Nota baixa que eliminou Medina vira escândalo no surfe
Brasileiro perdeu a chance de liderar o Mundial ao ser eliminado por surfista local na 3ª fase em Trestles, em decisão bastante contestada da arbitragem
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A eliminação do surfista brasileiro Gabriel Medina na terceira fase da etapa de Trestles, nos Estados Unidos, se tornou um escândalo para a Liga Mundial de Surfe. O campeão de 2014 perdeu sua bateria para o americano Tanner Gusdaukas em uma decisão bastante contestada dos árbitros. Outros concorrentes ao título e até mesmo os narradores oficiais da Word Surf League (WSL) saíram em defesa de Medina, considerando que o brasileiro merecia uma nota superior. O brasileiro, que perdeu a chance de terminar a etapa na liderança, também desabafou nas redes sociais.
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“Hora de ir para casa. Muito triste, eu dedico ou dediquei minha vida para isso. Estou cansado, cansei”, escreveu Medina no Instagram. Na disputa pelo bicampeonato mundial, no sábado, Medina foi derrotado por 17.13 pontos, contra 17.34 do americano, que disputa a etapa como surfista local convidado. Faltando apenas 13 minutos para o final da bateria, após um 8.67 de seu adversário, Gabriel precisava de um 8.34 para superá-lo e, apesar de ter conseguido aproveitar bem a onda, com uma série de manobras e rasgadas, obteve somente 8.30.
Inconformado, o brasileiro chegou a aplaudir ironicamente os árbitros depois da derrota. Até mesmo os comentaristas da transmissão online do site oficial do torneio se assustaram com a decisão. “Como assim?”, questionou o ex-surfista australiano Barton Lynch, embaixador da marca de roupas que patrocina o evento na Califórnia e comentarista da WSL, ao ver a nota de Medina. “Todos estão um pouco chocados. Achei essa a melhor onda da bateria (…) Não tem como, essa onda do Gabriel definitivamente foi melhor que o 8.50 do Tanner. Não há nenhuma dúvida para mim”, completou Lynch, campeão mundial em 1988.
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Cinco juízes são responsáveis por avaliar cada manobra do circuito mundial de surfe; a maior e a menor nota são descartadas e a média é feita com as outras três. Por sua incrível sequência de aéreos, Medina recebeu notas 8.20, 7.80, 8.20, 8.50 e 8.80 – dois juízes lhe deram a vitória, mas, pela média, ele terminou com a insuficiente nota 8.30.
Mesmo com a eliminação precoce, Gabriel Medina segue na briga pelo segundo título mundial. No ranking da WSL, o surfista está na terceira colocação, atrás apenas de Matt Wilkinson, que caiu na segunda fase, e do havaiano John John Florence, que foi eliminado na mesma etapa que Medina. Caso tivesse conseguido chegar à semifinal dos EUA, o brasileiro assumiria a liderança da temporada. Os brasileiros Filipe Toledo e Alex Ribeiro seguem na disputa em Trestles, nas quartas de final.
Reações – Vários surfistas e ex-atletas saíram em defesa de Medina nas redes sociais. “Demorei um pouco para colocar essa foto porque eu sei que as pessoas querem falar sobre isso: a bateria de Medina. Nenhum desrespeito com Tanner, mas sinceramente eu acho que ele conseguiu a nota que precisava no fim. Sei que a tarefa dos juízes não é fácil, mas acredito que a onda de Gaby foi excelente. Claro, essa é a minha opinião. Qual a de vocês?”, escreveu o o taitiano Michel Bourez no Facebook.
“Quando há noites sem dormir, incontáveis horas de preparação e duras lições aprendidas com decepções do passado, é difícil não se sentir frustrado ao não ser recompensado em momentos-chave como este. Talvez seja hora de descobrir o que os juízes veem e entendem como bom surfe, em comparação com o que os melhores surfistas do mundo veem e entendem como bom surfe, se é que isso poderia ser diferente.”, escreveu o americano Julian Wilson, quinto colocado do mundial, em postagem em que marcou Medina.
Ricardo Bocão, um dos pioneiros do surfe no Brasil, disse que a decisão dos árbitros foi “uma vergonha” e cobrou a suspensão dos responsáveis.