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Opinião: ida do Figueirense ao STJD é a vitória da esculhambação

Ajuda eletrônica e profissionalização dos árbitros não salvarão, sozinhas, o futebol nacional. A cara de pau dos dirigentes é tão danosa quanto

Por Luiz Felipe Castro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 19 out 2016, 17h14 - Publicado em 19 out 2016, 10h06

O Campeonato Brasileiro, que ao longo de sua história já registrou “viradas de mesa” e outras vergonhosas manobras por meio do “tapetão”, parece ter chegado a seu ponto máximo de esculhambação. Em uma edição que tinha tudo para ser lembrada como a mais empolgante da era dos pontos corridos, com três equipes disputando o título em pé de igualdade, mais uma vez a arbitragem e os tribunais entraram em cena.  Seguindo os passos do Fluminense – que, ressalte-se, ao menos tem uma base legal para protestar (interferência externa) –, o Figueirense anunciou que pedirá junto ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) a anulação da partida contra o Palmeiras. De fato, o time catarinense foi bastante prejudicado pela arbitragem na derrota do último domingo, mas entrar com um recurso por isso beira o ridículo.

Após o duelo, o Figueirense reclamou (com razão), de um pênalti não marcado em Rafael Silva e de irregularidades nos dois gols palmeirenses na vitória por 2 a 1 no Orlando Scarpelli. O Palmeiras, líder da competição, foi claramente beneficiado na ocasião, da mesma forma que já foi prejudicado em outras oportunidades – assim como rigorosamente todas as equipes do Brasileirão. O Figueirense até tentou arranjar uma brecha no regulamento para justificar seu pedido de anulação: alegou “erro de direito” no lance que gerou o segundo gol, um arremesso lateral de Dudu que terminou no gol de Jean.

O Figueirense alega três irregularidades: Dudu não estava de frente para o campo no momento do arremesso lateral, fez a cobrança em movimento e a bola quicou fora do campo antes de alcançar outro jogador do Palmeiras. “Por entender que a arbitragem errou na aplicação direta da regra, o jurídico afirma que houve erro de direito e que o mesmo alterou o resultado da partida”, justificou o 18º colocado, em documento protocolado no STJD.

É evidente que a tentativa desesperada do Figueirense não surtirá efeito, já que erros semelhantes aconteceram aos montes e, caso o STJD acatasse a decisão, outras equipes fariam o mesmo e o Brasileirão 2016 não terminaria nunca. De todas as falas intempestivas do presidente do Figueirense, Wilfredo Brillinger – chegou a repetir o discurso de (mau) perdedor de Levir Culpi ao dizer que “o campeonato está manchado” – há uma verdade absoluta: “O futebol brasileiro está vergonhoso. Não tem credibilidade nenhuma.”

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De fato, há muito a se lamentar no futebol nacional, inclusive o comportamento dos cartolas e dos atletas de todas as equipes. É cada vez mais comum ver dirigentes convocando coletivas para protestar contra a arbitragem quando são prejudicados e, rodadas depois, minimizarem os erros cometidos a seu favor. O pior de tudo é a constatação de que o “mimimi”, que tem o único intuito de pressionar os árbitros, surte efeito. Há anos discute-se a necessidade de profissionalizar os apitadores e dar a eles as melhores condições para desenvolver seu trabalho, o que também inclui a ajuda eletrônica. No entanto, dirigentes e atletas seguem fazendo de tudo para atrapalhar.

O lance que gerou toda a “mancha” no Brasileirão – o gol anulado de Henrique no Fla-Flu – teve início no hábito dos atletas de protestar contra a arbitragem mesmo quando estão errados. Despreparados, o bandeira Emerson Augusto de Carvalho e o árbitro Sandro Meira Ricci caíram na pressão (primeiro dos atletas do Fluminense e depois na do Flamengo e do inspetor de arbitragem Sérgio Santos) e fizeram uma lambança que estragou o bom clássico em Volta Redonda e, possivelmente, todo o campeonato.

Rubros-negros têm razão ao afirmar que o gol foi bem anulado. Tricolores também, ao ressaltar que interferência externa é ilegal. A partir daí, o presidente do Palmeiras entrou em cena, junto com o do Fluminense. Depois o do Figueirense. Depois o STJD e os advogados. Quem será o próximo? Está tudo errado e a ajuda tecnológica e a profissionalização dos árbitros não irão salvar, sozinhas, a desmoralização do futebol nacional.

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