San Millán de la Cogolla (Espanha), 10 mai (EFE).- O ex-jogador e treinador de futebol, Jorge Valdano, defendeu nesta quarta-feira a relevância social e cultural do futebol, que, segundo ele, é o tema que mais gera conversas no mundo e foi, junto com o cinema, o ‘grande fenômeno’ do século 20.
Valdano pronunciou hoje a conferência de abertura do sétimo seminário sobre Linguagem e Jornalismo realizado em San Millán de la Cogolla, em La Rioja, no norte da Espanha, que aborda o uso do idioma espanhol no jornalismo esportivo.
O seminário foi inaugurado pela princesa das Astúrias, Letizia Ortiz, e no ato discursaram também o presidente do governo de La Rioja, Pedro Sanz, o presidente da Agência Efe, José Antonio Vera, o diretor da Real Academia Espanhola, José Manuel Blecua, e o executivo-chefe do BBVA, Ángel Cano.
Valdano rejeitou a máxima que o futebol seja ‘o ópio do povo’, mas ressaltou que os torcedores ‘exacerbam seu orgulho’ no futebol, porque ‘sem paixão este esporte não seria um fenômeno sociológico’.
Afirmou também que, com muitos jogos de futebol, ‘parece que o mundo vai acabar’ e seu resultado final deixa nos torcedores ‘felicidade ou infelicidade que parecem definitivas’, mas depois de poucos dias ‘renovam suas paixões e obsessões’.
O ex-jogador do Real Madrid defendeu o sentido ‘artístico’ do futebol que historicamente está vinculado às classes populares com ‘o sentimento de beleza’ expressado por ‘artistas’ como Pelé, Di Stefano e Maradona.
O futebol faz parte de nossa identidade cultural e ‘ganhou o direito de estar aqui, em livros e universidades’, dentro de ‘uma sociedade mais aberta e um mercado mais amplo’ que fez com que os intelectuais ‘deixem de assustar-se com este esporte’.
Segundo Valdano, na atualidade, o futebol se ‘reconciliou com a palavra’ e é ‘a maior fonte de conversa do mundo’ e ‘um maravilhoso laboratório social’.
Valdano concluiu sua apresentação com um pedido expresso aos jogadores para que tomem cuidado com o que falam, já que as crianças ‘os admiram e os imitam’ e isso os obrigam a ter ‘uma consciência responsável’, pois qualquer frase ‘pode contribuir para que um relato seja emocionante ou vergonhoso’. EFE