Exposição em Londres mostra obra pictórica de Leonardo da Vinci
Estrela da mostra é a tela Salvator Mundi (O Salvador do Mundo), que o público poderá descobrir pela primeira vez desde sua autentificação este ano
Mona Lisa e seu misterioso sorriso não estarão presentes, mas uma exposição consagrada a Leonardo da Vinci, com abertura marcada para esta quarta-feira em Londres, já está sendo considerada histórica pelos ingleses. A National Gallery conseguiu reunir o maior número de pinturas do grande mestre renascentista italiano (1452-1519) nunca vistas em um só lugar, isto é, nove das 20 realizadas ao longo da vida, das quais só são conservadas 15.
A mostra é centrada no período em que Da Vinci passou na corte de Milão, nas décadas de 1480 e 1490, a serviço do governador Ludovico Sforza, ‘Il Moro’, que deu a ele dinheiro, pela primeira vez, além de tempo e espaço para se expressar.
Segundo o curador da exposição, Luke Syson, a estrela inesperada da exposição é a tela Salvator Mundi (O Salvador do Mundo), que o público poderá descobrir pela primeira vez desde sua autentificação este ano. Óleo sobre madeira pintado em 1499, ele mostra Cristo com a mão direita erguida como quem dá a bênção e a esquerda sustentando um globo de cristal. O quadro teve autoria atribuída a um de seus alunos, depois de passar mais de meio século perdido.
A pinacoteca londrina quis apresentar a ainda polêmica pintura, avaliada em cerca de 200 milhões de dólares, para que cada um possa formar seu julgamento sobre ela ao compará-la com outras do artista.
O outro ponto forte será a apresentação inédita das duas versões de A Madona das Rochas, cuja existência sempre intrigou os especialistas. O Museu do Louvre concordou, excepcionalmente, em emprestar a primeira, pintada entre 1483 e 1486, para que possa ser exibida ao lado da existente na National Gallery (1491-1508), recentemente restaurada.
A obra está inacabada, como muitas outras de Da Vinci, artista que se caracterizava, segundo o museu, pela “incapacidade de terminar as muitas” encomendas. “Quando olhamos de perto, observamos que algumas partes do quadro vão apenas um pouco além do esboço inicial, por exemplo a mão do anjo apoiando costas do Menino Jesus”, explicou Larry Keith, diretor de Conservação da pinacoteca britânica.
O público poderá também ver pela primeira vez juntos os três retratos criados em Milão pelo gênio florentino, entre eles A Dama com Arminho (1488/90), considerada sua obra mestra desse período, embora tenha sido ofuscada, numa fase posterior, pela Mona Lisa (1503-1506), que hoje não sai do Louvre.
Roubado por nazistas e devolvido depois da II Guerra Mundial, A Dama com Arminho, um óleo que representa uma amante do duque de Sforza, conclui em Londres um périplo que já o levou a Madri e a Berlim. Os outros dois são Le Musicien, O Músico (1485/87), o único retrato de homem realizado por Leonardo da Vinci e La Belle Ferronnière (1492-1494).
A fase milanesa do pintor, escultor, arquiteto, filósofo e engenheiro esteve também marcada pela A Útima Ceia, que estará representada por “uma de suas melhores cópias” utilizada para a restauração do mural original. Cinquenta desenhos relacionados às pinturas, muitos deles emprestados pela rainha Elizabeth II da Inglaterra, completam a exposição, que poderá ser vista até o dia 5 de fevereiro.
Apesar de os organizadores terem decidido limitar o número de visitantes para evitar a multidão, Leonardo da Vinci: Pintor da Corte de Milão pode ultrapassar o recorde estabelecido em 2007 por Velázquez, que atraiu mais de 300.000 pessoas. “Já vendemos um número sem precedentes de entradas”, anunciou o site da National Gallery.
(Com agência France-Presse)