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‘Grace: a Princesa de Mônaco’ é um desastre quase completo

Filme de abertura do Festival de Cannes, estrelado por Nicole Kidman, provoca risos involuntários na plateia

Por Mariane Morisawa, de Cannes
14 Maio 2014, 11h05

A interferência pesada de um produtor num filme não costuma dar muito certo. Mas é possível que o todo-poderoso Harvey Weinstein, que andou brigando com o diretor Olivier Dahan sobre a versão final Grace: a Princesa de Mônaco, tenha razão. O filme de abertura do 67º Festival de Cannes, exibido fora de competição em sessão de imprensa na manhã desta quarta-feira, é um desastre quase completo.

Aplausos e vaias não costumam significar muito nas exibições para jornalistas em festivais de cinema, mas risos fora de hora, sim. E houve algumas ocasiões em que isso aconteceu de forma estrondosa, por exemplo, quando Grace Kelly (Nicole Kidman) propõe ao Príncipe Rainier (Tim Roth) que eles deixem Mônaco para trás e comprem uma casa não em Londres nem em Zurique, mas em Montpellier.

Grace: a Princesa de Mônaco começa quando Grace Kelly (1929-1982), estrela de longas como Ladrão de Casaca e Janela Indiscreta, termina de rodar sua última cena no set de filmagens de Alta Sociedade. Depois disso, ela se tornaria a Sua Alteza Serena. Como a Maria Antonieta do filme de Sofia Coppola (que coincidentemente é membro do júri da competição neste ano), ela também sofre no início de sua vida na realeza. Seis anos depois do casamento, já mãe de Caroline e Albert, atual príncipe de Mônaco, está afastada do marido e sentindo-se menosprezada quando Alfred Hitchcock bate à porta do palácio (algo que nunca aconteceu de verdade, ele apenas telefonou) oferecendo-lhe o papel de uma ladra em Marnie. A princesa aceita, bem quando o principado sofre ameaças de todo o tipo do presidente da França, Charles De Gaulle e ela teria que amadurecer e assumir (ou abandonar) de vez as responsabilidades de sua nova posição. Dahan tenta fazer um paralelo entre a vida em Hollywood e a vida em Mônaco – ser princesa, o filme martela, é o maior papel de Grace Kelly. Mas não funciona.

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O diretor não tem o mesmo talento de Sofia Coppola para juntar os dramas da protagonista, as intrigas palacianas e o cenário político conturbado. Ele inunda tudo de música o tempo inteiro, numa aparente tentativa de emular as obras de Alfred Hitchcock. Mas, claro, o mestre do suspense sabia usar a música a seu favor. Também optou, em parceria com o diretor de fotografia Eric Gautier (Na Estrada), por uma câmera na mão bastante instável, que passeia pelo rosto em close (às vezes, só pelos olhos), de Nicole Kidman.

Por fim, o elenco também é um problema. Dá para entender que Nicole Kidman, a loira gelada dos tempos de hoje, interprete a loira gelada dos anos 1950. Mas, sem querer cair em preconceitos, é exigir demais do público que acredite nos dilemas da protagonista, que originalmente tinha 32 anos na época dos eventos do filme (26 ao largar a carreira para virar realeza), quando ela é interpretada por uma mulher de 46, por mais que Kidman não aparente sua idade. A atriz disse que estudou muito os trabalhos de Grace Kelly. “Tive uns cinco meses para me preparar, então pude incorporá-la aos poucos. Era importante não tentar imitá-la, mas sim captar sua essência.” Nicole Kidman afirmou que acredita que Grace Kelly abandonou o cinema em nome do amor – e que faria o mesmo. “Deixaria tudo sem pensar duas vezes. Quando ganhei o Oscar, fui para casa e não tinha amor na minha vida. Foi um dos períodos mais solitários.”

https://youtube.com/watch?v=lTC__OqneXQ

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A família real de Mônaco divulgou um comunicado oficial chamando Grace de Mônaco de “farsa”. “Obviamente fico triste com a reação, porque acho que o filme não tem malícia em relação a família e a Grace e a Rainier”, disse a atriz na coletiva. “Claro que é uma ficção, mas também entendo a família, porque se trata do pai e da mãe deles, entendo que queiram proteger sua privacidade. Só posso dizer que a performance foi feita com amor.” Em vez de ficarem preocupados com as intenções, os Grimaldi deveriam reclamar mesmo é da qualidade do filme.

Em tempo: o diretor Olivier Dahan afirmou que haverá apenas uma versão do filme – Harvey Weinstein queria outra para lançar no mercado americano. “Se mudanças forem feitas, vamos trabalhar juntos. Tudo foi resolvido. Estou feliz com nosso arranjo atual.”

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