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Dentro de 2 dias começa julgamento de Breivik na Noruega

Ao custo de 13 milhões de euros, a investigação resultou em 100 pastas que serão usadas como base do julgamento

Por Da Redação
14 abr 2012, 08h52

O ultradireitista Anders Behring Breivik, autor confesso do duplo atentado de 22 de julho na Noruega que matou 77 pessoas, enfrentará a partir desta segunda-feira o julgamento que vai se estender por dez semanas, o maior processo judicial do país desde o fim da Segunda Guerra Mundial. A dimensão do processo e dos fatos a julgar, a polêmica sobre o estado mental do acusado, a possibilidade de não ser condenado à prisão, os custos do julgamento e o forte esquema de segurança em torno do tribunal fazem deste o único na história da Noruega. Para encontrar um precedente que se assemelhe a esse caso é preciso recorrer ao processo contra os membros do partido pró-nazista União Nacional, no comando do país durante a ocupação alemã, e que acabou com milhares de condenados por traição à pátria.

O julgamento será o fim de meses de investigações, nos quais a polícia norueguesa revisou 60.000 horas de gravações de câmeras de vigilância, que resultaram em 64 provas contra Breivik, além dos dois carros alugados utilizados por ele nos atentados. Como resultado, em um custo de ao menos 13 milhões de euros (conforme orçamento), são 100 pastas que constituirão uma das bases do julgamento, precedido pelas críticas à atuação das forças de segurança.

Cerca de 250 agentes participaram dos 1.500 interrogatórios aos jovens que participavam do acampamento da Juventude Trabalhista na ilha de Utoeya, palco central do massacre de Breivik, que foi submetido a 220 horas de interrogatórios policiais. Como Breivik nunca negou autoria dos fatos, o objetivo era apurar se teve ajuda de terceiros, fato descartado por ele ao longo dos meses e corroborado há pouco, ao revelar que a suposta Ordem dos Templários comandada por ele não passa de uma invenção.

Apesar das reservas iniciais, a polícia acabou reconhecendo os erros de comunicação e pediu perdão. Duas figuras de peso, como o ministro da Justiça e a chefe dos serviços de inteligência, renunciaram, embora sem admitir publicamente que deixaram os cargos por causa dos fatos de 22 de julho.

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Julgamento – Custo similar à investigação terá o julgamento. Todo o segundo andar do tribunal de Oslo foi reformado para abrigar a sala do júri e acondicionar os familiares das vítimas, sobreviventes e público que queiram vê-lo ao vivo. Diante da impossibilidade de receber os 770 feridos nos atentados, eles poderão acompanhar o processo em 17 juizados de todo o país que receberão o sinal ao vivo do tribunal de Oslo, além dos dois centros de imprensa na capital. Serão os únicos locais onde será possível assistir às imagens ao vivo do julgamento. Somente a leitura da acusação poderá ser gravada e divulgada ao público.

Por respeito às vítimas, Breivik não será gravado, tampouco os depoimentos dos sobreviventes e dos especialistas convocados para depor. Não haverá também imagens das vítimas e das autópsias, somente animações com bonecos para reconstituir os atentados de Utoeya, a ilha a 45 quilômetros de Oslo onde Breivik matou 69 pessoas, quase todas jovens de no máximo 20 anos que participavam do acampamento da Juventude Trabalhista.

No local ele chegou logo após detonar uma bomba no completo do Governo de Oslo, local onde matou oito pessoas, tudo com o mesmo objetivo: castigar o poder, personificado no Partido Trabalhista, responsável pelo multiculturalismo que, segundo ele, está destruindo a Noruega e não freia a ameaça islamita.

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Durante o julgamento, as ruas adjacentes ao tribunal estarão interrompidas ao trânsito, sob a atenção de cem agentes. Para entrar nessa região, as pessoas terão de passar por uma fiscalização intensa das autoridades.

Cerca de 1.000 pessoas estarão diariamente ao julgamento, cuja lista provisória de testemunhas supera os 150 nomes, e inclui desde políticos, como o secretário do Partido Trabalhista, Raymond Johansen, a analistas em ambientes de extrema-direita, o líder fundamentalista muçulmano mulá Krekar e funcionários da prisão de Ila, onde Breivik está detido desde que foi preso.

Sobreviventes do massacre de Utoeya também vão testemunhar. Entre eles, Eivind Rindal, de 22 anos, que escapou da ilha com outros jovens em um bote, enquanto Breivik disparava a partir da margem. “Será especial, quero vê-lo, quero confrontá-lo com meu depoimento. Quando alguém dispara com uma arma, deve ser responsabilizada. Esse confronto será para mim uma parte mais para pôr o ponto final”, declarou Rindal à imprensa norueguesa dias atrás.

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(Com agência Efe)

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