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Viih Tube e o gato: o cuspe que bateu no ventilador

Vídeo em que youtuber cospe na boca de um animal é das coisas mais grotescas que a internet já viu, mas as reações ao ato conseguem ser ainda piores

Por Maria Carolina Maia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 28 out 2016, 19h59 - Publicado em 28 out 2016, 19h53

Democracia, liberdade e saber são ideais positivos por vezes atribuídos à internet. Com razão. Ela pode ser um campo aberto para o debate e uma fonte infinita de informação e conhecimento, desde que acessada com o filtro adequado – uma boa curadoria que ajude a separar o fútil, e mesmo o falso, do que é realmente relevante. Esse trabalho de limpeza, porém, ganha contornos de utopia com atrocidades como a da youtuber de 16 anos que, em uma das cenas mais nojentas já postadas nas redes sociais, cuspiu na boca do próprio gato, que dormia, e disse que o estava “alimentando”. E a dos críticos que agora a perseguem, cuspindo de volta com igual – ou maior – ferocidade.

Desde a manhã desta quinta-feira, quando viralizou a sequência publicada pela sorocabana Viih Tube no Snapchat, a rede em que os vídeos permanecem no máximo 24 horas no ar, seu nome não sai do topo dos trending topics, a lista de assuntos mais discutidos do Twitter. A princípio, os comentários refletiam um choque geral. Palavras-chave como “maus tratos” e “crime”, além de uma suposta denúncia do Peta (People for the Ethical Treatment of Animals), desmentida ao site de VEJA pela sede americana da organização de proteção aos animais, circulavam ao lado de mensagens mais agressivas. Nesta sexta, porém, o “debate” destrambelhou.

Há, é claro, mensagens engraçadinhas e até inteligentes. Um meme que se multiplica coloca Vitória ao lado de Malala Yousafzai e Anne Frank, com a legenda irônica “Três adolescentes que, mesmo sofrendo os horrores da vida, se mantiveram de pé”. Mas, de modo geral, a artilharia é pesada. E não só pelo conteúdo, mas, principalmente, pelo volume e pela insistência – é um linchamento virtual. Basta dizer que as mensagens dirigidas nesta sexta à adolescente, ancoradas pela hashtag #ViihTubeVoltaProUtero, lideraram por todo o dia o ranking dos temas mais comentados da rede de microblogs.

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A violência é tamanha que levou Viih, na vã esperança de acalmar uma internet histérica, a vomitar dois textões em seu perfil no Instagram. Em um deles, a garota parece começar a entender como funciona o lado negro da web – que ela, aliás, já havia experimentado ao confundir Romero Brito com Picasso, na estampa de um caderno, em um vídeo feito há mais de dois anos e viralizado apenas em 2016. “Eu fiz uma brincadeira que eu sei que foi ridícula, mas não machuquei ele, NUNCA faria nada com essa intenção!”, garantiu em um dos textos a youtuber, ao falar do gato, que ela diz ter encontrado em Manaus e tomado para si para “ajudá-lo”. “Mas eu já aprendi que tudo o que eu faço na internet, se for algo bom, ninguém vai reparar, se for algo ruim, as pessoas te quebram…”

O caso se soma a outra controvérsia ocorrida nesta mesma semana: o da apresentadora de TV Raiza Costa, do Rainha da Cocada, programa de culinária da GNT. Ela publicou um texto em que defendia a existência de um restaurante vetado a crianças, para que casais namorassem em paz, e recebeu uma surra de críticas. A pancadaria, com palavrões e ofensas em formas diversas, levou Raiza a apagar o post que havia feito no Facebook. Em ambos os casos, ainda que a ação de uma seja de fato reprovável e a outra, só discutível, a reação das redes foi desproporcional. Viih Tube passou longe da, digamos, decência. Mas não foi a única. O cuspe, que a princípio partira apenas da youtuber, bateu no ventilador e respingou por toda a internet.

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