Eleitores de Hillary se desesperam com vitória de Trump
Apoiadores da democrata não imaginavam a derrota, após a série de pesquisas que apontavam a vitória de Clinton
Após dias com pesquisas de opinião favoráveis para o lado da democrata Hillary Clinton, apoiadores da candidata se reuniram para festas de comemoração da “vitória garantida”. O momento de celebração se converteu em choro e desespero para os defensores democratas, com o inesperado triunfo do republicano Donald Trump.
Laura McCutcheon, uma professora de Los Angeles, se reuniu com amigos de mentalidade política semelhante na noite ontem, para o que imaginou que seria uma festa animada no bairro de Echo Park. Às 22h, à medida que um Estado norte-americano após o outro ia para o lado Trump, a reunião mais parecia um velório. Laura disse que teve que se esforçar para compreender o que aconteceu.
“Eu tinha medo de que houvesse eleitores que as pesquisas não estivessem captando”, disse. “Mas não consigo entender como as pessoas pensam que Trump é a solução. Se elas estão enojadas com o sistema, como ele pode ser a alternativa?”, reclamou a professora.
Em alguns dos maiores enclaves democratas do país, apoiadores de Hillary afirmaram ter sido pegos de surpresa pela vitória de Trump. Eles se queixavam por terem acreditado cegamente e se perguntavam como irão suportar os próximos quatro anos. Em Las Vegas, a moradora Mary Durgram estava quase desesperada. “Pela primeira vez na minha vida estou com vergonha de ser norte-americana, e nunca pensei que diria isso”, afirmou ela em um resort e cassino local. “Sou uma veterana, serviu meu país durante muitos anos e estou com vergonha dos meus conterrâneos hoje à noite”.
Em São Francisco, Joey Nunez, de 29 anos, confessou estar tendo dificuldade para absorver o acontecimento. “A constatação chocante é que é isso que as pessoas queriam. Elas queriam Trump”, disse. “Depois de tudo que ele disse, como é possível que ele tenha conseguido vender seu peixe?”. Nunez, que trabalha em um laboratório clínico, contou que ele e sua esposa passaram a noite em estado de choque.
Em Glendale, subúrbio de Los Angeles, a escritora de livros infantil Amy Goldman Koss disse que começou a terça-feira vestindo um terninho em solidariedade a Hillary e que foi às urnas com sua filha adulta para participar do que ambas pensaram que seria um momento histórico: eleger a primeira mulher presidente do país. “É humilhante em vários aspectos. Erramos no cálculo”, opinou Koss, de 62 anos.
Muitos defensores da ex-primeira-dama contaram como seus feeds de redes sociais ficaram repletos de demonstrações de apoio a ela, por outro lado, tinham pouco contato com eleitores de Trump, em um clima político cada vez mais polarizado. Deena Pioli, advogada do bairro de Outer Sunset, em São Francisco, disse que raras vezes encontrou pessoas que não apoiavam Hillary e que agora o lamenta. “Nós, em São Francisco e toda a Califórnia, não deveríamos estar tão seguros em nossa bolha”, afirmou.
(Com Reuters)