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Palmeiras campeão: nenhuma estrela, vários heróis

Elenco forte, apostas certeiras e jogo eficiente foram as marcas do nono título brasileiro da equipe alviverde. Para você, quem foi o destaque?

Por Luiz Felipe Castro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 27 nov 2016, 19h04 - Publicado em 27 nov 2016, 19h03

Foram longos 22 anos com o grito de campeão brasileiro entalado na garganta. Muitos dos torcedores que celebram na tarde deste domingo o nono título do Palmeiras sequer se lembram da espetacular equipe que levantou a taça em 1994 diante do rival Corinthians. Aquele esquadrão dirigido por Vanderlei Luxemburgo ficou marcado pelo brilho individual de craques como César Sampaio, Roberto Carlos, Mazinho, Rivaldo, Edmundo e Evair. Neste ano, a festa foi tão grande quanto, mas em um cenário diferente: o Palmeiras de 2016 foi um time extremamente competitivo e equilibrado, mas sem pompa. Um legítimo campeão, sem nenhuma estrela, mas com vários destaques.

Não é possível comparar o futebol brasileiro da década de 90 com o atual. Naquela época, ainda era possível segurar por mais tempo os jogadores de seleção brasileira por aqui. Hoje, invariavelmente, quem se destaca já pode preparar as malas para a Europa – ou para a China – como é o caso de Gabriel Jesus, o maior ídolo do atual elenco, já de malas prontas para o Manchester City. E nem mesmo camisa 9 da seleção e artilheiro do time no ano conseguiu se destacar individualmente. O eneacampeonato do Palmeiras não tem um único protagonista.

A diretoria soube se aproveitar do apoio fundamental da patrocinadora e investiu em um elenco inchado e qualificado. Destaques do ano passado, como Fernando Prass, Dudu, Victor Hugo e Gabriel Jesus ganharam melhores companhias. Um dos segredos foi justamente o sucesso de apostas até então pouco conhecidas como Jailson, Tchê Tchê, Moisés e Roger Guedes, aliado ao poder de decisão de veteranos como Jean, Zé Roberto, Cleiton Xavier e Alecsandro, entre outros. A estratégia do técnico Cuca e a força da torcida na reformada arena também foram fundamentais. Vote na enquete e relembre a importância de cada um dos personagens:

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Cuca

Antes mesmo de o campeonato começar, o treinador fez uma promessa aos torcedores: o Palmeiras seria campeão. E Cuca, palmeirense desde a infância no Paraná, cumpriu seu objetivo com extrema dedicação. Seu grande mérito foi manter todo o grupo motivado e unido, sempre correndo mais que o adversário. Teve pulso para manter as revelações na equipe e deixar no banco nomes renomados como Cleiton Xavier, Alessandro, Rafael Marques e Lucas Barrios – que, quando entraram, também corresponderam. Cuca chegou a ser contestado por ter um estilo de jogo rústico, abusando dos cruzamentos na área. Mas seu objetivo era vencer e não dar espetáculo. Com jogadas ensaiadas, uma bola parada muito forte e se aproveitando da qualidade do elenco, Cuca ganhou o coração do torcedor palmeirense. E seu primeiro título brasileiro.

Leandro Pereira comemora com o treinador Cuca, após marcar o segundo gol do Palmeiras sobre o Santa Cruz, em Recife
Cuca abraça Leandro Pereira após gol contra o Santa Cruz. Treinador soube manter todos motivados (Clelio Tomaz/AGIF/Folhapress)

Gabriel Jesus

Revelado nas categorias de base do clube, o atacante de 19 anos desabrochou em 2016. Depois do sucesso na Rio-2016, logo foi vendido para o Manchester City e se tornou a grande aposta de Tite na seleção brasileira. Terminou como artilheiro da seleção no ano, ao lado de Philippe Coutinho. Apesar do sucesso, Gabriel Jesus manteve uma postura humilde no Palmeiras, sem qualquer tipo de afetação. Chegou até a ser cobrado em alguns momentos, mas foi, sem dúvidas, um dos destaques do time na conquista. Marcou 12 gols no campeonato e se despediu do clube com o dever cumprido antes de iniciar sua trajetória na Europa. 

Gabriel Jesus se emocionou ao marcar diante do Atlético-MG, em BH
Gabriel Jesus se emocionou ao marcar diante do Atlético-MG, em BH, na reta final (Tomas Cintra/Estadão Conteúdo)

Dudu

De baixinho indisciplinado a um capitão gigante. Inconstante, Dudu viveu momentos de vilão e herói em 2015, mas alcançou a maturidade sob o comando de Cuca. Ganhou do técnico a faixa de capitão e novas responsabilidades: o atacante de 24 anos chegou a admitir certo incômo em ter que voltar muito mais para ajudar na marcação, atuando muitas vezes como um meio-campista. Mas soube abrir mão do protagonismo do ano anterior e, com um jogo mais sóbrio e solidário, gols e assistências importantes, foi fundamental na conquista e se consolidou como um dos grandes ídolos da história recente do Palmeiras.

O jogador Dudu comemora gol na partida entre Fluminense e Palmeiras , válida pela 22ª rodada do Campeonato Brasileiro, realizada no Estádio Mané Garrincha, em Brasília (DF) - 28/08/2016
Dudu se tornou capitão do time em 2016 e se adaptou bem às novas funções táticas (Adalberto Marques/DiaEsportivo/Folhapress)

Tchê Tchê

No início do ano, os palmeirenses mal sabiam da existência de Danilo Neves, o popular Tchê Tchê. No entanto, o espetacular estadual com o Audax, vice- campeão paulista, com direito a golaço contra o Corinthians na semifinal em Itaquera, fez brilhar os olhos do Palmeiras: o jogador versátil e de apelido exótico chegou ao clube sem pompa, mas se tornou um dos heróis do titulo. Meio-campista de bom passe, personalidade forte e chegada no ataque, marcou gols decisivos e foi uma referência do campeão brasileiro, aos 24 anos.

Campeonato Brasileiro - Corinthians x Palmeiras
Tchê Tchê chegou do Audax como coadjuvante e terminou o ano como peça fundamental do mei0-campo (Heitor Feitosa/VEJA.com)

Paulo Nobre

Aos trancos e barrancos, Paulo Nobre venceu. Advogado de formação, ex-piloto de rali, dono de um fundo de investimentos e um apaixonado palmeirense, ele assumiu a presidência do Palmeiras em 2013, em uma situação completamente diferente da atual. Nobre assumiu riscos: emprestou mais de 150 milhões de reais do próprio bolso ao clube, peitou as torcidas organizadas e preferiu economizar em 2014, no ano do centenário do clube – levou sorte, pois o clube escapou, por muito pouco do rebaixamento – confiando em um futuro brilhante. Reeleito e, impulsionado pela apoio milionário da patrocinadora, a Crefisa, revolucionou o clube a partir de 2015. Contratou um braço-direito, o diretor de futebol Alexandre Mattos, dezenas de atletas, investiu nos programas de sócio-torcedor e manteve o sonho por títulos. Muitas vezes perdeu a cabeça, com declarações e reações intempestivas, mas não perdeu o foco e termina seu mandato na presidência do clube com o título brasileiro que não vinha há mais de duas décadas.

A gestão do Palmeiras que enche os estádios
Presidente Paulo Nobre nos estúdios de VEJA. Suas estratégias deram resultado em 2016 (VEJA.com/VEJA/VEJA)

Yerry Mina

Contratação mais badalada do segundo semestre, o zagueiro colombiano de 22 anos nem precisou de tempo para se adaptar. Do alto de seu 1,95 m, já chegou limpando tudo na defesa, marcando gols, e divertindo a torcida com suas danças exóticas. Formou uma dupla excelente com o também fundamental Vitor Hugo, outro xodó da torcida. O sucesso foi tanto que Mina já recebeu propostas até do Barcelona.

Mina, do Palmeiras, comemora com dancinha após marcar gol sobre o São Paulo, no Allianz Parque
Colombiano Mina chamou a atenção por seus gols – e também pelas dancinhas (Marcos Bezerra/Futura Press/)

Jailson

O goleiro de 35 anos, até então desconhecido, entrou em uma fogueira e tanto: com a lesão do maior ídolo da equipe, o goleiro Fernando Prass, Jailson recebeu sua aguardada chance. Tal qual “São Marcos” – o histórico goleiro também assumiu a titularidade de forma inesperada com a lesão de Velloso em 1999 -, Jailson não se intimidou com a oportunidade da vida. Foi um muro quase intransponível e, com ele, o Palmeiras nao perdeu uma partida sequer. Depois de anos rodando por clubes como Oeste, Guaratinguetá e Ceará, o goleiro, enfim, alcançou a consagração na profissão.

Campeonato Brasileiro - Corinthians x Palmeiras
Jailson do Palmeiras durante vitória por 2 a 0 sobre o Corinthians. Goleiro não perdeu nenhum jogo (Heitor Feitosa/VEJA.com)

Jean

O polivalente jogador chegou sob certa desconfiança ao Palmeiras no início de 2016, mas mostrou que todos os títulos que conquistou na carreira não foram à toa. Seja na lateral direita ou como volante, Jean manteve um alto nível de regularidade. O jogador ainda provou ter estrela, ao marcar gols em momentos cruciais – é o vice-artilheiro do time no torneio, com seis bolas na redes. Este foi o seu terceiro título do Brasileirão – venceu também pelo São Paulo, em 2008, e pelo Fluminense, em 2012.

Campeonato Brasileiro - Corinthians x Palmeiras
Jean, 30 anos, conquistou seu terceiro título brasileiro (Heitor Feitosa/VEJA.com)

Moisés

O volante mineiro foi outra contratação certeira do diretor de futebol Alexandre Mattos. Moisés, de 28 anos, teve passagens por Coritiba, Sport e Portuguesa e estava esquecido no Rijeka, da Croácia, antes de chegar ao Palestra Itália. Com muita vitalidade e também qualidade na armação das jogadas, Moisés agradou rapidamente o técnico Cuca e se tornou peça importante no esquema do campeão brasileiro – inclusive com a potência de seus braços, nas cobranças de lateral na área do adversário, uma das armas do time.

O jogador Moisés, do Palmeiras, comemora gol diante do Corinthians, em partida válida pela 26ª rodada do Campeonato Brasileiro, realizada no Itaquerão, zona leste de São Paulo (SP) - 17/09/2016
Moisés (à  esq.) celebra gol contra o Corinthians, em Itaquera, com Leandro Pereira (Heitor Feitosa/VEJA.com)

Zé Roberto

“O Palmeiras é grande”. O discurso de Zé Roberto que inflamou o vestiário, ainda no início da temporada passada, ganhou ainda mais força em 2016. Aos 42 anos, o jogador consagrado na Europa provou que ainda tinha muita lenha para queimar. Se revezando entre a lateral e o meio-campo, Zé Roberto também foi extremamente regular e protagonizou alguns dos momentos marcantes da campanha, como o golaço na vitória sobre o Santa Cruz, em Recife, e a bola tirada em cima da linha no empate com o Cruzeiro, em Araraquara.

O jogador Zé Roberto, do Palmeiras, durante partida contra o Atlético-MG, válida pela 16ª rodada do Campeonato Brasileiro, realizada na Arena Palmeiras, em São Paulo (SP) - 24/07/2016
Zé Roberto, 42 anos: experiência e talento do lateral foram decisivos em várias partidas (Felipe Cotrim/VEJA.com)
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