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Conheça o grupo de heróis sírios que concorre ao Nobel da Paz

A história dos socorristas do "Capacete Branco" foi transformada em um documentário e estreou no Netflix

Por Luiza Queiroz
Atualizado em 20 set 2016, 13h51 - Publicado em 16 set 2016, 17h33

Eles são mencionados como candidatos ao Prêmio Nobel da Paz deste ano e estreiam nesta sexta-feira em documentário na Netflix, mas o grupo “Capacetes Brancos”, como foi apelidada a organização humanitária também chamada de Defesa Civil Síria, ainda é pouco conhecido fora de seu país. A organização é composta de mais de 2.700 voluntários (entre eles oitenta mulheres) que contam já ter ajudado a salvar mais de 62.000 pessoas dos escombros em três anos de atuação. Eles costumam ser os primeiros a chegar aos locais bombardeados e ajudam no resgate e nos cuidados médicos das vítimas da guerra civil que já dura cinco anos e matou quase meio milhão de pessoas.

O grupo foi fundado por James Le Mesurier, um ex-oficial do Exército britânico, em 2013. No início, contava com apenas vinte voluntários. Todos os membros do grupo são civis: padeiros, construtores, taxistas, estudantes, professores. “Até hoje, todos que se unem ao grupo são inexperientes”, disse Le Mesurier em entrevista a VEJA. Os membros do “Capacetes Brancos” não têm afiliação política, não usam armas e têm como lema ajudar a quem precisa de ajuda, desde civis até membros do exército do presidente Bashar Assad e integrantes de grupos como a mílicia xiita libanesa Hezbollah. Um trecho do Corão é a máxima dos socorristas: “Se alguém salvar uma vida, será como se tivesse salvo toda a humanidade”.

Na cidade de Alepo, uma das mais castigadas pela guerra e que enfrenta o cerco do Exército sírio, o grupo precisa frequentemente improvisar equipamentos e construir caminhões de bombeiros a partir de máquinas velhas. Canos de irrigação, por exemplo, transformam-se em mangueiras de incêndio. “Nossos membros operam com equipamentos antigos, treinamento insuficiente e em condições extremamente difíceis”, diz Le Mesurier. “Ser um capacete branco é o trabalho mais perigoso do mundo”, completa.

Ao todo, 141 voluntários morreram em operações de resgate e mais de 400 ficaram seriamente feridos.“O maior perigo são os ataques aéreos, que bombardeiam os times de resgate em campo e os nossos centros”, diz o morador de Alepo e fotógrafo Khaled Khatib, que é voluntário do Capacetes Brancos desde 2013. Os ataques aéreos mais mortíferos são os chamados ataques duplos, que consistem em lançar uma bomba e, após a chegada ao local de pessoas que tentam ajudar os sobreviventes, lançar um segundo ataque. Em geral, a janela entre um ataque e outro varia de quinze minutos a meia hora, e é nesse intervalo que os membros da defesa civil muitas vezes atuam. Para identificar possíveis bombardeios, a organização conta com monitores de tráfego aéreo em cada um de seus 120 centros e com informações dadas por civis. Outra dificuldade testemunhada por Khatib é o recebimento de suprimentos. “O cerco imposto à cidade impede que quatro dos nossos centros em Alepo recebam itens de primeira necessidade”, diz Khatib. O jeito é usar o dinheiro que a organização recebe de doadores do mundo todo para comprar o que puder ser encontrado na própria Síria.

As atividades do grupo são financiadas pelos Estados Unidos, pelo Reino Unido e pela Holanda. Os integrantes recebem um salário médio de 150 dólares por mês e trabalham em tempo integral. O grupo é dividido em times de 25 voluntários, que, quando não estão respondendo a ataques aéreos e bombardeios, realizam serviços públicos como reparos, consertos de cabos elétricos e segurança de prédios. Os integrantes da Defesa Civil Síria também ajudam na identificação das vítimas, cavam túmulos e mantêm arquivos sobre os mortos para ajudar as famílias na localização de parentes.

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