Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

História do ‘Não’ para Pinochet, de Pablo Larrain, emociona público em Cannes

Por Por Julio Olaciregui
18 Maio 2012, 13h29

O filme do chileno Pablo Larrain, “Não”, que conta a história do plebiscito que em 1988 pôs fim a ditadura de 15 anos de Augusto Pinochet, arrancou aplausos emocionados da plateia do Festival de Cannes, onde fez sua estreia mundial nesta sexta-feira.

Nesta ficção, baseada numa peça teatral do escritor chileno Antonio Skármeta, chamada “O plebiscito”, o ator Gael Garcia Bernal interpreta um exilado que retorna ao Chile e coloca o seu talento a serviço de uma agência de publicidade que faz campanha para o “Não”.

Pinochet, como é explicado no filme, foi forçado, por causa da pressão internacional, a convocar um referendo nacional, que aconteceu em 5 de outubro de 1988, para decidir se ele permaneceria no poder até 1997. O resultado foi de 44,01% para o “Sim” e 55,99% para o “Não”.

Garcia Bernal é o publicitário René Saavedra, que, após vencer a relutância de seus colegas, coloca um toque de humor juvenil e festivo na campanha publicitária de 15 minutos, que durante um mês, antes da votação, foi transmitida na televisão chilena.

“Gael estava em mente desde o começo, desde que estávamos desenvolvendo o script. Tivemos que ensinar algumas coisas sobre o Chile, mas ele trouxe imediatamente o equilíbrio e a ambiguidade que eram necessários para o seu papel, o de um chileno exilado no México que retorna”, declarou Pablo Larrain, conhecido por seus filmes “Tony Manero” e “Post Mortem”.

Continua após a publicidade

Garcia Bernal, que em nenhum momento do filme tenta imitar o sotaque chileno, explicou que para interpretar Saavedra precisou de uma preparação intensiva, já que não tinha muito tempo.

“Eu obtive um monte de informações sobre a época. Tive, é claro, que entrar no ritmo chileno e trabalhar minha atuação, ajustando-me ao jogo e às travessuras da equipe”, afirmou o ator.

“Gostei do fato de meu papel ser o de um exilado no México que regressa, isso fez com que tudo fluísse de maneira mais expansiva, aproveitando as contradições geradas”, acrescentou.

Larrain explicou que o filme foi rodado em suporte de vídeo “U-matic 3/4”, usado no final dos anos 1980, o que fez com que a textura e cores dos documentos exibidos na época pela televisão chilena se confundissem com as cenas de ficção.

Continua após a publicidade

“Eu cresci na década de 1980, durante a ditadura. O que víamos na televisão, estas imagens de baixa resolução, era um imaginário sujo que não poderia ser gravado de maneira pura. A memória coletiva esta cheia de memórias obscuras, de impureza”, disse.

“Filmar em película ou com câmeras digitais de alta definição atuais poderia gerar uma distância com o imaginário da época. Era importante esta fusão e agora, ao ver o resultado, não tenho certeza qual material é nosso e qual é da televisão”, acrescentou o diretor.

O roteirista de “Não”, Pedro Peirano, explicou como trabalhou em “O plebiscito”, a obra de Skarmeta, autor renomado e ex-embaixador chileno na Alemanha durante o governo de Ricardo Lagos, entre 2000 e 2003.

“Esta obra, que não é conhecida porque nunca foi lançada, foi o ponto de partida. Havia um personagem único. O que eu fiz foi desenvolver a obra, conversar com as pessoas que fizeram a campanha. Foi um processo muito interessante. As pessoas que estavam a favor do “não” falavam com facilidade e aqueles que votaram no “Sim” sentiam vergonha”, contou.

Continua após a publicidade

“Além disso, o motor para a adaptação foi a minha própria curiosidade, saber como tinha sido feita a campanha. No filme, cada personagem realmente representa um grupo inteiro de pessoas da realidade. São como arquétipos”, acrescentou.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.