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De olho na China, Obama defende novo modelo de investimento na África

Presidente americano tenta estreitar relações comerciais em visita a continente

Por Gabriela Loureiro
1 jul 2013, 21h43

Uma análise relacionada à visita de seis dias do presidente americano Barack Obama à África tem sido recorrente: ela pode estar ocorrendo muito tarde e oferecendo muito pouco ao continente. Na viagem que começou no Senegal, passou pela África do Sul e chegou à Tanzânia nesta segunda-feira, o democrata pretende desenvolver um novo modelo de desenvolvimento para a região, como ele destacou nesta segunda, ao dizer que a meta é “construir uma África para africanos”, tendo os Estados Unidos como parceiros. “Nós estamos procurando um novo modelo que não seja baseado somente em ajuda e assistencialismo, mas em comércio e parceria”, afirmou.

A primeira viagem de Obama ao continente africano foi uma visita-relâmpago a Gana, em 2009. A visita atual ocorre em um momento em que sete das dez economias que crescem mais rapidamente no mundo estão na África. Mas quem tem aproveitado este momento é a China – e, de forma cada vez mais intensa, a Turquia, a Índia e o Brasil, como apontou o jornal Financial Times. O artigo do colunista Edward Luce lembra que a geopolítica “é um jogo de longo prazo”. Bill Clinton sancionou um acordo de Crescimento e Oportunidade, que derrubou restrições comerciais a mais de 6.000 produtos oriundos de 35 países africanos. George W. Bush lançou uma iniciativa contra a aids, que ajudou a salvar a vidade de centenas de milhares de africanos. Foram programas modestos, mas duradouros de ajuda ao continente, destacou o artigo. “Obama herdou os dois, mas não tem nada equivalente para colocar em sua conta”.

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Enquanto isso, a China está fazendo a lição de casa, mesmo diante das críticas de neocolonialismo – por extrair matéria prima e depois exportar produtos manufaturados para a fonte dos recursos. A economista de origem zambiana Dambisa Moyo, que lançou recentemente um livro sobre a corrida chinesa por recursos, descarta essa caracterização. “A definição de neocolonialismo é a de que há ambições políticas envolvidas para anexar ou dominar outras regiões. Eu não acho que esse seja o caso. A China é a segunda maior economia do mundo em termos de PIB, mas está em 100º lugar em termos de distribuição de renda. A China tem muitos problemas para resolver em casa, por isso, a ideia de que querer colonizar outros países não faz sentido para mim”, afirmou, em entrevista ao site de VEJA.

Luce também defende os investimentos chineses. “Tudo isso pode ser justo, mas a China não é um operador inescrupuloso”, disse, sobre a acusação de neocolonialismo. “O comércio entre China e África aumentou mais de dez vezes desde o ano 2000, para pouco menos de 170 bilhões de dólares em 2012 – duas vezes mais que os números alcançados pelo comércio entre os Estados Unidos e a África. A China tem mais de 150 acordos comerciais na África subsaariana, contra apenas seis dos EUA”. Além disso, durante o primeiro mandato de Obama, Hu Jintao, então presidente da China, visitou a África sete vezes. O sucessor de Jintao, Xi Jinping, com apenas três semanas de governo, fez uma visita ao continente que incluiu dois dos países agora visitados por Obama: Tanzânia e África do Sul.

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Dambisa se diz contra doações e perdão de dívidas como forma de ajuda aos países africanos – e já entrou em brigas com “militantes filantrópicos” como Bono, vocalista do U2, e com o criador da Microsoft, Bill Gates, o que lhe rendeu o apelido de “anti-Bono” dado pelo jornal The New York Times. Mas ela ressalta que os chineses têm o dever de criar empregos e desenvolver a infraestrutura dos locais onde aterrissa – na África, a China já construiu estradas, aeroportos e está em negociações com a Tanzânia para a construção de um novo porto. No fim de semana, o presidente americano anunciou uma iniciativa de sete bilhões de dólares para dobrar em cinco anos o acesso à eletricidade na África subsaariana. Também assinou uma ordem executiva destinada a evitar o tráfico de animais silvestres, particularmente a venda de chifres de rinocerontes e dentes de elefante. E deve lançar um programa para ajudar países do leste do continente, como Burundi, Ruanda, Uganda, Tanzânia e Quênia a fazerem comércio entre si e com os Estados Unidos. O roteiro de Obama na África deixou de fora o Quênia, terra natal de seu pai, e a Nigéria, maior produtor de petróleo africano, que tem sido ameaçado por radicais islâmicos.

(Com agência Reuters)

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