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Como Obama e Romney (e os eleitores) chegam para a eleição nos EUA

Eleitores terão de escolher entre um presidente que não conseguiu deixar sua marca e um republicano que não se sabe se poderá fazer melhor

Por Cecília Araújo
5 nov 2012, 06h25

A disputa pela Casa Branca ganhou novos e importantes elementos nas últimas semanas, mas segue sem apontar um favorito. A igualdade de chances entre o democrata Barack Obama e o republicano Mitt Romney é tão grande que transforma qualquer tentativa de previsão em mero achismo.

A briga pelos chamados estados indecisos e o esforço de Obama em convencer os americanos a anteciparem o voto mostram que o quadro apresentado este ano é bem diferente daquele de quatro anos atrás, quando o democrata representava uma possibilidade real de mudança. Desta vez, os eleitores vão escolher entre um presidente que não conseguiu deixar sua marca e um republicano que não se sabe se poderá fazer melhor.

Romney promete que sim, fará melhor, e demonstrou credibilidade com seu desempenho no primeiro dos três debates televisionados realizados em outubro. Bem preparado, defendeu uma versão mais consistente de suas propostas, diante de um Obama disperso e superficial. Com seu desempenho, Romney conseguiu mudar a percepção que as pessoas tinham sobre ele. “Muitas pessoas que não pensavam assim começaram a vê-lo como um possível presidente. Desde então, ganhou um novo impulso na campanha”, opina Carol Weissert, professora de Ciências Políticas na Universidade do Estado da Flórida.

O impulso foi conquistado de maneira tão sólida que Romney não perdeu fôlego nos encontros seguintes, nos quais encontrou um oponente mais bem preparado. E conseguiu expor seu grande trunfo: as propostas econômicas. “Um ponto forte de Romney é sua experiência no setor privado, o que é visto como algo positivo pelos americanos, neste contexto de crise”, diz Grant Neeley, professor de Ciências Políticas da Universidade de Dayton, em Ohio.

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Se a economia é o ponto de apoio da campanha republicana, também é a principal munição contra o adversário. Romney acusa Obama de não ter conseguido tirar o país da crise e afirma que não conseguirá fazê-lo se tiver mais tempo para isso. A resposta democrata é que o governo impediu que a situação se deteriorasse ainda mais. Quando Obama assumiu a Presidência, em 2009, os EUA perdiam 800.000 vagas de empregos por mês. Sua resposta, com pacotes de estímulo agressivos, conseguiu impedir uma verdadeira depressão. Levantamento do Departamento de Trabalho divulgado na sexta-feira indicou a criação de 170.000 vagas e taxa de desemprego de 7,9% em outubro.

“A política de Obama trouxe resultados razoáveis, especialmente na criação de empregos e na indústria automobilística – o que é um fator importante em Ohio, estado estratégico nestas eleições”, avalia o diplomata Rubens Barbosa, ex-embaixador brasileiro em Washington. “Considerando que a crise era muito maior do que se imaginava, o fraco dividendo econômico dos EUA não pode ser considerado uma falha só do presidente”.

Porém, não é fácil ganhar aplausos quando a taxa de desemprego segue elevada, mesmo depois da promessa de que pacotes de estímulo à economia melhorariam a situação. E Obama ainda recuou em sua proposta de reformar as finanças do país, sendo julgado agora pelas promessas não cumpridas. “Uma desvantagem para qualquer candidato à reeleição é não poder debater em um âmbito hipotético. E esse é o maior desafio de Obama. É muito mais fácil para os adversários apontar erros da gestão alheia”, pondera Cary Covington, professor do departamento de Ciências Políticas da Universidade de Iowa. “Desta vez, não há promessas que o levem à reeleição. Ou os eleitores se convencem de que a situação em 2009 era muito pior do que se imaginava, e que o cenário atual é razoável diante dessa constatação, ou eles não darão a Obama uma segunda chance”.

Novo fator – A passagem do furacão Sandy pelos Estados Unidos na reta final da campanha apresentou um novo desafio para Romney, que precisou achar o tom certo para suas declarações nos primeiros dias da catástrofe. E jogou os holofotes sobre o presidente, que tentou se mostrar um líder competente. Não se sabe se os eleitores, ainda vivendo a tragédia, ficaram convencidos, mas o lado democrata já tem consequências concretas para comemorar: os elogios do republicano Chris Christie, governador de Nova Jersey, e o apoio de Michael Bloomberg, prefeito de Nova York.

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“Estudos mostram que os eleitores tendem a punir os governantes pelos desastres naturais, mas este também foi um bom momento para Obama mostrar sua liderança de forma que liberais, conservadores e indecisos possam apreciar”, opina Covington. Para Barbosa, a tempestade pode não ser determinante para o resultado das eleições, mas vai ser mais um ponto a ser considerado pelos americanos. “Claro que um único acontecimento não pode decidir as eleições, mas é mais um fator de incerteza acrescentado a todos os outros”, destaca.

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