Ambientalistas não esperam “nada” dos estados na Rio+20
Apresentação do 'Manifesto pelo Retorno à Terra', em Paris, transformou-se em um voto de desconfiança na postura de governos e governantes
Especialistas em meio ambiente que participarão da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, afirmaram nesta terça-feira, na apresentação do Manifesto pelo Retorno à Terra, em Paris, que “não esperam nada” dos estados, e que a esperança de mudanças é a sociedade civil. “Na cúpula existirá um confronto entre os países do norte, preocupados pela crise, e as potências emergentes, que têm apenas interesse no crescimento e não querem nem ouvir falar de questões ecológicas”, disse o pesquisador Alfredo Pena Vega, que assinou o manifesto ao lado do filósofo e sociólogo francês Edgar Morin.
“Sou otimista, mas só em relação à sociedade civil, dos estados não espero nada”, afirmou Pena Vega. A opinião se soma à de organizações ambientalistas como o World Wide Fund (WWF), que alertou para o risco de fracasso da cúpula devido a falta de compromisso dos governantes.
O Brasil também foi bastante criticado por sua política ambiental e pela aprovação do novo Código Florestal. Gert Peter Bruch, diretor da ONG Planeta Amazônia, que esteve presente na apresentação do documento, presidirá um seminário paralelo à Rio+20, entre os dias 18 e 20 de junho, no qual será discutido o uso de práticas sustentáveis na agricultura.
Presidido por Morin, o seminário também contará com a presença da ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, da ex-candidata à presidência da França e ecologista Eva Joly e da ministra de Governo de Equador, María-Fernanda Espinosa.
“É necessário reforçar os laços entre o norte e o sul, entre a cidade e o campo”, disse o responsável da Federação Nacional de Agricultura Biológica das regiões da França (FNAB), Stéphanie Pageot, presente na apresentação do manifesto.
No documento, os autores asseguram que “só o meio rural permitirá um renascimento econômico sustentável em uma perspectiva de proteção do meio ambiente, de preservação dos recursos naturais, de segurança alimentar e de qualidade de vida”.
“O importante, além do fórum em si, é a etapa pós-Rio”, disse Vega Pena sobre a conferência meio ambiental das Nações Unidas, que será realizada entre os dias 20 e 22 de junho no Rio de Janeiro.
(Com EFE)
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