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Apresentador de The Grand Tour fala a VEJA sobre novo programa

Richard Hammond, um dos três âncoras da nova série sobre carros da Amazon, revela detalhes de sua vida após pós-Top Gear, grande sucesso da BBC

Por Alexandre Salvador Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 dez 2018, 09h30 - Publicado em 1 jan 2017, 15h17

O inglês Richard Hammond, de 47 anos, tornou-se internacionalmente famoso em 2004, quando recebeu o convite para se juntar a trupe de apresentadores do programa Top Gear, da rede BBC. Ao lado dos também britânicos Jeremy Clarkson e James May, Hammond elevou a tradicional série sobre carros da emissora inglesa ao patamar de sucesso global, com mais de 350 milhões de espectadores em todo planeta (Top Gear chegou a ser legendado em oito línguas diferentes – até em Farsi, idioma falado no Irã). Com a fama, também vieram críticas. Muitas delas, justificadas.

O estilo, digamos, ogro das piadas ditas no ar não raramente esbarravam no politicamente incorreto. Os âncoras do Top Gear já foram acusados de preconceito pelo povo tailandês e mexicano. Na Argentina, o trio e equipe tiveram que abandonar as gravações às pressas depois de um trocadilho sobre a Guerra das Malvinas grafado na placa de um dos automóveis. A gota d’água, porém, teve mais a ver com o estilo nada polido de Clarkson, o líder da trupe. Em março de 2015, ele foi acusado de agredir um produtor com um soco após uma discussão sobre o jantar do apresentador. Após uma longa investigação sobre seu comportamento, Clarkson não teve seu contrato renovado com a emissora, o que incitou a ira dos fãs mais ferrenhos de Top Gear. Mesmo após uma petição assinada por mais de 1 milhão de pessoas, a BBC não voltou atrás.

Sem seu “ogro-mor”, o programa não teve a mesma graça. A crise de Top Gear foi agravada pela saída simultânea de May e Hammond, que decidiram se juntar a Clarkson numa nova empreitada: The Grand Tour,  atração que emula a estética e quadros de sucesso do programa da BBC. Disponível para os assinantes do Amazon Prime Video, serviço de streaming de vídeos concorrente da Netflix, o GT foi agraciado com um contrato de três temporadas e 36 episódios ao custo de 250 milhões de dólares ao site americano. A química entre os três apresentadores parece rejuvenescida pelo novo ambiente de trabalho (e, claro, pelo gordo orçamento à disposição). Sobre esta nova fase da carreira, Richard Hammond, o mais jovem dos âncoras de The Grand Tour, falou com exclusividade a VEJA por telefone, de seu escritório em Londres.

Qual foi o ponto de partida desta nova série? Foi um longo processo de reinvenção, após 15 anos fazendo as mesmas coisas. Precisamos pensar em novos quadros, criamos a ideia de viajar com o estúdio ao redor do globo. Sim, existem novidades. Nós três (os apresentadores) tivemos sorte. São poucos aqueles que conseguem uma chance dessas em um estágio tão avançado na carreira, de poder começar de novo. Gostaria de dizer que isso nos rejuvenesceu.

Seu programa pode ser visto como um retrato exuberante da crise da meia-idade? Não sei por que as pessoas falam desse comportamento num tom pejorativo, como se fosse algo desprezível, principalmente no caso dos homens. Nós não criticamos adolescentes por serem o que são. Mas, quando se é velho, ninguém hesita em apontar o dedo. Então, deixem que os homens aproveitem sua mal dita crise de meia-idade.

https://www.youtube.com/watch?v=bk26u_OGHak

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A BBC (seu antigo empregador) é uma empresa pública, financiada pelo contribuinte inglês. Agora o seu chefe é um barão da internet americano. Qual a diferença? Honestamente, não vejo tantas assim. A Amazon não interfere no nosso programa editorialmente. Eles nos deixam em paz aqui no nosso quartel-general ou quando estamos na estrada. E esse também era o caso com a BBC. Lá nós fazíamos de tudo. A diferença agora é que somos donos da empresa que produz o show. A Amazon apenas nos contrata.

Então não existem cláusulas especiais impostas por Jeff Bezos (dono da Amazon), incluídas como forma de proteção? Não, porque eles sabiam o que estavam comprando. Nós, às vezes, cruzamos a linha do aceitável. Mas não o fazemos de forma deliberada ou cínica. É algo que simplesmente acontece. Eles sabem que isso pode ocorrer vez ou outra, mas não existem restrições. Só nos pediram para fazer o melhor programa que pudéssemos e é exatamente o que estamos fazendo.

Em um dos episódios de The Grand Tour vocês apresentaram o dado de que o número de novas carteiras de motorista emitidas na Inglaterra está diminuindo. Como apresentador de um programa de carros, essa é uma estatística que incomoda? Os meios de comunicação estão mudando. Agora tudo é sob demanda, existem novas preocupações. ‘Existem recursos suficientes?’, ou ‘Dá pra ver a imagem em diferentes telas?’. São essas as perguntas agora. Nosso objeto de trabalho, o automóvel, também está sofrendo mudanças similares. Existem essas novas tecnologias, motores elétrico, movidos à hidrogênio ou por célula de combustível. Ou seja, o assunto está na cabeça das pessoas, talvez mais do que em tempos passados.

Mesmo assim, vocês não perderam a chance de tirar um barato da cara dos ambientalistas… Só um pouco… Fazer graça e provocar é um jeito de fazer alguém prestar atenção em um determinado assunto. Estamos apenas o abordando de um jeito que ninguém havia feito antes. Faz parte do processo.

É possível vislumbrar um mundo em que o carro seja um mero serviço, e não mais uma posse? Isso poderá acontecer até certo ponto, se encararmos uma viagem de carro como a simples operação de um meio de transporte que leva você de uma cidade a outra. Mas ainda haverá a necessidade, o anseio de andar rápido. A vontade de se mover em alta velocidade é elementar para nós, humanos.

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Num cenário apocalíptico, os carros podem acabar confinados às pistas de corrida, como os cavalos? Tome-se como exemplo o sexo: pode acabar em complicações e dificuldades. Mas o sexo ainda está aí, certo? Ele ainda acontece porque é algo que gostamos de fazer. Não se trata apenas de ser veloz em um autódromo. Dirigir é uma forma de exercitar nossas vaidades mostrando virilidade, poder, riqueza ou até preocupação com o meio ambiente. As pessoas projetam tudo isso num automóvel. Ninguém escolhe uma Ferrari pela conveniência. É uma forma de revelar algo sobre si próprio.

Quantos carros você já bateu em toda sua vida? Muitos, facilmente na casa da centena. Pelo menos um em cada pista que eu já dirigi.

Você sofreu um grave acidente em 2006. O que mudou depois disso no seu estilo de direção? Diria que nada que não mudaria com o tempo. Tenho 46 anos agora e duas filhas para criar. Não quero, deliberadamente, dar adeus a elas por bater num muro ou por cair em uma ribanceira. Não é uma aversão ao risco, mas sim saber que ele está ali e considera-lo. Isso aconteceu pelo fato de ter uma esposa e filhos, e não por uma batida.

Qual a viagem de carro dos sonhos? Bem, ela começaria pelo Salar de Makgadikgadi, no sul da África, e poderia incluir um pouco da Riviera Francesa. Também não dá para esquecer de trechos da estrada Transfagarasan, na Romênia, nem do distrito de Leigh, no Reino Unido.

Em qual carro deveríamos percorrê-la? Diria que num Porsche 918. É simplesmente fenomenal.

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Há chance de gravar algum episódio futuro de The Grand Tour no Brasil? Me disseram que o asfalto das cidades brasileiras não é lá essas coisas. Então talvez seja hora de ir ao país para reclamar disso.

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