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‘Há legitimidade no amor virtual’, diz apresentador do ‘Catfish’

Reality chega ao Brasil desvendando oito casos de intrincados romances da internet

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 31 ago 2016, 20h33 - Publicado em 31 ago 2016, 20h33

Lais é apaixonada por Arthur, com quem namora há quase dois anos. Existem alguns “poréns” nesse romance. O principal é que o casal nunca se viu pessoalmente — apesar de ambos viverem na mesma cidade, Brasília. O relacionamento, que nasceu no Facebook, se mantém por ali e outras redes de comunicação — alguns eventuais presentes físicos são entregues na casa da moça. Todas as vezes que Lais tenta se encontrar com o namorado, ele lança mão de uma desculpa de última hora.

O caso foi o primeiro eleito pelo Catfish Brasil, reality baseado na versão americana de mesmo nome, já em sua quinta temporada, que se propõe a desvendar perfis suspeitos na internet envolvidos em relacionamentos amorosos.

Apresentado por Ciro Sales e Ricardo Gadelha, o programa nacional estreia sua primeira fase, composta por oito episódios, nesta quarta-feira, às 22h, na MTV. No total, mais de 1.300 casos foram inscritos no site da emissora durante o processo de procura de personagens.

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Em conversa com o site de VEJA, Ciro e Ricardo falam sobre os dramas e felicidades das relações virtuais e garantem que muito preconceito caiu após as gravações do programa: “O amor é surpreendente. Em todas as plataformas ele pode seguir caminhos saudáveis ou não. O mesmo acontece no online. Quando assistimos ao programa, podemos pensar: ‘Nossa, por que tal pessoa se submeteu a isso? A esse tipo de relacionamento?’. Porém, relações opressoras ou destrutivas não são um privilégio do amor online”.

 

No primeiro episódio, o rapaz do perfil falso participa do final do programa. Como se dá esse processo de convencer quem está mentindo a assumir a identidade e mostrar o rosto na TV?

Ricardo – O objetivo da pessoa selecionada pelo programa é ir de encontro com quem tem evitado mostrar a cara. Por isso é imprescindível que o dono do perfil falso seja visto. Nosso argumento para convencer o fake é o empenho da pessoa com quem ele tem conversado. O cara tem duas saídas. Se encontrar e correr o risco de ser aceito e perdoado ou meter os pés pelas mãos. Muitos começaram com esses perfis muito jovens, com 13, 14 anos. Agora eles têm 20 e não sabem o que fazer, como contar a verdade.

Ciro – Esse caso especificamente foi particular, pois esse menino tem um problema com a verdade. Quando foi desvendado, ele preferiu sustentar ainda mais a mentira. Mas ele ficou inseguro, afinal nossa abordagem foi uma tocaia. Conseguimos convencê-lo com esse argumento: essa pessoa é importante pra você? Essa é sua chance.

Qual história mais chocou vocês, no programa nacional e também no internacional?

Ricardo – O que eu mais fiquei tocado, sem focar em nenhuma história, foi perceber que existe legitimidade no amor virtual. Ver a força que as relações online exercem sobre as pessoas. Costumamos pairar em uma superficialidade, em um olhar estigmatizado com essas histórias. Esses aplicativos que surgiram nos últimos anos popularizaram um vínculo online que é mais efêmero, superficial. Você sai uma vez, sem compromisso, e pronto. Então foi muito tocante ver que os dramas que a gente gravou eram histórias de amor. De pessoas que passaram por crises pessoais e que foi esse relacionamento que segurou a onda num caso de depressão, por exemplo.

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Ciro – Um episódio gringo que me tocou foi um que a garota está se relacionando com um rapaz, e ambos usavam perfis falsos. Ela pede para que os perfis reais sejam revelados. A garota mostra sua foto, com receios, porque era gordinha. E o rapaz mostra uma foto de um cara normal. Mas depois descobre-se que ele era, na verdade, uma menina que está passando por um processo de mudança de gênero. E ele queria virar um rapaz antes de se apresentar para a namorada virtual. Mas o amor delas é real. Então acho que esse programa tem uma função para além do entretenimento. São processos de aceitação. Histórias reais que poderiam ser parte da nossa família.

Acham que o amor virtual é saudável, então?

Ricardo – O amor é surpreendente. Em todas as plataformas ele pode seguir caminhos saudáveis ou não. O mesmo acontece no online. Quando assistimos ao programa, podemos pensar: “Nossa, por que tal pessoa se submeteu a isso? A esse tipo de relacionamento?”. Porém, relações opressoras ou destrutivas não são um privilégio do amor online.

Ciro – Pelo contrário, vimos muitos relacionamentos extremamente saudáveis que começaram na internet. Pessoas que passaram por processos de aceitação com esse relacionamento. Em vez de pensar “nossa como essa pessoa é boba de cair nesse papinho”, o legal é analisar o que essa pessoa fez que foi forte o suficiente para se conectar a outra apesar da distância física.

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