoeste da França.
Em seguida, ambos receberam instruções para continuar “sua formação” na Venezuela e entraram em contato com “duas pessoas identificadas como Arturo Cubillas Fontán e José Lorenzo Ayestarán Legorburu”, segundo o auto de Ismael Moreno, juiz da Audiência Nacional, principal instância judicial espanhola.
Cubillas já havia sido acusado, em outro processo da Audiência Nacional da Espanha, de ser intermediário na suposta colaboração entre o ETA e as Farc, com o suposto amparo do presidente venezuelano, Hugo Chávez.
Venezuela – A justiça espanhola suspeita, há meses, que a Venezuela sirva de esconderijo para membros do ETA.
Contudo, o embaixador venezuelano Espanha, Isaías Rodríguez, declarou à Rádio Nacional da Espanha (RNE) que “o governo venezuelano não está vinculado de maneira alguma a nenhuma organização terrorista, e não está vinculado a nada que tenha a ver com o ETA”. Ele ainda manifestou sua “mais enérgica condenação do terrorismo em todas as suas formas”.
O governo Chávez foi acusado, em julho deste ano, pelo governo do então presidente colombiano, Álvaro Uribe, de acobertar guerrilheiros das Farc em seu território. A denúncia provocou o rompimento das relações diplomáticas entre os dois países, retomadas apenas após a posse do novo presidente colombiano, Juan Manuel Santos. No encontro com Santos, Chávez disse repetidas vezes que não apoiava o terrorismo.
Prisão – Os dois supostos integrantes do ETA foram detidos, na última quarta-feira, no País Basco. No local, a polícia encontrou 100 kg de explosivos, vários detonadores, uma arma e um veículo roubado.
Em março deste ano, um juiz espanhol ordenou a detenção de outros 12 membros do ETA e das Farc por suposta colaboração e tentativa de assassinato, na Espanha, de personalidades colombianas.
(Com Agências France-Presse e EFE)