O jogo virou: futebol é motivo de orgulho na Rio-2016
Enquanto natação, vôlei e basquete do Brasil decepcionam, o futebol, patinho feio em Olimpíadas, garante fortes emoções
Dirigentes corruptos, calendário desumano, clubes falidos, estádios vazios e por aí vai. O futebol brasileiro não mudou da noite para o dia e segue bem longe do cenário ideal. No entanto, na Olimpíada do Rio de Janeiro, o desempenho das seleções feminina e masculina empolga, enquanto outras modalidades mais “nobres”, como natação, vôlei e basquete acumulam decepções para os brasileiros.
A Olimpíada, sobretudo na categoria masculina, é vista como uma competição secundária no futebol – tanto que astros como Lionel Messi, Cristiano Ronaldo e Zlatan Ibrahimovic, ocupados com Copa America e Eurocopa, abriram mão de vir ao Rio. No entanto, o fato de jogar em casa (onde já viveu dois traumas em Copa do Mundo) e a falta de uma medalha de ouro no currículo fizeram da Rio-2016 quase uma obrigação para o Brasil, que escalou Neymar como um dos três atletas com idade acima de 23 anos.
O desempenho dos meninos de Rogério Micale no torneio foi de menos a mais: dois empates revoltantes e sem gols contra África do Sul e Iraque, e duas vitórias convincentes, com apoio total da torcida, contra Dinamarca e Colômbia. Mais entrosado, o time caminha firme rumo ao título que insiste em escapar. E, por mais que ainda enfrente o ranço de alguns torcedores machucados pelos vexames recentes, vem demonstrando o que a seleção mais precisa: uma identidade ofensiva.
A equipe feminina, por sua vez, teve um começo brilhante, mas enfrentou dificuldades na última partida. Guiadas pela incrível Marta e com o apoio fundamental de Formiga, Cristiane e cia, as meninas encantaram a torcida com goleadas sobre China e Suécia – e também com um espírito de luta que não se via na equipe masculina. A onda do “Marta é melhor que Neymar” ganhou as arquibancadas e as redes sociais e transformou a seleção treinada por Vadão em xodó da Rio-2016.
Nas quartas de final, porém, o time não brilhou e só garantiu a classificação graças às defesas de Bárbara na decisão por pênaltis no Mineirão. Marta, que errou sua cobrança, recebeu a chance de, enfim, chegar à consagração total. O time feminino precisa mais do titulo olímpico (tão importante quanto a Copa do Mundo da categoria) do que o masculino. Seria a chance de, talvez, receber o apoio e atrair o interesse popular que jamais tiveram.
As seleções brasileiras estão nas semifinais – eles contra Honduras, elas contra a Suécia. E, ironicamente, ambos podem encontrar na final no Maracanã um adversário indigesto: a Alemanha, em chance perfeita para exterminar fantasmas e iniciar uma retomada de paz e amor com a torcida – ou de voltar a estaca zero com uma nova decepção.