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Profusa em histórias, falta a ‘Insensato Coração’ o básico: um fio condutor

Norma, vivida por Glória Pires, é a única personagem que evolui ao longo da novela

Por Carol Carvalho
6 Maio 2011, 23h34

Quem assiste a Insensato Coração desde o início da novela, em janeiro deste ano, já perdeu a conta de quantos enredos paralelos cumpriram seu ciclo – nasceram, cresceram e morreram. Quem nunca viu o folhetim, então, é capaz de se sentir perdido ao tentar acompanhá-lo por dias seguidos. Não dá para saber qual é – e se há – o enredo principal. A aposta de Gilberto Braga e Ricardo Linhares numa estrutura narrativa desconexa, marcada por temas fortes e duros (saiba mais sobre a crise do realismo), tem rendido aos autores frutos para lá de amargos, como a audiência abaixo do padrão do horário nobre.

Acadêmicos, colegas de profissão dos autores, especialistas em TV e noveleiros de plantão são unânimes em criticar a produção. Um renomado dramaturgo, que pediu anonimato, chegou a chamar Insensato Coração de “colcha de retalhos”, pela falta de um fio condutor que amarre o telespectador à novela. “Falta uma linha central que o público possa acompanhar e com a qual se identificar. A novela é feita de várias histórias que surgem e se perdem”, afirmou.

O capítulo do último dia 4, por exemplo, foi centrado no personagem Horácio Cortez, o corrupto banqueiro interpretado por Herson Capri. Contente depois de abortar uma investigação da Polícia Federal por meio de suborno, ele se refestela numa coletiva de imprensa e no quarto com a namorada Natalie Lamour (Deborah Secco). No final do capítulo, recebe uma ligação do chantagista Henrique Taborda (Ricardo Pereira) e sobem os créditos. O par romântico Marina Drumond (Paola Oliveira) e Pedro Brandão (Eriberto Leão) quase não aparece. O vilão Léo, muito menos. Os irmãos Pedro e Léo, releituras de Esaú e Jacó, são personagens centrais da trama, mas por vezes não aparecem na novela que, em teoria, protagonizam.

É difícil de acreditar, mas, de acordo com os autores, a dinâmica é proposital. “Esta é uma característica de Insensato Coração. É uma história escrita com muitos acontecimentos e desdobramentos. O enredo imprime a velocidade”, dizem por e-mail Braga e Linhares.

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A saída de Norma (Glória Pires) da prisão promete uma reviravolta no curso da novela
A saída de Norma (Glória Pires) da prisão promete uma reviravolta no curso da novela (VEJA)

A esperança da virada – Nos últimos dias, Insensato Coração obteve índices melhores no Ibope, com 38 e até 39 pontos na Grande São Paulo. Os números, no entanto, não alteram o resultado geral da trama, até aqui um fiasco para os padrões globais do horário. A esperança é que a virada de Norma (Glória Pires), personagem que foi usada pelo vilão Léo, cumpriu pena por causa dele e agora quer se vingar, aqueça a trama. Se isso ocorrer, Norma será a exceção que confirma a regra, já que é a única personagem cuja evolução se pode acompanhar durante a novela. Diferentemente dos outros, ela não abortou relações e iniciou outras, nem paralelamente: Norma está desde o começo ligada a Léo.

“Os autores deveriam ter antecipado a saída de Norma da cadeia e o início da sua vingança”, diz Cintia Lopes, noveleira e co-autora do livro A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo. Cintia ainda dá uma dica preciosa a Gilberto Braga: ouça o colega Silvio de Abreu. Os dois têm o costume de se reunir em momentos de crise, em encontros sutilmente batizados de “ajuda teu irmão”. “Eles discutem rumos alternativos para a história ou soluções para um determinado personagem”, conta. Segundo Cintia, as reuniões costumam surtir efeito nas tramas que estão no ar. Braga e Abreu precisam muito conversar.

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