Com família, Macri tenta amansar o papa Francisco no Vaticano
O pontífice já fez vários gestos contra o presidente, como mandar um rosário para uma kirchnerista presa e falar contra "vender a pátria"
Durante o governo de Cristina Kirchner, seu marido Néstor considerou que o cardeal Jorge Bergoglio era a principal figura da oposição na Argentina.
Com Mauricio Macri, prefeito de Buenos Aires, a relação era dúbia. Ainda que ambos fossem críticos à condução nacional, Bergoglio foi contra políticas liberais de Macri, como a aprovação da união civil entre pessoas do mesmo sexo e a redução de penas para o aborto.
Bergoglio virou o papa Francisco e Mauricio Macri foi eleito presidente da Argentina. A tensão entre o Vaticano e Buenos Aires –e entre os dois — continua. E Macri está fazendo tudo o que pode para arrefecê-la.
Na primeira audiência entre os dois argentinos, há oito meses, Francisco só lhe dedicou 22 minutos. Hoje, sábado 22, os dois voltaram a se encontrar, mas por mais tempo: quase uma hora.
Leia também:
Papa rejeita doação de dinheiro de Macri que continha o número 666
Prisão de kirchnerista acende tensão entre o papa e Macri
Macri levou para o evento sua esposa Juliana Awada; a pequena Antonia, filha do casal; Valentina, de 33 anos e filha de Juliana e, por fim, Agustina, filha de Macri.
“Foi uma boa reunião”, disse Macri após o encontro. “Sempre é positivo se encontrar com ele e confirmar que é um líder moral para mim”. O presidente disse que pediu conselhos sobre as políticas que tem adotado nesses meses. Eles falaram sobre o combate ao narcotráfico e a redução da pobreza com a criação de emprego de qualidade.
O papa Francisco já demonstrou seu desacordo com Macri em vários momentos este ano. Em fevereiro, mandou um rosário benzido a uma líder kirchnerista, Milagro Salas, que foi presa pela Justiça durante o governo de Macri acusada de fraude e extorsão.
Em junho deste ano, o papa recusou uma doação do presidente para uma instituição do Vaticano. Motivo: o valor continha o número 666. No mês seguinte, no dia da comemoração da independência da Argentina, o papa publicou um texto dizendo que não se pode “vender a pátria”.