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Ex-escravas sexuais do EI ganham Prêmio Sakharov 2016

AS iraquianas yazidis Nadia Murad e Lamiya Ali Bashar foram resgatadas após meses de sofrimento nas mãos dos jihadistas do Estado Islâmico

Por Da redação
Atualizado em 27 out 2016, 21h45 - Publicado em 27 out 2016, 21h05

As iraquianas yazidis Nadia Murad e Lamiya Ali Bashar, que viveram como escravas sexuais nas mãos de extremistas do grupo Estado Islâmico (EI), receberam nesta quinta-feira o Prêmio Sakharov 2016, importante premiação de direitos humanos concedida pelo Parlamento Europeu. Atualmente, Nadia e Lamiya vivem na Alemanha.

“Sua história é dolorosa, trágica”, mas elas “tinham o sentimento de precisar sobreviver para testemunhar”, ressaltou o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, diante dos eurodeputados reunidos em Estrasburgo, nordeste da França. Ele elogiou a “coragem e a dignidade” destas duas mulheres, cujo “combate não foi em vão”, ao mesmo tempo em que convocou os europeus a “lutar contra a estratégia genocida do EI”.

“É importante que o mundo não esqueça as mulheres e as crianças detidas pelo EI e que estes crimes já não sejam cometidos por ninguém”, afirmou Lamiya Aji Bashar, de 18 anos, em uma mensagem à ONG Luftbrücke Irak após a divulgação do prêmio.

Nadia Murad, por sua vez, considerou que este prêmio constitui uma “potente mensagem” contra a “desumanidade” do EI. Com este prêmio, “o mundo livre condena a desumanidade criminosa do grupo EI e honra suas vítimas”, disse, por meio de um comunicado divulgado em Washington. “Esta recompensa é uma potente mensagem (…) ao nosso povo e às mais de 6.700 mulheres, meninas e meninos convertidos em vítimas da escravidão e do tráfico de seres humanos do EI”, acrescentou.

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Os grupos parlamentares socialista e liberal propuseram estas duas mulheres, que se converteram em símbolos da comunidade yazidi. E seu prêmio deve servir para sensibilizar “sobre a situação das minorias religiosas na região”, disse o chefe dos nacionalistas, Giani Pittella.

Outras duas personalidades também estavam na disputa por este prêmio: o jornalista opositor turco Can Dündar e o líder histórico dos tártaros da Crimeia Mustafa Dzhemilev, exilado em Kiev desde que a Rússia anexou em 2014 esta península do Mar Negro, controlada até então pela Ucrânia.

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Os eurodeputados reconhecem desde 1988 o compromisso na defesa dos direitos humanos com o prêmio, que tem o nome do cientista soviético dissidente Andrei Sakharov. A cerimônia oficial está marcada para 14 de dezembro em Estrasburgo, nordeste da França.

O blogueiro saudita Raef Badaoui, preso em seu país por “insultos”, recebeu o prêmio em 2015.

Nadia Murad

Nadia Murad e Lamiya Aji Bashar viveram como escravas sexuais do Estado Islâmico antes de se converterem em ícones de sua comunidade ameaçada.

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Nadia, uma iraquiana de 23 anos, foi sequestrada em agosto de 2014 em seu povoado natal de Kocho, perto de Sinjar, no norte do Iraque, antes de ser levada à força a Mosul, reduto do EI, atualmente alvo da coalizão internacional. Durante meses foi torturada, vítima de múltiplos estupros coletivos e vendida várias vezes como escrava sexual.

Além disso, precisou renunciar à sua fé yazidi, uma religião ancestral desprezada pelo EI, praticada por meio milhão de pessoas no Curdistão iraquiano.

Em um discurso ante o Conselho de Segurança da ONU, explicou em dezembro passado seu “casamento” com um de seus sequestradores: ele a espancou, a obrigou a se maquiar e a usar roupas justas.

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“Incapaz de suportar tantos estupros”, decidiu escapar. Graças à ajuda de uma família muçulmana de Mosul, Nadia obteve documentos de identidade que lhe permitiram chegar ao Curdistão iraquiano, e posteriormente à Alemanha.

Pouco depois de chegar à Alemanha, Nadia decidiu militar a favor de sua comunidade: segundo especialistas da ONU, cerca de 3.200 yazidis estão atualmente nas mãos do EI, a maioria na Síria.

Lamiya Aji Bashar

Lamiya Aji Bashar, também procedente de Kocho, foi sequestrada quando tinha 16 anos. Durante 20 meses de cativeiro tentou fugir várias vezes. Quando conseguiu, a jovem caiu nas mãos de um diretor de hospital iraquiano que também abusou dela.

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O rosto de Lamiya, que tem a pele queimada, carrega as marcas de uma explosão, que lhe custou o olho direito.

Mais discreta que Nadia, Lamiya vive com sua irmã no sul da Alemanha, onde busca reconstruir sua vida após as atrocidades que viveu com o EI.

(Com AFP)

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