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Bolívia: alta-costura feminina em papel e produtos reciclados

Por Por Gerardo Bustillos
22 nov 2011, 15h03

É a “arte transformada em moda, concebida para criar uma consciência ecológica”, define a estilista boliviana Marión Macedo, que está apresentando, numa exposição, 12 trajes elaborados a mão, com materiais reciclados, que incluem papel de jornal, papelão, bolsas e embalagens.

Este é o sétimo desfile de moda da estilista, que começou em 2005 com criações em papel e que, a cada ano, incursiona por novos caminhos da criatividade, desafiando sua própria imaginação e provocando à do auditório.

Desta vez, optou por uma coleção com materiais reciclados do lixo, num desfile denominado “Recíclate” e que compreende uma fusão artística de vários produtos, num esforço que pretende, também, criar uma consciência sobre o respeito ao meio ambiente. Esse esforço combina arte, moda e ecologia.

“Não só reciclamos o papel, usamos tintas vegetais, cascas de cacau…”, disse ela, ao falar sobre sua decisão de chegar a um produto ecológico “o mais puro possível”.

Desperta surpresa, no auditório, o aparecimento, na passarela, de uma graciosa modelo enfiada num simples, mas elegante, traje branco de uma só peça em papel, tecido em crochê. Em volta do pescoço e na bainha da roupa foram colocados arremates vistosos confeccionados com bolsas rosas de polietileno.

“O papel é um material nobre”, disse Marión revelando que aprendeu a “dar movimento” a ele, como se fosse uma fibra têxtil. Ela própria processa o papel que emprega em suas criações e o tece pacientemente. Confessa que “é o material com o qual sente mais conforto”, na hora de elaborar suas confecções particulares.

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A apresentadora do desfile mostra-se com uma elegante mantilha branca elaborada de papel trabalhado, adornada com pétalas vermelhas de material plástico e com franjas cuidadosamente trabalhadas. A peça acompanha seus movimentos e, em nenhum momento, revela que se trate de um material alternativo.

Cada vestido é único, elaborado a mão e incorpora múltiplos detalhes revelando um desenho exclusivo da alta-costura. Cada traje pode ser adquirido por 250 dólares e sua confecção leva em torno de uma semana.

É a primeira vez que Marión Macedo conta com o patrocínio de empresas privadas, pelo que inclui, na mostra, desenhos que incorporam materiais próprios dos patrocinadores: uma empresa mundial de refrigerantes, um laboratório farmacêutico, um jornal e um centro comercial.

Nem a modelo mais sofisticada poderia se imaginar vestindo um traje elegante confeccionado com tampas de refrigerantes, gravuras de uma gráfica ou com folhetos publicitários. A própria estilista usa um xale vermelho tecido com tiras de plástico.

Uma das criações inclui um vestido com ombreiras e amplo decote confeccionado com as embalagens de papelão de um conhecido tônico, tendo como acessório uma carteira adornada com embalagens de um tradicional unguento boliviano.

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Marión Macedo, com formação em desenho de acessórios e de papel para interiores, entrou para a criação de moda por acaso, quando o marido, um fotógrafo, tentava tirar o máximo de um traje confeccionado toscamente com pedaços de papel. Desde então, deixou-se seduzir por esta arte e a aperfeiçoou.

A modelo que usa uma roupa bordada com CDs velhos recebe aplausos e deslumbra a audiência com seus fulgurantes reflexos. Acompanha-a uma jovem de minissaia confeccionada com diminutas bolsas de nylon.

As criações são, essencialmente, para exibição, mas não faltam encomendas de roupas ou acessórios para uso pessoal como xales e colares. Em 2008, casou-se na Bolívia a primeira noiva com um vestido de papel.

Sua criatividade e destreza, levaram Macedo à Fashion Week da Holanda (2006), à Feira do Chocolate, na França, com uma pesa usada pela cantora francesa Anne-Laure Girbal (2008); também foi convidada para o Salão do Chocolate de Isetan, Tóquio (2007 e 2010) e à Bienal do Desenho, de Madri (2010).

“Há grande acolhida”, assinala a entrevistada, ao referir-se à expectativa que desperta sua técnica e suas linhas de produtos exclusivos: “Maché” (colares de papel) e “Flor-you” (flores de papel).

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