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Drama e superação: a sina do ex-goleiro Roberto Rojas

Da farsa no Maracanã à batalha pela vida, chileno segue intransponível. E busca mais um recomeço, de fígado novo, pulmão incompleto - e coração aberto

Por Luiz Felipe Castro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 out 2016, 12h12 - Publicado em 4 out 2016, 11h09

Roberto Rojas Saavedra assistia a uma partida qualquer do Campeonato Francês quando soou a campainha de sua charmosa casa no bairro da Vila Nova Conceição, em São Paulo. Num primeiro momento, quem observa o simpático senhor de 59 anos e sotaque acentuado que abre o portão jamais poderia imaginar os seguidos dramas vividos por este chileno de Santiago que há décadas vive no Brasil. Os mais velhos devem se lembrar: Rojas foi um excepcional goleiro marcado por uma farsa histórica. Em 3 de setembro de 1989, ele cortou o próprio rosto com uma lâmina que escondia nas luvas e simulou ter sido atingido por um rojão, em partida decisiva contra o Brasil, no Maracanã, pelas eliminatórias da Copa de 1990. O Brasil vencia por 1 a 0 (gol de Careca) e o truque era uma tentativa desesperada para que o Brasil fosse punido. Descoberto, Rojas foi banido do futebol pela deplorável atitude. No entanto, o abrupto fim da carreira certamente não foi a maior dor vivida por “El Condor”, como é conhecido no Chile. Nos últimos sete anos, Rojas enfrentou uma espantosa sequência de problemas de saúde e dramas pessoais, incluindo um transplante de fígado, uma torção de pulmão jamais vista, a morte de familiares e uma tentativa de suicídio. O pior já passou. Aos poucos, o ex-jogador e treinador do São Paulo retoma a vida tranquila, longe de hospitais, sempre na companhia da mulher, Viviane Bruno.

A nova tormenta de Rojas começou em 2009, duas décadas depois daquele fim de tarde no Maracanã do qual pede para não comentar mais. O casal mal havia retornado de Recife, onde Rojas realizou seu último trabalho, como preparador de goleiros do Sport, quando um inchaço no pé se transformou em uma batalha pela vida. “Pulei de médico em médico até que um especialista me passou o diagnóstico: hepatite C”. Rojas, que passou a infância em Santiago visitando o hospital onde seus pais trabalhavam e sempre fugiu de consultas por julgar ter uma saúde inabalável, acredita ter contraído a doença infecciosa há cerca de 20 anos, durante uma cirurgia. “Na época eu não fazia nenhum exame. Já não era mais jogador e sempre me senti bem, nunca tive problemas”, diz, lamentando ter descoberto a doença em estágio avançado.

Durante toda a conversa no calmo e arborizado quintal de sua casa, Rojas não derrubou uma lágrima. E, entre uma brincadeira e outra, falou com naturalidade sobre as torturas vividas em salas de cirurgia. “No início, estava com apenas 55% do fígado funcionando. A doença foi se agravando, fui perdendo peso e líquido, e fiquei com uma barriga enorme, parecia uma grávida. Então me implantaram um chip pela virilha, que ia do fígado ao coração. Tenho uma camada de pele muito rígida, parece carne de porco, e os médicos demoraram oito horas para suturar minha musculatura.”

Rojas realizou a maior parte de seu tratamento no Hospital Albert Einstein, que mantém parceria com o governo por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). O inferno foi tão grande que Rojas perdeu a conta dos infortúnios. “Nessa época eu caí da escada, fraturei a costela, tive encefalopatia, emagreci mais de 20 quilos… Eles me tiravam três litros de líquido do pulmão, cinco litros da barriga, e assim foi por três ou quatro anos. Tive um derrame, me botaram naquela máquina para ressuscitar… Ainda perdi minha mãe e dois irmãos. Dá para imaginar?”, pergunta, ao lado da mulher, que o acompanhou em todas as visitas aos médicos.

Nessa época, íamos tantas vezes ao hospital que a diretoria me deu um crachá especial, para eu entrar sem ter de fazer identificação”, conta Viviane, publicitária e designer de interiores de sucesso, que abandonou a carreira para cuidar do marido. Não demorou para que os médicos concluíssem que a ascite (acúmulo de líquido no interior do abdome) de Rojas não respondia aos remédios e que apenas um transplante de fígado poderia salvá-lo. Um estudo realizado junto ao Ministério da Saúde acelerou o processo: ficou constatado que seu MELD (Modelo para Doença Hepática Terminal, na sigla em inglês), o índice usado para quantificar a urgência do transplante de fígado, era baixíssimo. Rojas entrou na fila do transplante atrás de mais de 2.000 pessoas e esperaria longos seis anos até a cirurgia. “Se não fosse esse estudo, eu não iria aguentar.” Antes, ainda enfrentaria uma inédita infelicidade.

Torção misteriosa

Roberto Rojas
Rojas retirou cerca de 1/3 do pulmão direito (Reprodução/Arquivo pessoal)

Era véspera de Natal de 2014. Mesmo bastante debilitado por uma das incontáveis infecções urinárias, Rojas foi liberado pelos médicos para deixar o hospital e curtir aquela noite em casa com a mulher. O dia seguinte ao agradável jantar registraria um evento jamais visto na medicina: às 6 horas da manhã de 25 de dezembro, Rojas teve uma dupla torção do lóbulo médio do pulmão direito.

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Acordei com uma dor insuportável no peito, pensei que era um infarto. Parecia que tinha um ferro perfurando meu peito.” O doutor Eduardo Werebe, chefe da equipe pulmonar do Albert Einstein, estava escalado naquele plantão de Natal e, mesmo com toda a sua experiência, se surpreendeu com o que viu.

“Uma torção de pulmão pode acontecer em casos de choques ou acidentes, mas eu fui  o primeiro no mundo a sofrer isso dormindo. Esse caso está sendo estudado fora do Brasil”, conta Rojas. O médico concluiu que seria necessário retirar uma parte do órgão. A lembrança do pós-operatório faz a voz de Rojas tremular pela primeira vez. “Eles me abriram do peito à coluna, tiraram o lóbulo médio do pulmão direito, que estava preto, podre, parecia petróleo. Quando acordei, achei que não aguentaria mais.”

O ex-goleiro, ídolo absoluto em seu país, ficou uma semana na UTI e dois meses internado. Permaneceu com uma bomba de morfina nas mãos e a apertava quando a dor se tornava insuportável. “Minha mulher até chamou meus filhos para me visitar, porque achávamos que seria o fim.”

Roberto Rojas

Eu nunca bebi, nunca fumei, nunca me droguei. E, aos 50 anos, quando pensei em ficar tranquilo, entrei nessa fase. É uma sensação que não desejo a ninguém. É uma gangorra, e a única coisa que fazia era conversar com Deus.”

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O dia em que desistiu

Durante sua carreira de goleiro, entre 1976 e 1989, Rojas aprendeu a conviver com as dores físicas e mentais. “Por ter sido atleta, tenho uma tolerância muito grande.” Mas o sofrimento virou tortura depois da cirurgia no pulmão e Rojas chegou a jogar a toalha. “Um dia desisti. Minha mulher estava comigo no quarto, como sempre. Os médicos chegaram de urgência, eu estava com tubo de oxigênio, catéter, um monte de fios e máquinas. Aí olhei para a Vivi – ela estava na porta. Não precisei fazer ou falar nada, nenhum gesto, eu não tinha condições. E ela me entendeu pelo olhar.

“Eu me entreguei. Quando fui arrancar os aparelhos presos ao meu corpo, o doutor me pegou na mão e disse que eu ia sair daquela… Ele estava tão sensível que percebeu na hora que eu ia fazer uma loucura. Foi a primeira vez que vi um médico chorar. Ele pediu para confiar nele”.

O médico, o cirurgião Luiz Gustavo Diaz, não se esqueceu daquela manhã. “Ele estava reclamando muito das dores. Então fui tomar medidas para aliviar essa sensação e nessa hora eu tive a leitura de que ele ia fazer alguma coisa. Quando senti que ele ia puxar a sonda eu disse ‘por favor, não faça isso’. Estou fazendo tudo para aliviar sua dor”, conta o médico, que mantém uma relação de amizade com o paciente famoso. “O Roberto é um cara muito disciplinado, o que pedimos ele cumpre à risca. Além de ser uma pessoa extremamente agradável”, conta o cirurgião, que também é goleiro nas horas vagas e diz pegar dicas com o chileno. 

Rojas disse que nunca mais pensou em acabar com a própria vida e conta que o episódio aumentou sua fé. “Passa um filme na cabeça, de como era saudável. Eu nunca bebi, nunca fumei, nunca me droguei. E, aos 50 anos, quando pensei em ficar tranquilo, entrei nessa fase. É uma sensação que não desejo a ninguém. É uma gangorra, e a única coisa que fazia era conversar com Deus.

O transplante, enfim

Roberto Rojas após cirurgia no fígado
Roberto Rojas após cirurgia no fígado (Reprodução/Arquivo pessoal)

A inesperada e devastadora cirurgia no pulmão, realizada em janeiro de 2015, adiou o transplante de fígado. Rojas teve de “ceder” alguns lugares na fila de órgãos, pois não teria condições de realizar duas operações tão invasivas em um curto período. Houve ainda tentativas frustradas, em que o fígado do doador não era compatível ao organismo de Rojas. O grande momento chegou em março do ano passado.

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“Finalmente consegui um fígado novo, de uma pessoa e uma família extremamente cheias de amor. Não fosse por eles, por Deus, minha família e os médicos, que também se tornaram parte da minha família, eu não estaria aqui.” Rojas diz que ainda não se sente pronto para conhecer os familiares de seu doador, mas pretende fazê-lo no futuro. E garante que a recuperação do transplante foi bem menos dolorosa e lhe proporcionou um renascimento.

Vida Nova

Rojas e a mulher, brasileira, hoje desfrutam de uma vida tranquila. O ex-jogador fez o tratamento de hepatite C por três meses e já se acostumou a tomar sete remédios por dia. Disse não sentir mais dores, mas ainda precisa retirar duas hérnias inguinais para se livrar de vez dos problemas. “Depois de tudo que ele passou, essa cirurgia de hérnia não vai fazer nem cócegas”, brinca o doutor Luiz Gustavo Diaz. Rojas pesava cerca de 80 quilos, caiu para 65 e hoje ultrapassou os 90. E sorri ao contar que já se permite alguns excessos, como doces e um churrasco de vez em quando. “Tenho cuidados com alimentação, não tomo refrigerante, evito sal. Hoje estou bem.”

Apesar de todos os traumas e baques que passou nas últimas três décadas , Rojas insiste em sorrir. Ele se diverte ao lembrar de uma expressão bem brasileira que o fez sentir renovado. “Minha grande alegria foi o dia em que o doutor Guilherme Eduardo Felga me falou a seguinte frase: ‘Desapega’. Não entendi direito, faz muito tempo que moro no Brasil, mas não sabia o que essa expressão significava. A Vivi me explicou que era para eu relaxar, voltar a andar com minhas próprias pernas, esquecer dos médicos. Hoje me sinto livre.

“El Condor” já faz caminhadas no Parque do Ibirapuera, a três quarteirões de sua casa, e mantém o hábito de ir a shoppings e exposições com a mulher, que voltou a trabalhar. Rojas, que foi treinador de goleiros (14 anos só com Rogério Ceni no São Paulo) sonha em fazer o mesmo. “Quero voltar em outra função, porque meu corpo não me permite mais estar todo dia num gramado. Eu me vejo no departamento amador ou como um olheiro de goleiros. Essas funções não são para qualquer um.”

Roberto Rojas
Rojas e a mulher Viviane: romance começou num supermercado e virou casamento em 2016 (Edson Lopes Jr./VEJA.com)

 Futebol

Rojas não gosta de recordar o banimento do futebol, mas jamais abandonou sua fixação pelo esporte. “Muito bom esse goleirinho do Tolouse”, comenta ao assistir um jogo da liga francesa. Rojas diz que vê de tudo na TV – acompanha a política brasileira –, mas sua paixão é a bola. Depois da aposentadoria forçada, foi convidado por Telê Santana para trabalhar como treinador de goleiros do São Paulo, na década de 90. Ele chegou a “quebrar um galho”, como ele mesmo define, como treinador da equipe, em 2003, e classificou o time para a Libertadores, o que não ocorria havia dez anos. Pegou gosto, mas a carreira de treinador não decolou – teve passagens curtas por Ituiutaba, Comercial de Ribeirão Preto e Guaraní, do Paraguai, até voltar a trabalhar com goleiros e adoecer.

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Rojas sorri ao relembrar histórias dos tempos de São Paulo, como no dia em que discutiu com Luis Fabiano e teve de expulsar o atacante do treino. “Ele me xingou e, minutos depois, já estava me pedindo desculpas. Gosto muito dele, é um louco do bem.” Rojas, porém, diz que fez poucas amizades no futebol,  “muitos bons companheiros, mas poucos amigos”.  “Dos colegas de futebol, os que me visitaram foram Muricy Ramalho, Milton Cruz, Zetti, Dario Pereyra; o então presidente do São Paulo Carlos Miguel Aidar mandou uma pessoa. O amigo não precisa estar o tempo todo contigo, pode ser aquele que faz uma ligação e pergunta como você está, isso basta.”

Roberto Rojas, Darío Pereyra e Zetti
Roberto Rojas com os amigos e ex-companheiros Darío Pereyra e Zetti, em seu aniversário de 59 anos (Reprodução/Arquivo pessoal)

O carinho – e a gratidão – pelo São Paulo seguem intactos. Rojas se diz torcedor do clube e ri ao lembrar de uma das piadas dos médicos. “No hospital tinha corintiano, palmeirense, santista. Para provocar, um médico brincava que me colocaria um fígado de corintiano. Eles até deixavam as minhas consultas para o fim, como última do dia, para conversar sobre futebol comigo”, relembra.

Rojas guarda em sua casa algumas relíquias dos tempos de atleta, como uma camisa do Colo Colo utilizada em 1987, e alguns troféus de premiações individuais. É a mulher Viviane quem os exibe com orgulho. Ele parece não dar tanta importância. “Perdi um monte de luvas, camisas, até uma medalha que ganhei da rainha da Inglaterra. A maioria das coisas está no Chile, como uma camisa que troquei com Maradona.”

Recentemente, Rojas retornou ao Morumbi após muitos anos, para acompanhar um de seus irmãos, que queria conhecer o estádio onde o ex-goleiro atuou entre 1987 e 1989. Disse que se incomodou com o sol e também com o terceiro uniforme, amarelo, utilizado pelo time. “Não tem nada a ver com o São Paulo e ainda é feio”. Por causa do calor, deixou o estádio com o segundo tempo em andamento, mas feliz por matar a saudade da antiga casa.

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Família

A sintonia entre Rojas e Viviane impressiona. A cada troca de olhares, fica clara a cumplicidade entre os dois. Rojas têm consciência da importância de Viviane  em sua recuperação. “Eu enxergava a dor da minha mulher, que teve de deixar seu trabalho e seus hábitos para cuidar de mim. Eu sentia esse peso mental, é terrível. Ela tinha de estar atenta a tudo, começou a pesquisar e virou quase uma especialista em medicina. A Vivi ficou o tempo todo comigo. Se não fosse por ela, não sei o que teria feito sozinho”.

A publicitária e designer parece ter absorvido do marido a capacidade de enxergar o lado positivo das coisas. Ela garante que os períodos no hospital uniram ainda mais o casal. “O Roberto tem um lado que quase ninguém conhece. Temos uma relação que poucas pessoas conseguem ter. Como passamos 24 horas juntos, sabemos tudo um do outro, e esse lado humano do Roberto, de ser solidário mesmo estando enfermo, é espetacular”.

Os dois estão juntos há sete anos – se conheceram no supermercado de um shopping, comprando chá -, mas só se casaram oficialmente em janeiro de 2016, em Santiago. Viviane, seis anos mais nova e que pouco se interessava por futebol, diz se impressionar com o carinho dedicado a Roberto a cada ida ao Chile. A festa de casamento  era um desejo antigo, mas só foi possível quando Roberto finalmente se sentiu saudável para trocar alianças pela segunda vez. Da primeira união,  nasceram seus dois filhos, o chileno Paulo César, 32 anos, e a brasileira Paz Belén, 27, que moram em São Paulo e trabalham na área da medicina. Rojas afirma que sua maior alegria é estar mais próximo da família – que cresceu recentemente, com o nascimento da segunda neta, Clara.

“Aprendi a valorizar mais os pequenos detalhes, onde está a essência. Tem gente que fica mais dura diante dos problemas. Fiquei mais sensível. A única coisa que pedia era para viver mais. Queria desfrutar mais dos meus netos, Enzo e Clara, da minha esposa, dos meus filhos.” Durante suas internações, Rojas perdeu dois irmãos e a mãe, aos 83 anos. “Desde criança, pedia que ela morresse dormindo, tranquila, e foi o que aconteceu”. Rojas não soube responder como  gostaria de morrer, mas disse que aprendeu a lidar com o tema com bom humor. “Mas não quero nem pensar, tenho muitos anos para viver.”

Roberto Rojas, 58, ex-goleiro da seleção do Chile e do São Paulo Futebol Clube e a esposa Viviane Bruno Rojas
Roberto Rojas, 59, e a esposa Viviane Bruno, 53 anos, na casa do casal, em São Paulo (Edson Lopes Jr./VEJA.com)

 

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