A Federação Internacional de Futebol (Fifa), que anunciou nesta terça-feira uma série de medidas para lutar contra a manipulação de resultados, divulgou logo em seguida documentos que revelam um esquema de ‘compra’ de gols.
“Queremos que sua equipe tome dois gols no primeiro tempo e vocês poderão fazer um também após levar o quarto. A recompensa será de 100.000 dólares”, escreveu uma pessoa identificada como Wilson Raj Perumal, de Cingapura, num email destinado a uma seleção nacional cujo nome não foi divulgado pela Fifa.
A mensagem, enviada em agosto de 2009, foi exibida pela entidade numa coletiva na qual foram apresentadas as novas ferramentas que serão usadas para lutar contra a manipulação de resultados, negócio que gera entre 5 e 15 bilhões de euros por ano.
Raj, nascido em Cingapura, residia em Londres antes de ser preso em fevereiro na Finlândia, onde cumpre uma pena de dois anos por ter manipulado uma partida no país.
Em outro email divulgado pela Fifa, ele tenta convencer o destinatário a montar uma equipe jovens para participar de um torneio Sub-21 totalmente manipulado.
“Posso influenciar a partida em seu favor, deixe-me fazer isso”, diz a mensagem.
Em outro email de 2009, que teve como assunto “Torneio de jovens de quatro nações”, Raj oferece outro ‘negócio’ ao seu interlocutor: “Não precisa complicar sua vida ao dizer que você quer vencer o jogo, tem muito dinheiro a ganhar com isso”.
Numa carta manuscrita encontrada em seu domicílio, Raj explica suas motivações. “Cresci numa região onde as apostas de futebol e a manipulação de resultados fazem parte de um estilo de vida”, explicou.
Ele também confessa ser apenas um ‘Mickey’ neste negócio, alegando que existem “atores muito mais importantes no mercado”.
Raj revela que considera fácil corromper jogadores, técnicos e empresários em países onde é difícil viver apenas do futebol.
“Alguns jogadores que conheci viviam em condições terríveis. Em seis meses, suas vidas deram um giro de 360 graus. Compraram uma casa, seus filhos foram para as melhores escolas. Eles chegaram a me agradecer por ter recebido esta oportunidade”, relatou.
Em outra carta, Raj explica que “a maioria das federações e das equipes de futebol tem problemas financeiros. Se você oferecer a elas um adversário disposto a arcar com todas as despesas para organizar um jogo amistoso, te acolhem de braços abertos”, completou.