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Em SP, Coldplay faz show com muitas cores e pouca graça

Banda britânica abusou dos efeitos visuais para impressionar público, mas apresentou repertório fraco

Por Henrique Castro Barbosa
8 abr 2016, 08h28

É inquestionável que na música a imagem também é importante. Diversos movimentos musicais e bandas se fortaleceram no meio não apenas apoiados no som que produziam como também no visual impactante de seus shows. Chris Martin parece ter isso bem claro, afinal, o Coldplay apresentou nesta quinta-feira, em São Paulo, uma variada gama de efeitos visuais: com direito a pulseiras que piscavam sendo distribuídas para o público, lasers, cores para todos os gostos, papel picado e vídeos elaborados e divertidos no telão. O problema é que toda a produção veio acompanhada, na maioria das vezes, de um pop murcho e de qualidade duvidosa. No final, o espetáculo fascina os olhos, mas esquece de agradar aquilo que deveria ser a prioridade de um grupo musical: os ouvidos.

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A banda subiu ao palco do estádio do Palmeiras, o Allianz Parque, cerca de meia hora depois do horário marcado. O grupo abriu com A Head Full Of Dreams, que dá nome ao fraco último lançamento dos britânicos. A canção, já logo de cara, mostrou o que o público deveria esperar do show: uma variedade imensa de artimanhas para impressionar a plateia, como as bombas de papel picado que coloriam todo o estádio durante as faixas, tentando salvar um repertório majoritariamente fraco. Os britânicos continuaram com Yellow, mostrando outra característica recorrente: eles não se arriscam. O quarteto tocou as músicas sem sair da zona de conforto. Não houve grandes inovações, dando a sensação de que o público está ouvindo os CDs sendo reproduzidos nas caixas de som. Após a canção, Martin se dirigiu à plateia, que segurava balões amarelos: “Boa noite, paulistas”.

O show continuou na mesma pegada, com efeitos impressionantes e um ritmo alucinante. Eles emendaram Every Teardrop Is a Waterfall, The Scientist, Birds e Paradise, que ganhou um final esdrúxulo com cara de remix. Após a sequência, o quarteto seguiu para um palco secundário, localizado no meio da pista premium. Lá, a banda teve um momento mais intimista com os fãs ao chegar mais perto da legião de admiradores que lotaram o estádio. Everglow, com Martin ao piano, Ink e Magic foram as responsáveis por protagonizarem um raro momento sem grandes emoções e efeitos impactantes, mas que evidenciou o carisma dos integrantes com o fiel público. Na volta ao palco principal a potente iluminação volta a roubar a cena e deixar o cenário todo vermelho para um dos mais antigos e conhecidos hits do grupo: Clocks, que foi seguido por um trecho de Midnight.

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A grande estrela da noite, inegavelmente, foi a xyloband – ou a pulseira que pisca. O acessório, distribuído nas entradas do estádio, fez com que os fãs fossem parte integrante do show, afinal o apetrecho constantemente se iluminava, piscava ao ritmo das canções e coloria o mar de gente que via o concerto. Em Charlie Brown e Hymn for the Weekend – um dueto virtual com Beyoncé -, as xylobands mudaram de cor incessantemente, criando um efeito impressionante e fazendo do estádio um espetáculo à parte. Após a explosão de luzes das duas músicas a banda diminuiu o ritmo com a balada Fix You, um dos acertos da discografia do grupo.

Em janeiro, o guitarrista Jonny Buckland e o baterista Will Champion, em entrevista ao site da revista britânica NME, contaram que David Bowie havia recusado uma parceria com a banda por não considerar a música oferecida boa. O problema é que O Coldplay parece não ter entendido o recado de que o músico não era simpatizante do trabalho do quarteto e decidiu fazer uma homenagem póstuma ao britânico. A escolhida foi a clássica Heroes, que ganhou uma versão sem sal.

Após a desastrosa homenagem, a banda tocou a faixa que dá nome ao seu álbum de 2008, Viva La Vida, e o primeiro single do último disco, Adventures of a Lifetime, que contou com enormes balões coloridos sendo soltos em cima do público – que prestou mais atenção ao que acontecia no estádio como um todo do que no palco em si. Depois disso, os músicos se retiraram de cena por alguns minutos.

Os britânicos voltaram para o bis em um terceiro palco, montado no meio da pista comum – e bem longe do principal. Coincidentemente ou não, o momento, que contou com menos efeitos especiais, foi o melhor do show. A banda tocou duas boas músicas antigas, de uma época na qual o Coldplay gravava canções mais introvertidas – bem diferente da nova fase cheia de cores e ritmos alegres. A primeira foi Trouble, de Parachutes, primeiro disco da banda, lançado em 2000, e a segunda foi Speed of Sound, pedida por um fã em uma promoção que o grupo realizou no Instagram. Uma pena que, logo na volta ao palco principal, a qualidade das músicas voltou a cair, com Amazing Day.

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Se preparando para o final do show, o Coldplay começou a canção A Sky Full of Stars, que pouco depois foi interrompida pelo vocalista. “Parem de tocar”, pediu, antes de chamar à passarela dois casais que tinham cartazes que diziam que eles gostariam de realizar pedidos de casamento no palco. Desejo atendido: ambos subiram, trocaram juras de amor e as namoradas receberam os pedidos – aos quais aceitaram prontamente – antes do quarteto voltar a tocar a faixa de Ghost Stories, álbum de 2014. Para encerrar a apresentação, a escolhida foi Up&Up, responsável por finalizar um espetáculo visual de uma banda que, apesar de fazer um pop simples, consegue seu principal objetivo: agradar seus apaixonados fãs.

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