Homem que tentou assassinar Reagan ganhará a liberdade
Juiz considerou que John W. Hinckley Jr. já não representa mais uma ameaça para si e para os outros
O homem que tentou assassinar o então presidente americano Ronald Reagan em 1981 será colocado em liberdade após passar 35 anos em um hospital psiquiátrico. O juiz Paul Friedman considerou que John W. Hinckley Jr. já não representa mais uma ameaça para si e para os outros. Ele estará autorizado e viver com sua mãe de 90 anos em uma “comunidade fechada”, um bairro residencial de acesso restrito ao público, na Virgínia, a partir de 5 de agosto.
Hinckley, agora com 61 anos, tentou assassinar Reagan na saída do hotel Hilton, em Washington, no dia 30 de março de 1981 e feriu outras três pessoas, entre elas James Brady, então porta-voz da Casa Branca. Baleado na cabeça, Brady teve suas funções motoras afetadas e precisou usar cadeira de rodas até a sua morte, em 2014.
Reagan não foi atingido diretamente pelos disparos, mas um deles ricocheteou na limusine presidencial blindada e pegou de raspão em seu peito. A bala passou muito perto do coração. O agressor disse durante seu processo de dois meses que, com seu ataque, queria impressionar a atriz Jodie Foster, que havia visto no filme Taxi Driver.
Hinckley está internado no hospital psiquiátrico St. Elizabeth’s, na capital federal, há mais de três décadas – durante seu julgamento em 1982 ele não foi declarado culpado, por ser penalmente irresponsável, e foi internado no hospital. No ano passado obteve o direito de sair 17 dias por mês para visitar sua mãe em Williamsburg, 240 quilômetros ao sul da capital americana.
Condições
Em sua decisão de catorze páginas, o juiz Friedman estabelece uma longa lista de 34 condições extremamente detalhadas para sua liberação. Hinckley terá que residir o tempo todo na casa de sua mãe durante o primeiro ano, depois do qual poderá, apenas com prévia autorização de sua equipe médica, mudar-se para uma casa diferente.
Também deverá comunicar qualquer deslocamento (com itinerários, horários e eventuais contratempos), submeter-se a controles médicos regulares na clínica ou por telefone, além de manter um diário de suas atividades cotidianas. Hinckley terá também a possibilidade de trabalhar, pelo menos três dias na semana, voluntariamente ou recebendo um salário.
O sexagenário não terá, no entanto, direito de falar com a imprensa nem de se apresentar em público ou na internet, salvo com autorização da equipe médica. Não poderá, também, consumir álcool, drogas ou possuir armas.
Também está absolutamente proibido de fazer contato direto ou indireto com Jodie Foster ou pessoas próximas, com descendentes de Ronald Reagan ou com pessoas afetadas pelo episódio e explicitamente citadas pelo juiz Hinckley. Também não poderá se aproximar do atual presidente nem de ex-presidentes ou membros do Congresso, entre outros.
(Com AFP)