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David Cameron renuncia após britânicos decidirem deixar UE

'Não penso que é certo ser o capitão que comandará nosso país para este próximo destino', disse. O primeiro-ministro britânico anunciou que irá deixar o cargo em outubro

Por Da Redação
24 jun 2016, 07h21

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou nesta sexta-feira que irá renunciar ao cargo até outubro, após os britânicos votarem a favor de deixar a União Europeia (UE) em um referendo. “Não penso que é certo ser o capitão que comandará nosso país para este próximo destino”, disse Cameron a repórteres do lado de fora de seu gabinete no número 10 da Downing Street, em Londres. “A vontade do povo britânico é uma instrução que deve ser cumprida. Eu quero o bem deste país e estou honrado por ter servido e vou fazer tudo o que puder no futuro para ajudar este grande país prosperar”, afirmou.

Cameron também informou que as negociações com Bruxelas para estabelecer o processo de ruptura do Reino Unido da UE deverão acontecer com outro líder, que deverá ser eleito no mês de outubro, quando será realizado o congresso do Partido Conservador para escolher o político que irá substituir o premiê. “Agora que a decisão de sair foi tomada, precisamos encontrar a melhor maneira para fazer isso”, disse, informando que o governo se reunirá na próxima segunda-feira.

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Além disso, Cameron se preocupou em tranquilizar o Reino Unido afirmando que não haverá “mudanças imediatas no livre movimento de cidadãos, mercadorias e serviços”. Visivelmente emocionado e segurando na mão de sua mulher Samantha, Cameron enumerou as qualidades do Reino Unido. “O Reino Unido é um país especial, temos tão grandes vantagens, uma democracia parlamentar na qual resolvemos os grandes problemas sobre nosso futuro através de um debate pacífico, uma grande nação comercial com nossa ciência e as artes”, disse.

O primeiro-ministro britânico apostou seu legado em dois referendos, mas foi derrotado no segundo. Cameron já havia levado um grande susto quando a Escócia ficou próxima da independência no referendo de setembro de 2014, que ele convocou quando os favoráveis a secessão não passavam de 20% nas intenções de voto. O unionismo venceu, mas o independentismo escocês avançou como espuma. No caso do referendo da UE, o euroceticismo transbordou e derrubou Cameron.

Muito longe de servir para unir o Partido Conservador, a campanha do referendo dividiu a formação ainda mais e a pergunta agora é o que acontecerá com outros perdedores, como o ministro das Finanças George Osborne. O Reino Unido deixará a União Europeia após 51,9% dos britânicos optarem pela ruptura, contra 48,1% que defendiam a permanência no bloco comunitário. Os eleitores que deram o “sim” para a saída da UE chegaram a 17.410.742 votos enquanto os que defendiam a permanência somaram 16.141.241.

Biografia – Cameron representa o paradoxo de um primeiro-ministro que, a princípio cético sobre o projeto europeu, passou três meses pregando as bondades do bloco e fazendo advertências sobre as calamidades que seriam provocadas em caso de abandono da UE. “Ele é um eurocético pragmático”, explicou Peter Snowdon, coautor do livro “Cameron at 10” (Cameron no 10, em referência ao número da residência oficial do premiê na Downing Street), que narra seus primeiros anos como líder dos conservadores. O premiê, filho de uma família abastada, nunca provocou grandes paixões, nem em seu partido nem entre os eleitores. O político de 49 anos é pai de três filhos e estudou no prestigioso colégio privado Eton.

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“É educado, mas não é um intelectual, é determinado, mas não dominante, é um cavalheiro, mas não é esnobe. É crente, mas não muito crente. As pessoas como ele têm bastante limitações, como a falta de originalidade, a ausência de paixão e a tentação da satisfação própria, mas outrora dominaram o mundo”, escreveu o biógrafo Charles Moore. Para Moore, Cameron representa “o perfeito protótipo moderno de uma espécie britânica muito antiga”. Em Eton, ele estudou com o rival Boris Johnson, que na época parecia mais brilhante e promissor, recordou o biógrafo Michael Ashcroft.

Sua trajetória em Oxford e sua entrada na política transcorreram sem incidentes. A ascensão foi rápida, até assumir o posto de líder do Partido Conservador há 11 anos. Na época ele iniciou o trabalho de modernizar o partido e atualizá-lo com o mantra do conservadorismo “compassivo”. Também tentou encerrar as disputas sobre a Europa, um motivo constante de batalhas, que acabou com várias carreiras políticas, como a da Dama de Ferro, Margaret Thatcher. “A derrota é um golpe terrível para sua credibilidade”, disse Tim Bale, professor de Ciências Políticas da Universidade Queen Mary em Londres. Cameron já havia anunciado que não disputaria as próximas eleições em 2020, alegando que deseja dedicar mais tempo a outras atividades, especialmente sua família.

(Da redação)

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