Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Juliette Binoche encara a neve. E diferenças culturais

Atriz vive mulher em busca do marido em 'Nadie Quiere la Noche ', longa de Isabel Coixet que discute espírito aventureiro sob ponto de vista feminino

Por Mariane Morisawa, de Berlim
5 fev 2015, 19h06
Juliette Binoche em cena do filme ‘Nadie Quiere la Noche’
Juliette Binoche em cena do filme ‘Nadie Quiere la Noche’ (VEJA)

Não se pode acusar a diretora espanhola Isabel Coixet de falta de coragem. Ela enfrentou um mar de gelo e neve para rodar Nadie Quiere la Noche (Ninguém Quer a Noite, em tradução literal), que abriu nesta quinta-feira a 65ª Berlinale, o Festival de Cinema de Berlim. O filme disputa o Urso de Ouro.

O roteiro de Miguel Barros é inspirado na história real de Josephine Peary, uma mulher da alta sociedade americana que em 1908 vai atrás do marido, o explorador do Círculo Ártico Robert E. Peary, que desaparecu em sua busca desesperada pelo Polo Norte geográfico. Josephine, vivida pela superestrela francesa Juliette Binoche, chega ao Canadá perto demais do inverno, mas insiste em ir atrás do grande amor de sua vida.

Ela não abandona seus hábitos de mulher rica da cidade: passeia pelas paisagens nevadas em seus belos vestidos longos, faz um intricado penteado todos os dias, obriga os guias esquimós a carregar seus pratos de porcelana e talheres de prata. Nunca se dá por vencida quando mesmo homens experientes dizem que não há como continuar. Acaba numa cabana que foi a última parada de Robert, onde conhece uma Inuit chamada Allaka (Rinko Kikuchi). As duas parecem, em princípio, não ter nada em comum. Mas, aos poucos, em meio a vários conflitos de culturas e personalidades, acabam admitindo precisar uma da outra para enfrentar o longo e tenebroso inverno. De certa forma, são duas mulheres capazes, mas à mercê da vontade dos homens.

Leia também:

Festival de Berlim:

Brasil tem participação grande, mas fora de competição

Nadie Quiere la Noche é uma história de sobrevivência e amizade, mas também uma reflexão sobre o impulso masculino da exploração de novos territórios, muitas vezes apenas pela vontade de ser o primeiro e sem levar em conta a cultura e as necessidades de quem já habita a região. Há também uma discussão em torno das missões civilizatórias – Josephine e, certamente, Robert, veem-se como superiores apenas por usarem roupas da moda. Com a ajuda de duas boas atrizes, a diretora Isabel Coixet consegue construir bem a relação delicada e complicada entre as duas mulheres que tinham tudo para se odiar, mas lhe falta aquele algo mais que faria de uma boa história um excelente filme.

Continua após a publicidade

Na coletiva de imprensa pela manhã, o cineasta sul-coreano Bong Joon-ho, um dos jurados do festival, cometeu uma gafe ao fazer comentários, mais com gestos do que com palavras, sobre Nadie Quiere la Noche, que o júri já tinha assistido. Deu a entender que achou mais ou menos. Mas se tocou a tempo de se prolongar no assunto: “Ah, não posso ficar falando essas coisas, né? Me desculpem”. O júri é proibido de tecer considerações sobre os longas-metragens em competição. De certa forma, ele confirmou a brincadeira do presidente do júri Darren Aronofsky, que chamou Bong de “levemente maluco”.

Aronofsky garantiu que não sabe nem que filmes estão em competição. “Todo dia é Natal aqui”, brincou. Em outro momento, respondendo a uma questão, disse que foi influenciado por vários vencedores em Berlim, inclusive Terrence Malick – que está concorrendo ao Urso de Ouro novamente, por Knight of Cups. Um pouco mais adiante, pareceu se contradizer. “Vamos ser abertos e honestos com cada filme, tanto quanto possível. Mas nem li as sinopses. Só sei que tem um longa da Guatemala e que é a primeira vez que o país participa.” Mas ele não revelou como obteve essa informação.

https://www.youtube.com/embed/IlCcQlCm0is
‘Nadie Quiere La Noche’

Nascida em Barcelona, Isabel Coixet vai à Groenlândia para contar a história de Josephine (Juliette Binoche), mulher de um explorador do Ártico que parte para as terras geladas e acaba descobrindo afinidades com Allaka (Rinko Kikuchi), uma mulher inuit. O longa, que está em competição, abre o 65º Festival de Berlim.

Continua após a publicidade

Jafar Panahi conduz pessoas pelas ruas de Teerã em seu novo filme, 'Táxi'
Jafar Panahi conduz pessoas pelas ruas de Teerã em seu novo filme, ‘Táxi’ (VEJA)

https://www.youtube.com/embed/wb3oUM4TQp4
‘Life’

O holandês Anton Corbijn fotografou alguns dos maiores nomes da música, como David Bowie, Bob Dylan, Bruce Springsteen e Miles Davis e teve uma longa colaboração com o U2. Seu filme de estreia, Control, falava sobre o líder do Joy Division, Ian Curtis. Seu quarto longa, Life, mostra a relação entre o fotógrafo Dennis Stock e James Dean.

https://www.youtube.com/embed/SI2j1FHCjtM
‘Knight of Cups’

Em 41 anos, Terrence Malick lançou apenas sete longas-metragens. Mas ele deu uma acelerada nos últimos tempos, estreando A Árvore da Vida em 2011, Amor Pleno em 2012 e agora Knight of Cups, sobre um ator de Hollywood (Christian Bale) à procura de significado na vida. Natalie Portman e Cate Blanchett também estão no elenco. 

Continua após a publicidade

https://www.youtube.com/embed/fXEYqXE4_sg
‘Que Horas Ela Volta?’

Diretora de Durval Discos (2002), É Proibido Fumar (2009) e Chamada a Cobrar (2012), a paulistana Anna Muylaert foca seu novo filme em Val (Regina Casé), empregada faz anos de uma mesma família. Sua filha Jéssica (Camila Márdila), com quem não se encontra há uma década, aparece de repente, alterando o delicado equilíbrio da casa.

https://www.youtube.com/embed/g9LnLOR3_ks
‘Everything Will Be Fine’

Numa noite de inverno, Tomas (James Franco) não consegue frear seu carro a tempo e acaba pegando Christopher e seu irmão, filhos de Kate (Charlotte Gainsbourg). Anos mais tarde, Christopher (Robert Naylor) resolve procurar o homem que transformou sua vida para sempre. O alemão Wim Wenders filmou essa história de culpa e perdão em 3D.

Continua após a publicidade

https://www.youtube.com/embed/DEwIt4amgq4
‘Cinquenta Tons de Cinza’

A adaptação do best-seller de E. L. James finalmente chega aos cinemas depois de alguns percalços, como a troca do ator principal. Dakota Johnson é Anastasia Steele, a estudante ingênua que cai nas garras do milionário Christian Grey (Jamie Dornan), chegado em umas práticas sadomasoquistas. O filme é dirigido por Sam Taylor-Johnson, de O Garoto de Liverpool.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.