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A tragédia das crianças esqueléticas no Iêmen

Milhares de iemenitas passam fome após dois anos de guerra civil

Por Nathalia Watkins, Duda Teixeira Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 out 2016, 07h31 - Publicado em 4 out 2016, 18h53

Depois de dois anos de guerra civil, cerca de 1,5 milhão de crianças passam fome no Iêmen. Desde o mês passado, imagens de bebês desnutridos explicitaram a profundidade da crise humanitária e trouxeram a lembrança das fotos feitas na Somália e em Biafra, na Nigéria, no século passado.

Há vários motivos para explicar a crise no Iêmen. Essa nação já era o país árabe mais pobre antes de sucumbir á guerra em março de 2015, quando os houthis expulsaram o presidente Abed Rabbo Mansour Hadi.

Além disso, organizações internacionais que tentam ajudar a população enfrentam obstáculos por vezes intransponíveis. Na semana passada, uma funcionária da Cruz Vermelha foi libertada depois de mais de dez meses sequestrada pelos houthis, nome tribal pelo qual são conhecidos os xiitas iemenitas. Em agosto, um hospital da organização Médicos Sem Fronteiras no norte do país foi bombardeado pela coalizão liderada pela Arábia Saudita, que luta contra os houthis.

O bloqueio naval e aéreo imposto pela Arábia Saudita dificulta a entrada de alimentos. “O fechamento de portos e a destruição da infraestrutura gerou escassez de combustível e aumentou a dificuldade em conseguir alimentos, que estão muito caros”, diz Hailu Eregnaw Teka, coordenador  da Oxfam para o Iêmen.

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Outro fator que complicou o acesso a alimentos foi a quebra de confiança do sistema financeiro sobre o pagamento de importações, do qual o Iêmen depende para suprir 90% das necessidades. O alto preço do combustível impede que produtores agrícolas gerem alimentos e trabalho. O desemprego atinge 70% da força de trabalho e uma em cada quatro empresas foram fechadas.

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Além de enfrentarem o desemprego e a escassez, o conflito entre hutis, apoiados pelo ex-presidente Ali Abdullah Saleh, deposto em 2011, e a coalizão saudita, os civis convivem com a presença da Al Qaeda para a Península Arábica, tida como uma das facções mais perigosas do grupo que atua na região desde os anos 1990, e com o avanço dos terroristas do Estado Islâmico (EI).

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Cerca de 65% dos quase 28 milhões de habitantes são sunitas, enquanto 35% são xiitas. A divisão reflete uma disputa de poder que vai além das fronteiras nacionais. Os sunitas são apoiados pela vizinha Arábia Saudita, aliada aos Estados Unidos e outras potências ocidentais, enquanto xiitas são financiados pelo Irã.

“O Iêmen se tornou campo de batalha pela supremacia no Oriente Médio. A dificuldade americana em criticar os bombardeios sauditas contribui para o prolongamento da crise”, diz o cientista político Jamsheed Choksy, da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos.

Mais de 6,5 milhões de pessoas morreram, vítimas de bombardeios, balas de franco-atiradores ou no fogo cruzado. Cerca de três milhões de iemenitas foram internamente deslocados pelos conflitos. Ao contrário da Síria, a localização geográfica do Iêmen dificulta que a população busque um local seguro fora das fronteiras. O país faz fronteira apenas com a Arábia Saudita e Omã e fica distante da Europa.

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“É difícil exagerar no desespero que está lá. A situação humanitária vai reverberar por décadas. É importante que qualquer que seja a autoridade legítima garanta que os direitos humanos sejam respeitados para que possamos impedir que a situação piore”, diz a pesquisadora da Human Rights Watch Kristine Beckerle, que esteve no país em agosto.

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