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Iwan Rheon, o homem mais odiado da televisão

Esfolamento, estupro, parricídio, sequestro, tortura e castração são algumas das maldades executadas por Ramsay Bolton

Por Rafael Aloi
Atualizado em 20 jun 2017, 11h59 - Publicado em 19 jun 2016, 10h06

Esfolamento, estupro, parricídio, sequestro, tortura e castração são algumas das maldades executadas por Ramsay Bolton, personagem do britânico Iwan Rheon na série Game of Thrones, que também entregou o corpo da namorada aos cães e fez com que eles devorassem vivos sua madrasta e seu meio irmão. Surgido na terceira temporada, o personagem ganha destaque crescente na fase atual da série inspirada nos livros de George R. R. Martin. Só nos quatro primeiros episódios deste ano, Ramsay já despachou três almas para o além, mas sumiu nos quatro episódios seguintes, para retornar no próximo domingo para enfrentar Jon Snow (Kit Harington) na maior batalha já vista na série.

Com seu extenso currículo de vilanias, ele acabou se tornando um dos personagens mais odiados da televisão. Não é exagero. Uma enquete organizada pela revista Atlantic em dezembro passado mostrou que Ramsay Bolton já supera, no imaginário popular, nomes como os de Hannibal Lecter (Mads Mikkelsen), de Hannibal, Jim Moriarty (Andrew Scott), de Sherlock, Walter White (Bryan Cranston), de Breaking Bad, e até Joffrey Baratheon (Jack Gleeson), o rei tirano de Game of Thrones – morto na quarta temporada. Não é para menos. O jovem psicopata sente prazer nas maldades que realiza, como quando estuprou a mulher logo após o casamento e obrigou o amigo de infância dela a assistir, e não mede esforços para conseguir poder, como se viu no episódio em que matou o próprio pai ao descobrir que ele teria um novo herdeiro.

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Iwan Rheon admite que as maldades do próprio personagem também o perturbam – o ator não conseguiu dormir após gravar a cena de estupro na quinta temporada -, e que não gosta que sua mãe o veja em cena. “Eu não acho que ela deveria. Não importa qual papel seja, ela sempre verá seu filhinho. E se eu sou um cretino que se diverte castrando alguém, isso só iria aborrecê-la. Na época em que fazia a série Misfits, ela ficava chateada com todos que eram maus com o meu personagem. Ela definitivamente não pode ver Game of Thrones“, disse ele em uma entrevista ao jornal britânico The Independent.

O desempenho de Rheon é tão convincente – e assustador – que o ator vem sendo escalado para outros papéis maléficos. Ele será, por exemplo, Adolf Hitler em Adolf the Artist, produção da BBC que já começou a ser gravada, e na qual contracenará com Rupert Grint, o Rony de Harry Potter. Em uma entrevista para o New York Times, lhe perguntaram por que ele havia se encaixado tão bem no personagem. “Eu estive tentando descobrir o que é, mas é difícil definir como sou escalado para viver essas pessoas estranhas. Os olhos grandes, talvez. Mas eu não estou reclamando”, respondeu.

O olhar sarcástico e o sorriso sinistro que o ator de 31 anos usa para construir o vilão é baseado – segundo ele próprio – no Coringa interpretado por Heath Ledger em Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008), combinado com Dennis, o Pimentinha, e também o cantor Liam Gallagher, da banda Oasis. Essa mistura pouco óbvia de influências do cinema, da televisão e da música, também serve para representar a jornada do britânico, que em 14 anos de carreira possui experiência no teatro londrino, em outras séries populares no país e é músico – com um álbum já lançado.

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Iwan nasceu na pequena cidade de Carmarthen, e aos cinco anos de idade se mudou com a família para Cardiff, capital do País de Gales. A pronúncia certa do seu nome em galês – idioma no qual é fluente – é “Ewan Rion”. Na verdade ele queria ser músico, e passou a adolescência tocando em bandas de punk rock, sonhando em um dia se tornar um astro no palco.

Uma participação no maior festival de arte do País de Gales lhe garantiu, aos 17 anos, um papel na principal novela local, Pobol Y Cwm. A telenovela é produzida pela BBC desde 1974 e continua no ar até hoje. Depois desse primeiro contato com a atuação em frente às câmeras, o jovem decidiu se mudar para Londres, onde foi estudar na London Academy of Music and Dramatic Art (LAMDA), a escola de atores mais antiga do Reino Unido, onde também estudaram Donald Sutherland, Benedict Cumberbatch, Tony Goldwyn, Sam Claflin ou Chiwetel Ejiofor.

O sucesso no teatro – Na época, o jovem britânico ainda seguia o seu sonho de se tornar um astro do rock, como vocalista da banda Convictions. Mas em 2008 precisou abandonar o grupo, pois foi escalado para o elenco do musical Spring Awakening. Por cinco meses, de janeiro a maio de 2009, Iwan interpretou o suicida Moritz Stiefel, papel pelo qual ganhou o troféu de melhor ator coadjuvante em um musical na edição de 2010 do Olivier Awards, o principal prêmio de teatro londrino.

Apesar das críticas positivas, Spring Awakening não durou muito tempo em Londres. Mas a rotina de apresentações constantes – uma média de oito por semana – foi a melhor vitrine que o ator podia encontrar para o seu talento. Assim Iwan saiu do West End – a Brodway britânica – direto para os estúdios do canal E4, onde estrelou a série Misfits.

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Em seu retorno à televisão, o galês interpretou – de 2009 a 2011 – o personagem Simon na série que contava a história de pessoas normais que adquiriam superpoderes após uma estranha tempestade elétrica. A produção britânica começou a ser exibida em 2009, quando outro programa com super-heróis, Heroes, estava alcançando o seu fim nos Estados Unidos, o que gerou comparações entre as duas séries.

Depois de viver um suicida no teatro, Iwan não encontrou um personagem tão mais leve. Simon era um garoto tímido, que sofria bullying, passou um bom tempo internado em uma instituição psicológica e tinha uma tendência à piromania. Entre seus super poderes estavam a invisibilidade, imunidade incomum e capacidade de viajar no tempo. O papel rendeu ao ator algum prestígio, já que ele conseguiu uma indicação na categoria de melhor ator no Festival de Televisão de Monte-Carlo, em 2011.

Game of Thrones Na mesma época, Iwan Rheon tentou a sorte ao fazer uma audição para uma produção da HBO que parecia bem promissora, Game of Thrones. O ator inicialmente fez testes para o papel de Jon Snow, e a disputa final ficou entre ele e Kit Harington, mas o galês acabou perdendo nessa. Felizmente, os produtores do programa não deixaram o jovem sair do seu radar e quando surgiu a oportunidade o convidaram a interpretar Ramsay Bolton, um personagem com bem menos cara de bobo e bem menos bonzinho que o – até o momento – mocinho da trama.

Iwan até que gostou da escalação para o novo personagem, que, como o livro já apresentava, entraria na história para promover muitas maldades e causar desespero e raiva nos fãs da série e principalmente nos da família Stark. O vilão foi um desafio para o ator que antes interpretava personagens mais contidos. “Ele é um personagem muito divertido de interpretar, porque se diverte com tudo, tudo é um jogo para ele. Um monte de personagens que eu interpretei eram introvertidos, e isso é cansativo. Viver alguém como Ramsay, que extravasa tudo e não dá a mínima é mais fácil, de certa forma”, comentou em uma entrevista ao The Independent.

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O personagem é com certeza o mais sombrio de Game of Thrones. Mesmo no momento em que Ramsay perde a mulher de quem ele realmente gostava, e os telespectadores acham que vão conseguir ver um pouco de humanidade por trás do personagem, ele continua sendo o psicopata de sempre, ao jogar o corpo da amada para os cães comerem. O ator muitas vezes precisa se preparar psicologicamente para gravar. “Eu me preocupo muito com a preparação, você está estudando em casa e percebe ‘Oh Deus, isso é horrível’. Quando chego no set, no meu trailer, naquele dia, eu realmente não quero fazer as cenas. Então preciso me dar uns tapas e dizer ‘vamos lá, não é real, não é real, apenas faça'”, afirmou em uma entrevista ao TheTelegraph. E os fãs podem ficar sossegados, porque o ator também é do time que espera que Ramsay tenha uma morte terrível na série, em retribuição por tudo que já fez.

Fora das gravações, Iwan se tornou amigão do ator Alfie Allen, que vive na série Theon Greyjoy, aquele que mais sofreu nas mãos de Ramsey. Os dois saem bastante juntos após as gravações, e, dias antes da estreia da sexta temporada, participaram de uma entrevista com Jimmy Kimmel, na qual se beijaram ao vivo para mostrar que não há ressentimentos na vida real. “Ele é realmente um cara legal. Eu não consigo dizer porque ele faz um bom psicopata”, disse Allen em entrevista ao The New York Times.

Música, o sonho que virou realidade – Apesar da atribulada carreira de ator, Iwan Rheon nunca abandonou seu sonho de adolescente de virar um astro do rock. Em 2008, ele precisou abandonar a banda Convictions, mas seguiu a produzir suas próprias músicas de maneira independente. No mesmo ano em que conseguiu sua consagração no teatro londrino, em 2010, o galês gravou seu primeiro trabalho solo, o EP Tongue Tied, que consistia em quatro músicas em que cantava e tocava violão.

Seu caminho musical não parou por aí. Em 2011 chegou o segundo EP, Changing Times, seguido pelo terceiro, Bang!Bang!, em 2013. Com a atenção que recebeu após a série da HBO, Iwan conseguiu o apoio necessário para enfim gravar o seu primeiro álbum de estúdio. Assim, em 20 de abril de 2015, ele divulgava Dinard, um disco contendo 11 faixas próprias, algumas presentes nos EPs prévios e outras inéditas. Todo o trabalho musical de Iwan está disponível em serviços de streaming, como o Spotify.

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Dinard foi escrito e produzido por Iwan enquanto ele gravava a quarta e quinta temporadas de Game of Thrones. Sempre que tinha um tempo livre, o ator pegava o seu vilão e ensaiava algumas melodias no seu quarto de hotel. O som atual de Iwan é bem diferente do punk rock que ele tocava na adolescência. Pode ser classificado como um indie folk acústico, um ritmo bem lento, em que sua voz se sobressai. Apesar do álbum ter sido batizado com o nome da cidade onde ele conheceu sua namorada, a atriz Zoë Grisedale, ele não gosta de escrever canções de amor.

Na verdade, o disco possui um tom melancólico, com um estilo muito similar ao de outros jovens cantores britânicos mais consolidados na cena musical, como Jake Bugg ou James Bay. Isto torna um desafio maior para Iwan encontrar seu lugar ao sol na música, enquanto na televisão ele já segue uma trilha de sucesso. O jovem está ciente que é difícil conciliar as duas carreiras, mas também sabe exatamente o que busca com cada uma delas. Atuar é sua profissão, enquanto cantar é sua paixão, o seu sonho de criança. “Eu amo atuar, é um trabalho fantástico. Consigo fazer muitas coisas interessantes e ir a lugares encantadores, mas é um trabalho que eu faço por dinheiro. Ir para um estúdio gravar é onde me divirto. Realmente adoro isso. Tudo está sob meu controle, enquanto atuar é muitas vezes fora do meu controle, há um script, há um diretor, você grava, e em seguida eles editam e eles podem mudar a história na sala de edição. Você não pode fazer isso com uma canção acústica”, disse o ator em uma entrevista ao The Independent.

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