Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Veteranas temem pelo futuro do futebol feminino

Cristiane e Formiga criticaram a falta de apoio à modalidade no Brasil. Técnico Vadão ainda ressaltou os perigos da falta de renovação na equipe

Por Luiz Felipe Castro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 17 ago 2016, 00h13 - Publicado em 16 ago 2016, 23h01

O filme se repete a cada quatro anos ou um pouco menos. Depois de cada boa campanha da seleção feminina, especula-se os motivos para a modalidade não decolar no Brasil. Machismo? Desinteresse? Falta de iniciativa dos políticos e dirigentes? Vários fatores convergem para o mesmo cenário. E depois de uma dolorosa derrota, diante da Suécia, na semifinal da Rio-2016 no Maracanã, as principais atletas brasileiras e o treinador Oswaldo Alvarez, o Vadão, já admitem desânimo.

Maior artilheira da história da Olimpíada (entre homens e mulheres) com 14 gols, a atacante Cristiane foi dura ao falar sobre a falta de apoio à modalidade e às eternas promessas de dirigentes. “Eu não sei nem se com a medalha de ouro o futebol feminino mudaria. No Brasil, a gente tem essa coisa de só valorizar o título. Tivemos três medalhas de prata, duas olímpicas e uma na Copa do Mundo, e não aconteceu nada. (…) Não se pode só ajudar a modalidade quando ganha”, disse a atleta do Paris Saint-Germain, da França.

Leia também:
Futebol feminino dá lição de fair play
O jogo virou: futebol é motivo de orgulho na Rio-2016
Marta vale Ouro. E não precisa ser melhor que Neymar

Cristiane listou alguns fatores que impedem o desenvolvimento da modalidade e afirmou que o apoio dado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) – que criou uma seleção permanente em 2015, nos moldes do que é feito nas potências mundiais – ainda é muito pouco.

“O futebol feminino não faz parte da nossa cultura. Não tem nas escolas, nas escolinhas, não é como nos Estados Unidos onde as crianças dormem e acordam pensando em futebol. Espero que não só a CBF continue com o projeto, mas as confederações, que eles tenham essa vontade de investir. E não adianta ser um mês antes da Olimpíada, porque não dá para fazer milagre.”

Continua após a publicidade

Renovação – O técnico Vadão, que tem contrato até o fim da Olimpíada e diz que aguarda contato dos dirigentes para definir seu futuro, ressaltou um fator importante: a ausência de reposição para as veteranas como Marta, Formiga e Cristiane. “Nós estamos num momento de transição, com atletas importantes quase que encerrando seus ciclos e nossa reposição é muita lenta. Se não tomarmos uma providência agora, teremos uma lacuna de cinco a dez anos sem reposição adequada.”

Na sequência, Vadão defendeu quem paga seu salário. “Tudo que está nas mãos da CBF vai continuar. Nossa dúvida é se haverá apoio em outros órgãos, como governos, prefeituras, escolas, a estrutura. A CBF é o final da história, ela só seleciona os atletas. O que desenvolve as atletas são os clubes, as escolas, como em outros países. No Brasil, a menina de oito anos não quer jogar futebol. Se quiser, vai ter que fazer escolinha no meio de homens.”

A sueca Sofia Jakobsson disputa jogada com a brasileira Formiga
Formiga, 38 anos, disse que deixará a seleção brasileira no fim do ano e acredita que a seleção precisa se renovar (Buda Mendes/Getty Images)

Jogadora mais ovacionada pela torcida no Maracanã nesta terça-feira, Formiga, de 38 anos, concorda que é preciso renovar a seleção. “Acredito que se houvesse um trabalho de base, poderíamos ter uma safra boa. Infelizmente, não vou ficar aqui para sempre, a Cristiane e a Marta também não. Isso só prova que precisamos dar mais atenção ao futebol feminino para acelerar esse processo, porque as outras seleções se renovaram e a gente ainda está muito devagar.”

Continua após a publicidade

Formiga disse que jogará pela seleção permanente até dezembro, quando se encerra seu contrato, e que pretende jogar futebol por mais dois anos, mas longe da seleção. Cristiane, de 31 anos, e Marta, de 30, evitaram falar sobre aposentadoria da equipe nacional. “Não sei, não quero pensar nisso não. Vamos buscar a medalha de bronze agora e curtir a família. Vou deixar para pensar depois”, disse Cristiane.

“Eu não consigo pensar em nada agora”, despistou Marta, a grande estrela da equipe, que terá 34 anos nos Jogos de Tóquio-2020. Vice-campeã olímpica em Atenas-2004 e Pequim-2008, Marta disse que perder em casa foi uma grande decepção. “A gente não quer decepcionar o povo que vem apoiando o futebol feminino. Acredito que eles também sabem o quanto a gente batalha e puderam perceber o quanto a gente se entregou esse tempo todo. Vamos continuar assim, a gente tem a chance de subir nesse pódio.”

 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.