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‘Ronaldo Fraga deve pedir desculpas’, diz diretor de movimento negro

Frei David Santos, diretor executivo da Educafro, diz, no entanto, entender que intenção do estilista não foi de ofender, mas de homenagear. Entidade, que protestou na SPFW em 2011, não pensa em nova ida ao evento, mas quer visita de Fraga

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 20 mar 2013, 18h40

O penteado usado pelas modelos que desfilaram a coleção de Ronaldo Fraga na São Paulo Fashion Week, feito de palha de aço, não teve a intenção de ser preconceituoso, mas foi infeliz por usar um elemento racista. É esta a opinião de Frei David Santos, diretor executivo da Educafro (Educação e Cidadania de Afro-descendentes e Carentes), sobre o desconforto causado pelo desfile do estilista, que aconteceu na terça-feira e repercutiu mal nas redes sociais nesta quarta.

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“Para nós, esse estilista Ronaldo Fraga foi bem intencionado, mas mal assessorado. Os racistas vão no elemento comum, recurso muito usado por pessoas racistas, de comparar o cabelo de negro com a palha de aço. Esse recurso é delicado, pois todos os racistas o usam maldosamente. No contexto do desfile, deu para notar que ele não quis ofender, ele quis prestar uma homenagem, mas usou um elemento simbólico do mundo dos racistas para provocar a comunidade negra. Esperamos que ele reconheça o equívoco e peça desculpas, comparecendo em uma reunião da Educafro”, afirmou Frei David.

Em 2011, a entidade protestou em frente à Bienal, onde acontece a São Paulo Fashion Week, por cotas maiores de modelos negras nas passarelas. Segundo o diretor, na época a entidade abriu uma reclamação contra a SPFW no Ministério Público, obrigando a semana de moda a se comprometer a ter sempre pelo menos 10% de modelos negras nas passarelas. No entanto, ao fim do prazo, que era de dois anos, ele afirma que a SPFW parou de respeitar a porcentagem.

“Nos dois anos, ela colocou 12% de modelos homens e mulheres negros, mas no terceiro ano, quando acabou a vigência do termo que eles assinaram, caiu para menos de 2%”, afirma. “Eles desconhecem que organizam esse evento no Brasil, onde cerca de 52% da população é afrodescente. Eles insistem em colocar o negro apenas como carregador de peso, montador de palco, servidor de cafezinho.”

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Outro lado – Enquanto Frei David falava com o site de VEJA, Ronaldo Fraga e o maquiador e cabelereiro responsável pelo desfile do estilista na SPFW, Marcos Costa, foram ao Facebook justificar o penteado, que, segundo ele, quer fazer “uma crítica ao racismo e ao preconceito”. Leia abaixo os comunicados de Fraga e de Costa na íntegra.

“O meu desfile é uma crítica ao racismo e ao preconceito que respinga até os dias de hoje. Em nenhum momento falo em homenagem. Voltei para um tempo em que o futebol, o tema que escolhi para esta coleção, deixava de ser um esporte exclusivamente branco, de elite, para se ajoelhar diante da ginga, da dança que os negros emprestavam da capoeira pra driblar o time adversário. Tomei como objeto de pesquisa este esporte como formação de identidade, de costumes e da história brasileira. Procurei, como em outras coleções, fazer uma análise crítica e analítica sobre a influência e apropriação do futebol pelo brasileiro”, escreveu Fraga em comunicado divulgado por sua assessoria de imprensa no Facebook.

Já Costa escreve que: “Nunca foi minha intenção ou de Ronaldo Fraga ofender ou discriminar quem quer que seja. A ideia para o look do desfile era ressaltar a beleza de cabelos que podem ser moldados como esculturas, não importando o fato de serem crespos. Depois de testarmos alguns materiais, o Ronaldo Fraga sugeriu a palha de aço. Foi também uma forma de subverter um preconceito enraizado na cultura brasileira. Por que o negro tem de alisar seus fios? Eles são lindos!”

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