China e Taiwan iniciam diálogo após décadas de silêncio
Encontro diplomático oficial é o primeiro desde a guerra civil da China, em 1949
China e Taiwan começaram, nesta terça-feira, as primeiras negociações políticas desde o final da guerra civil chinesa, em 1949, informa a rede BBC. Wang Yu-chi, por Taiwan, e Zhang Zhijun, pela China, altos funcionários diplomáticos, vão se reunir durante quatro dias na cidade chinesa de Nanjing, no Leste do país. Nenhuma agenda oficial foi liberada para a imprensa sobre o teor das negociações, que são vistas como um primeiro exercício de construção de confiança mútua para futuras conversas.
A China considera Taiwan como parte de seu território e não reconhece a independência e soberania reivindicada pelo governo taiwanês. Wang, chefe do Conselho de Assuntos Continentais de Taiwan, disse: “Meu principal objetivo durante esta visita ao continente é promover a compreensão mútua entre os dois lados”. Ele acrescentou que espera que a visita, que “não foi fácil”, transcorra sem problemas, e disse que os dois lados não assinariam nenhum acordo durante as negociações.
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Negociadores taiwaneses podem propor a permanência de representantes diplomáticos na China, cedendo o mesmo direito a diplomatas chineses. Mas eles também enfrentam pressão interna para falar sobre a liberdade de imprensa, já que Pequim recusou credenciamento para vários meios de comunicação taiwaneses que gostariam de atuar na China. “A liberdade de imprensa é um valor universal”, informou em nota o Conselho de Assuntos Continentais de Taiwan. “Nós temos dito repetidamente que o fato mais importante em relação a troca de notícias entre os dois lados é o fluxo livre e igual de informação”, prossegue o comunicado,
Dada a sensibilidade do encontro, a sala de reuniões não tinha bandeiras em exposição, e as placas de identificação dos funcionários não tinham seus títulos, informou a agência de notícias France-Presse. Pequim insiste que Taiwan é parte da China e tem um objetivo declarado de recuperar o controle da ilha. Taiwan, que oficialmente se autodenomina República da China, afirma que tem soberania sobre seu território e conta com o apoio do Ocidente para manter-se independente.
Os Estados Unidos têm um bom diálogo com os taiwaneses e estão comprometidos com a defesa de Taipei, apesar de não reconhecer formalmente Taiwan como um país independente. A situação é responsável por um impasse diplomático de décadas entre Pequim e Washington. Mas as tentativas de um estreitamento entre Taipei e Pequim melhoraram gradativamente desde que o taiwanês Ma Ying-jeou foi eleito em 2008. No mesmo ano, foram abertos voos comerciais regulares da China para Taiwan, impulsionado a economia taiwanesa e enchendo a ilha de turistas chineses que são atraídos pelos cassinos, belezas naturais e pelo ‘estilo de vida mais ocidental’ da ilha.
Pequim e Taipei também firmaram acordos comerciais que permitiram às empresas de tecnologia de Taiwan a se expandirem na China, investindo bilhões de dólares no continente. Apesar dos avanços nas relações, o presidente Ma é considerado em seu país um político pró-Pequim, informa a BBC, e pode perder as próximas eleições presidenciais, ainda neste ano.