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Governo da Rússia comandou operação de doping

Investigação da Wada revelou esquema para encobrir doping de russos nos Jogos de Inverno de Sochi em 2014. Federações pedem banimento do país na Rio-2016

Por Da Redação Atualizado em 18 jul 2016, 16h06 - Publicado em 18 jul 2016, 10h58

Uma investigação realizada pela Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês) revelou que a Rússia fraudou exames antidopings de seus atletas com a colaboração do governo do país em eventos esportivos como os Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi, em 2014. O relatório divulgado nesta segunda-feira confirma as declarações de Grigory Rodchenkov, ex-diretor do laboratório antidopagem russo, que em maio revelou ao jornal New York Times que testes positivos foram encobertos por ordem de oficiais enviados pelo governo da Rússia.

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A Rússia, que já está banida do atletismo da Olimpíada do Rio de Janeiro por causa de um escândalo de doping, agora pode ficar fora de todas as competições dos Jogos no Brasil. No último fim de semana, vazou uma carta que deveria ser publicada apenas nesta segunda-feira, assinada pelas federações dos Estados Unidos e o Canadá, pedindo o apoio de outras federações para pressionar o Comitê Olímpico Internacional (COI) a banir a Rússia de todas as modalidades da Rio-2016.

O pedido gerou controvérsia por ter sido realizado antes da denúncia da Wada. “Este e-mail me chocou em diversos níveis. Primeiro porque parece haver uma tentativa de acordo a favor de uma punição antes mesmo de todas as provas serem apresentadas”, disse o presidente dos Comitês Olímpicos Europeus (EOC), Pat Hickey.

“É evidente, então, que a independência e a confidencialidade deste relatório estão comprometidas”, insistiu Hickey, em comunicado. Segundo ele, três agências antidoping europeias teriam sido comunicadas para assinar esta carta.”É evidente que apenas os entidades que apoiam a exclusão total da Rússia foram contatadas”.

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Denúncias – O relatório divulgado nesta segunda-feira foi produzido por Richard McLaren, um professor e advogado canadense comissionado pela Wada e pelo Tribunal Arbitral do Esporte (TAS). O documento estabelece que o Ministério do Esporte russo, a agência antidopagem e o serviço federal de segurança do país estavam “envolvidos em um elaborado esquema de trapaça que se estendeu além dos Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi.”

“A surpresa no resultado da investigação de Sochi foi a revelação da extensão da supervisão e controle diretivo do laboratório de Moscou no processo e acobertamento das amostras de urina dos atletas russos de todos os esportes antes e depois dos Jogos de Sochi”, escreveu McLaren. O documento afirma ainda que exames de vários atletas do Mundial de Atletismo de Moscou-2013 foram substituídas antes do envio a outro laboratório da Federação Internacional de Atletismo (IAAF).

O investigação da Wada confirmou as declarações do médico Rodchenkov, que, em maio, revelou que o serviço secreto russo “violou as garrafas” onde estavam armazenadas a urina de atletas dopados, incluindo 15 medalhistas olímpicos, e que o governo russo desejava “vencer a qualquer custo”. Exilado nos Estados Unidos, Rodchenkov alega ainda que dopou atletas para as Olimpíadas de Londres-2012,  entre outros torneios de atletismo.

O ministro do Esporte, Vitaly Mutko, declarou recentemente em coletiva que, em caso de comprovação de fraude, a Rússia irá punir as pessoas envolvidas e não toda a delegação de atletas. Mutko acredita que “mais nenhum atleta será desqualificado da Rio-2016”.

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O ex-deputado do Ministério do Esporte, Yuri Nagorny, afastado após a revelação dos escândalos, disse ao New York Times, em maio, que, comprovada a fraude, a Wada também deveria ser responsabilizada por “erros regulatórios”, uma vez que a agência também trabalhava no monitoramento dos exames de Sochi-2014.

Putin – Em janeiro, uma comissão independente da Wada já havia apontado participação do presidente russo Vladimir Putin no escândalo de doping no atletismo do país. Escrito por Dick Pound, o chefe da comissão, o documento denunciou a “corrupção enraizada na IAAF” e destacou que os casos não foram apenas isolados e que Putin sabia de tudo. No informe, os investigadores revelam uma relação bem próxima entre o ex-presidente da entidade, o senegalês Lamine Diack, e Putin.

Putin sempre negou participação nos escândalos e pediu que as punições fossem individualizadas. “Se alguém está violando as regras em vigor, a responsabilidade tem que ser individual. Os atletas que nunca foram dopados não devem pagar o preço pelos outros”, disse. Historicamente, a Rússia é acusada de acobertar casos de doping desde os tempos da União Soviética.

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