Angela Merkel é eleita a personalidade do ano pela ‘Time’
Revista elogiou atuação da chanceler alemã na crise dos refugiados, por enxergá-los "como vítimas a serem resgatadas, em vez de invasores a serem repelidos"
A líder do governo alemão, Angela Merkel, foi eleita nesta quarta-feira a personalidade do ano de 2015 pela revista Time, que se referiu a ela como “a chanceler de um mundo livre” e exaltou a sua atuação no acolhimento aos refugiados sírios. “Ao enxergar os refugiados como vítimas a serem resgatadas, em vez de invasores a serem repelidos, essa mulher criada atrás da Cortina de Ferro apostou na liberdade”, diz o texto da publicação sobre a escolha. Essa é a primeira vez em quase 30 anos que uma mulher recebe o título – a última nomeada havia sido Corazon Aquino, primeira presidente mulher das Filipinas.
Segundo a Time, Merkel, que é líder da Alemanha desde 2005, foi “peça indispensável” em momentos relevantes da Europa ao longo desses anos. Em 2015, diz a publicação, a chanceler atuou em três ocasiões cruciais para o continente: os problemas enfrentados pela Grécia, a crise dos refugiados e os atentados terroristas em Paris. “A Alemanha socorreu a Grécia, em seus termos estritos. Acolheu refugiados como vítimas, e não causadores, da selvageria do radicalismo islâmico. E enviou tropas ao exterior para combater o Estado Islâmico (EI)”, afirma o texto.
Leia também:
Contra o terror, Merkel prega união dos ‘países que amam a liberdade’
Merkel diz que imigrantes irão ‘ocupar e mudar’ a Alemanha
A revista menciona as críticas que foram disparadas contra Merkel com a política de portas abertas aos refugiados. Manifestantes alemães a chamaram de “traidora”, seus aliados a alertaram para uma revolta popular e seus oponentes mencionaram um possível colapso econômico.
“A Alemanha passou os últimos 70 anos testando antídotos para o seu tóxico passado nacionalista, militarista e genocida. Merkel lançou um conjunto diferente de valores – humanidade, generosidade, tolerância – para demonstrar como a grande força da Alemanha pode ser usada para salvar, em vez de destruir”, declara a Time. “Por exigir mais do seu país do que a maioria dos políticos nunca ousaria, por permanecer firme contra a tirania e também contra o oportunismo, e por oferecer uma firme liderança moral em um mundo em que isso é escasso, Angela Merkel é a Personalidade do Ano da Time”, conclui o texto.
Escolha – A eleição de personalidade do ano pela revista (chamada de “homem do ano” até 1999) ocorre desde 1927. A primeira pessoa a receber o título foi o aviador Charles Lindbergh, que naquele ano havia se tornado o primeiro a cruzar o Atlântico sem escalas. A escolha não é exatamente um julgamento moral. Alguns números da revista já estamparam tiranos como Adolf Hitler (em 1938), Josef Stálin (1942) e o aiatolá Khomeini (em 1979). No ano passado, os escolhidos foram os membros da equipe de combate ao ebola na África.
Os finalistas da escolha deste ano também incluíam o líder do Estado Islâmico (EI), Abu Bakr al-Baghdadi; o pré-candidato à Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump; o presidente iraniano, Hassan Rouhani; o CEO do aplicativo Uber; Travis Kalanick; Caitlyn Jenner, que se assumiu transgênero neste ano; e os ativistas americanos do grupo Black Lives Matters, que lutam contra a violência a negros no país.
(Da redação)