Em meio a brigas judiciais, nascidas do desentendimento entre o espólio de Renato Russo, comandado pelo filho dele, Giuliano Manfredini, e os músicos Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos, os integrantes remanescentes do Legião Urbana tentam celebrar os 30 anos do lançamento de seu primeiro disco. O álbum que leva o nome da banda, lançado em janeiro de 1985, é o tema da turnê iniciada em Santos, que passou pelo interior do estado e, na noite deste sábado, 7, chegou a São Paulo. A casa de shows Espaço das Américas borbulhava, do lado de dentro e fora, na ansiedade pelo reencontro.
Jovens, não nascidos quando Legião Urbana, o disco, saiu e impactou o rock nacional, amontoavam-se na grade que separava a pista comum da premium, esta mais próxima do palco no qual Dado e Marcelo receberam convidados para os vocais de Renato, morto em 1996.
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Louvável o esforço dos integrantes do grupo de Brasília em mostrar seu antigo letrista como insubstituível. Escalaram como vocalista principal o ator André Frateschi, alguém que já conhece o caminho das pedras para interpretar canções dos outros – vide seu projeto com covers de David Bowie. A presença dele, no palco, é comedida. Cede os microfones para Dado, Marcelo, e outros cantores chamados aos montes, de fã vencedor de concurso a Rodrigo Amarante, do Los Hermanos, em uma participação em Monte Castelo, Quase Sem Querer e Índios.
A celebração é, em tese, em homenagem às três décadas do primeiro álbum, executado do começo ao fim, da faixa Será até Por Enquanto, mas acaba por ser uma grande ode ao líder já morto da banda. Ele, por sua vez, tem seu primeiro trabalho como compositor esquadrinhado, seus pontos fortes e seu lado compositor mais pueril. Não é por acaso que o show engata, mesmo, quando banda e convidados iniciam a jornada por toda a discografia do Legião. Aí, sim, fãs e músicos no palco se encontram naquela sinergia perfeita. Um coral entoava, junto com a banda, os longos versos de Faroeste Caboclo, por exemplo. A celebração dos 30 anos é uma desculpa para algo maior. As letras de Renato soam tão atuais quanto nos anos 1980. Parece profético, até. Infelizmente, companheiros de banda e filho, rivais na justiça, levam mais a sério o verso “amar o próximo é tão demodé” do que aquele que diz “é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”.
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Renato dá sermão sobre ‘Pais e Filhos’
Durante o Programa Livre, apresentado por Serginho Grossman em 1994, a plateia pedia para Legião Urbana tocar Pais e Filhos, mas a banda não havia ensaiado para apresentá-la. Renato Russo cede ao público e, antes de cantá-la, ele explica a letra ao público. “Vocês sabem quer essa música é sobre suicídio, né? Porque todo mundo pede música da Legião e fica um ‘auê’. Essa música é muito, muito séria, tipo, me desgasta pra c****** quando a gente toca. E as pessoas não percebem”, falou o cantor.
(Da redação com Estadão Conteúdo)