Em nova estratégia de defesa, ex-namorado tenta se distanciar de Amanda Knox
Italiano Raffaele Sollecito diz não esteve com a namorada americana durante toda a noite em que a estudante britânica Meredith Kercher foi morta
Raffaele Sollecito afirmou nesta terça-feira que não esteve junto de Amanda Knox durante toda a noite do assassinato da jovem Meredith Kercher, em 1º novembro de 2007. Ex-namorado de Amanda, ele também foi condenado pela morte da estudante britânica. Agora, sua defesa muda de estratégia e tenta distanciá-lo da americana. “Eu não sou o fiador de Amanda Knox, eu sou Raffaele Sollecito”, disse o italiano, em entrevista coletiva em Roma.
Anteriormente, Amanda e Raffaele afirmaram que passaram juntos na noite do crime, no flat onde o italiano morava. Desta forma, um serviu como álibi do outro. Mas a tática dos advogados de Raffaele mudou depois da segunda condenação do casal, no final de janeiro deste ano. Para a Corte, os dois desferiram os golpes que mataram a britânica junto com o traficante marfinense Rudy Guede, que está preso.
Amanda recebeu uma sentença de 28 anos e seis meses de prisão e Sollecito foi condenado a 25 anos atrás das grades – sua defesa prepara o recurso que deverá ser analisado pela Suprema Corte italiana no ano que vem. “É imperativo que a corte italiana considere o caso de Raffaele separado do de Amanda”, disse o advogado John Kelly, segundo declarações reproduzidas pela rede americana CNN.
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Outra advogada do italiano, Giulia Bongiorno, disse que o recurso vai citar uma mensagem de texto enviada por Amanda provando que o casal não estava junto a noite toda. “A mensagem, de acordo com o próprio tribunal, não foi enviada da casa dele. Portanto, o casal não estava junto”, argumentou.
Sollecito insistiu que não está mudando sua história, apenas destacando melhor suas dúvidas. Ao falar sobre o dia do crime, o italiano disse que sua então namorada esteve com ele, mas foi ao apartamento onde morava com Meredith para tomar banho. Ao retornar, ela estava “muito agitada” e disse que parecia que alguém havia invadido o apartamento e que havia sangue no banheiro. No entanto, em vez de telefonar para a polícia, ela tomou banho e voltou para a casa do namorado.
“É claro que fiz várias perguntas. Por que você tomou banho? Por que passou tanto tempo lá?”. Nenhuma das questões foi respondida claramente, afirmou. “Não estou dizendo que Amanda é responsável por toda esta situação, mas eles focam nela e a acusam o tempo todo, mas eu não tenho nada a ver com toda essa situação e todas essas acusações”.
Os advogados pontuaram que a condenação do casal teve como base uma nota escrita por Amanda quando ela estava presa, na qual ela admite estar presente no apartamento quando Meredith foi esfaqueada. Para Sollecito, a versão é fruto da “imaginação e alucinação”. “Amanda e eu ainda acreditamos que ela é inocente”, completou.
A defesa do italiano pretende conseguir a anulação de toda a sentença condenatória, mas a Suprema Corte pode também ratificar a condenação ou ordenar que um novo julgamento seja realizado. Desde a morte de Meredith, em 2007, o casal enfrenta uma novela jurídica. Os dois foram condenados, depois absolvidos e então condenados novamente. Amanda, de 26 anos, voltou a morar em Seattle, nos EUA, depois de sair da prisão, e Sollecito, de 30 anos, teve seu passaporte confiscado e aguarda a decisão dos juízes na Itália.