AI denuncia mais campos de trabalho na Coreia do Norte
Centenas de milhares de detentos são obrigados a comer ratos para sobreviver
Os campos de trabalho forçado aumentaram significativamente na Coreia do Norte nos últimos dez anos, tanto em número quanto em tamanho, denunciou a Anistia Interncional (AI) nesta quarta-feira. Mais de 200.000 pessoas estão presas em condições “atrozes” no país, assistindo às execuções de companheiros e sendo obrigados a comer ratos para sobreviver, afirma um relatório da organização de defesa dos direitos humanos baseado em imagens de satélite e depoimentos de ex-prisioneiros que conseguiram fugir.
Comparando imagens recentes de satélite com outras de 2001, o tamanho e número de campos tiveram um aumento significativo, de acordo com o documento. “Os prisioneiros têm que trabalhar em condições próximas da escravidão e são submetidos a frequentes torturas e tratamentos cruéis, desumanos, degradantes”, diz o relatório.
Jeong Kyoungil, ex-prisioneiro do campo de Yodok (na província de Hamykyong do Sul, no centro-leste do país) de 2000 a 2003, contou que a jornada de trabalho começava às 4 horas e prosseguia até as 20 horas. Depois, havia duas horas de reeducação ideológica. “Se não memorizássemos os 10 princípios éticos, não estávamos autorizados a dormir”, lembra o ex-detento. Apenas aqueles que concluíam os trabalhos tinham direito a um pote de 200 gramas de mingau. Todos os dias presos morriam, diz.
Execuções – Um outro ex-prisioneiro de Yodok calculou que 40% dos detentos morreram de fome entre 1999 e 2001. Todos os prisioneiros de Yodok presenciaram execuções públicas. No campo de Kwanliso 15, milhares de pessoas estão retidas como “culpadas de associação” ou por terem algum familiar preso. Muitos ignoram o motivo da privação de liberdade.
“A Coreia do Norte parece preparar-se para a chegada de um novo dirigente, Kim Jong-Un, e para um período de instabilidade. A grande inquietação é que os campos de prisioneiros parecem crescer realmente”, declarou o diretor da AI para região Ásia-Pacífico, Sam Zarifi. Kim Jong-Un, que tem menos de 30 anos, é considerado o suposto sucessor do pai, Kim Jong-Il, que tem saúde debilitada.
(Com agência France-Presse)