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François Fillon: direita pode barrar a extrema-direita na França

O candidato d'Os Republicanos tem pontos em comum com Marine Le Pen, como os valores religiosos e nacionalistas, principalmente na luta contra a imigração

Por Daniela Macedo Atualizado em 12 dez 2016, 11h31 - Publicado em 4 dez 2016, 14h33

O liberal François Fillon venceu as primárias do partido Os Republicanos, na França, e entrou na corrida presidencial para conter a Frente Nacional de Marine Le Pen.  A arma da direita contra a extrema-direita no pleito de abril de 2017 tem pontos em comum com sua adversária, como os valores religiosos e nacionalistas, principalmente na luta contra a imigração. Mas são as diferenças que abrem um abismo entre Fillon e Le Pen.

Em oposição ao programa protecionista da líder da Frente Nacional, Fillon carrega a bandeira do liberalismo. Sua admiração por Margaret Thatcher rendeu-lhe a alcunha de ‘Thatcher francês’, tanto que o jornal Libération publicou em sua capa uma imagem que mescla o rosto de Fillon com o da Dama de Ferro. Influenciado pelo thatcherismo, o ex-premiê aposta no Estado mais enxuto, com a promessa de cortar 500.000 vagas do funcionalismo e reduzir os gastos públicos, além de aumentar a jornada de trabalho semanal e enfraquecer os sindicatos.

Segundo o cientista político francês Simon Bertrand, a diferença entre os dois não reside apenas nas ideias, mas também no público-alvo. “Marine Le Pen fala com as pessoas das classes sociais mais baixas e com os mais jovens. Já François Fillon conversa com os mais velhos, que mantêm uma situação financeira confortável e pontos de vista conservadores em questões sociais” diz o professor da Universidade de Paris 1 Panthéon-Sorbonne.

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Histórico

A trajetória política do advogado casado, pai de cinco filhos, vem de longe. Na década de 80, foi o mais jovem parlamentar a ocupar uma cadeira na Assembleia Nacional francesa, com apenas 27 anos. Comandou o ministério do Trabalho em 2002 e, dois anos, a pasta da Educação. Entre 2007 e 2012, foi o primeiro-ministro do governo de Nicolas Sarkozy.

O liberalismo de Fillon não nasceu em seus primeiros passos na política. “Fillon era extremamente ligado à soberania e independência da França, tanto que, em 1992, foi contrário à ratificação do Tratado de Maastricht [que regulamentou as economias europeias e possibilitou a criação do euro]. Foi ao longo da década de 90 que ele tornou-se mais liberal”, diz a cientista política francesa Josepha Laroche, professora da Universidade de Paris 1 Panthéon-Sorbonne. “Hoje, ele quer fortalecer o papel da França na União Europeia e manter o euro.”

‘Sr. Ninguém’

Apelidado de ‘Sr. Ninguém’ pelos adversários por sua falta de carisma e destaque no cenário político, Fillon deu a volta por cima nas primárias do partido Os Republicanos ao despachar seu antigo chefe Sarkozy e o também ex-premiê Alain Juppé – para a direita francesa, Sarkozy é populista demais, enquanto Juppé é centrista demais.

“Fillon encarna os valores e os desejos da direita tradicional, católica e conservadora, que é apegada ao papel da religião e da Igreja na sociedade e aos valores tradicionais da família e do trabalho, mas é também muito desconfiada da classe trabalhadora e dos sindicatos”, diz o historiador francês Jean Garrigues, professor da Universidade de Orleans.

A aparência sisuda e a bagagem política do francês de 62 anos escondem seu gosto por adrenalina – Fillon é fã de automobilismo, motovelocidade, alpinismo e tourada.

Pesquisas

Há dois anos, uma pesquisa mostrou que apenas 8% dos franceses gostariam que Fillon concorresse à Presidência da França. Hoje, ele é apontado como o principal candidato a ocupar o Palácio do Eliseu nos próximos anos. Como as pesquisas já se mostraram falíveis no Brexit, do referendo do acordo de paz na Colômbia, e mais recentemente, na eleição de Donald Trump, é seguro dizer que o futuro da França é incerto.

“Campanhas eleitorais são longas, difíceis e cheias de surpresas. A única certeza que temos é que nada é impossível. Nas primárias socialistas de 2011, por exemplo, François Hollande aparecia com apenas 3% nas pesquisas de opinião”, lembra o cientista político Simon Bertrand.

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